54. Tarde a Três

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[Antes mesmo de começar o capítulo, quero pedir imensas desculpas pela demora prolongada. A falta de tempo tem prevalecido, mas vou tentar mudar isso. Espero que gostem deste capítulo!]

11 de janeiro de 2022

Raquel

Depois de irmos buscar o Santiago à escola, nós lanchamos todos juntos antes de irmos deixar os meus pais ao aeroporto. As despedidas nunca são agradáveis e o Santiago fica especialmente abalado ao despedir-se dos avós, depois de terem passado as últimas semanas juntos, mas fica logo mais animado quando o relembro que vamos ter com o André e que vamos jantar os três.

Para não termos de fazer todo o percurso, novamente, de transportes públicos neste que é um dia chuvoso e frio, muito típico em Inglaterra, eu chamo um Uber para nos levar a casa do André. Ao entrar no veículo, envio mensagem ao moreno anunciando-lhe que estamos caminho e perguntando se ele precisa que pare num supermercado perto de casa dele para levar algo, ao que ele nega prontamente.

Ontem, antes de me ir embora, o André entregou-me a chave suplente do seu apartamento, para que ele não tenha de se levantar do sofá para vir abrir a porta, visto que é fundamental permanecer em repouso e continua com bastantes dores. A lesão é muito recente e ele continua com o pé bastante inchado e negro.

- Chegámos! – aviso, assim que abro a porta.

O Santiago pousa a mochila no chão e corre até à sala para cumprimentar o André. Os dois trocam um abraço e fazem o seu cumprimento secreto estranho, entrando logo numa das suas conversas. Apesar de não mo ter dito diretamente, eu sei que o Santiago estava preocupado com o André, porque a primeira coisa que me perguntou ontem de manhã quando acordou foi como estava o André. Estes dois gostam mesmo muito um do outro e a ligação que têm é deveras especial.

Após uns segundos a observar o cenário, aproximo-me e deixo o beijo no topo da cabeça do André, contornando de seguida o sofá para me sentar ao lado do meu filho.

- Menino Santiago, só para relembrar que ainda tens os trabalhos de casa para fazer antes de te pores a jogar playstation com o André. – declaro e vejo o Santiago a suspirar, obrigando-me a reprimir uma gargalhada – Quanto mais rápido fizeres, mais rápido podes ir jogar.

- Está bem. – ele responde, obviamente contrariado.

- Traz as tuas coisas aqui para o sofá, que nós ajudamos-te, campeão. – diz-lhe o André, ao que o meu filho assente, levantando-se para ir buscar a sua mochila – E tu dá-me um beijo em condições. – ele pede, puxando-me para si para o poder beijar – Estás bem?

- Sim e tu? Como te sentes hoje? – pergunto.

- Um pouco melhor, já tenho menos dores. – o André confessa – O meu fisioterapeuta veio cá hoje e disse que talvez amanhã ou depois já me consiga fazer algo, porque quanto mais cedo começar a movimentar o pé, melhor.

- Tu vais ficar bom, não vais? – o Santiago pergunta, intervindo na conversa, fazendo-nos perceber que já está de regresso à sala.

- Claro que sim, puto. – o André sorri, mexendo nos caracóis do Santiago como tantas vezes faz – E, quando estiver bom, vou levar-te a assistir a um treino e a conhecer o estádio, como prometido, okay? – o meu filho assente – Mostra-me lá o que tens para fazer.

Eu não evito sorrir, mais uma vez, perante o cenário lindo que tenho perante mim. A facilidade com que estes dois se entendem, com que se relacionam, como se toda a vida tivessem sido companheiros. Adoro a sensibilidade do André para lidar com o Santiago e adoro que eles gostem verdadeiramente um do outro, como se fossem família. Tenho imenso orgulho em ver que os dois homens da minha vida se dão tão bem.

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