Capítulo 2

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Deku's pov:

A calçada cinza era a única visão que eu tinha conforme esperava Bakugou no nosso lugar de sempre. O silêncio pairava, com os pequenos pingos de cor escorrendo das cerejeiras.

- Deku! – o grito de meu namorado foi ouvido por mim.

Me virei para ver Kacchan correndo animado, os cabelos loiros balançando no vento e os olhos vermelhos brilhando por me ver. Sorri para ele.

- Oi. – eu disse. - Vamos?

Ele assentiu e pegou minha mão. Olhei para nossos dedos entrelaçados e senti minhas preocupações sumirem. Seu cheiro era fogo e explosões, do mais doce caramelo, tão semelhante ao próprio poder, mas eu amava enterrar o rosto em seu pescoço e inspirar e inspirar, até não sentir mais nada.

- Quer comer alguma coisa? – perguntei vendo um carrinho de cachorro quente.

- Quero comer muitas coisas. – Bakugou sorria perverso e corei com a insinuação, mas apenas acelerei o passo, arrastando o garoto comigo.

- Eiii! Vai devegar nerd!

- Desculpa, desculpa. - eu disse entre risos, sabia que ele não estava realmente bravo.

Senti ele acariciar minha mão com o polegar e deitei levemente minha cabeça em seu ombro enquanto andávamos. Apesar de seu jeito agressivo de sempre, Kacchan pode ser bem carinhoso quando quer. Era uma parte dele a qual sabia esconder muito bem e eu era uma das poucas pessoas (e possivelmente a única) a conhecer esse seu lado afetivo.
Andamos em silêncio até a porta da minha casa. Kacchan ainda segurava minha mão.

- Chegamos. - ele disse prestes a se despedir, mas eu o interrompi quando lembrei de algo:

- Ah! Kacchan, minha mãe teve que viajar a trabalho, então ela não está em casa... se você quiser pode entrar e... ficar um pouco comigo.... - minha voz foi abaixando conforme falava e eu sabia que meu rosto devia estar parecendo um tomate agora!

Eu realmente estava pedindo para Bakugou entrar na minha casa sendo que ficaria apenas nós dois?! Não sabia de onde tirara tanta coragem!

- Claro! - ele me surpreendeu com a resposta, não achei que fosse aceitar...

Ao entrarmos, fechei a porta atrás de nós e tirei o sapato, vendo que Kacchan já havia feito isso. Inspirei e expirei calmamente, tentando acalmar o surto que gritava no meu sangue. Ambos estávamos muito envergonhados, sem saber o que fazer ou dizer. Claro que ele já tinha vindo aqui antes, mas como meu namorado (secreto), era a primeira vez.

Acabei me lembrando da cena que vi na escola, quando Kacchan me chamou de lixo perto dos amigos, eu sei que era só atuação e que ele não sente isso de verdade... sente?

- Ei, o que aconteceu? – ele chamou, me tirando de meus pensamentos.

- Como assim? - perguntei fingindo que nada havia acontecido, não queria fazê-lo se sentir culpado.

- Você parece triste, aconteceu alguma coisa? Eu... peguei pesado demais com você na aula hoje? - seu rosto mostrava preocupação e isso cortava meu coração.

- Não Kacchan, é só que... todo esse negócio de esconder que estamos juntos cansa às vezes, eu não gosto de fingir que te odeio, mas entendo que provavelmente seríamos muito atacados por isso, os outros não iam lidar bem com a notícia de um casal gay na escola.

Ele chegou mais perto e segurou meu rosto entre as mãos, beijou minha testa delicadamente e me olhou fundo nos olhos.

- Eu sei que é complicado amor, eu também não gosto de te tratar daquele jeito, prometo que vou compensar-lhe. - ele disse com um sorriso reconfortante.

Corei, o que exatamente ele queria dizer com "compensar"?

- E que tal – continuou dando a volta em mim e me abraçando por trás - assistirmos a um filme?

Assim podemos aproveitar um tempo juntos, só nós dois.
Meu rosto se ilumonou:

- Amei a ideia! Vou pegar algo para comermos e você pode escolher o filme. - disse me livrando de seu abraço e correndo para a cozinha.

°•~•°

Cheguei na sala com pipoca e refri. Ao sentar no sofá, vi que Kacchan tinha escolhido um filme de terror, eu geralmente tenho medo desses filmes, mas com meu namorado alí me sentia seguro.

Sentei ao seu lado e começamos a assistir, não passou muito tempo eu já estava encolhido agarrado ao Kacchan, tentando me esconder dos fantasmas na tela.
Ouvi ele soltando uma leve risada da minha situação, mas passou o braço em volta de mim me abraçando apertado, como que para me proteger.

E assim ficamos praticamente o filme todo: eu tremendo de medo no meio da tarde, abraçado ao meu namorado que tentava de todas as formas prestar atenção no filme ao invés de rir dos meus sustos, e falhava miseravelmente nessa missão.

Quando acabamos o filme, eu nem percebi o quão próximos estávamos agora, me afastei subitamente meio envergonhado pelo estado em que eu fiquei:

- D..Desculpa e...eu...

Kacchan me interrompeu selando nossos lábios.

- Não tem que se desculpar por ter ficado com medo do filme, foi muito fofo na verdade. - disse quando separou nossos rostos.
Como esse homem pode ser tão perfeito meu Deus? Pensei.

Senti meu corpo amolecer e as bochechas corarem bastante, um sorriso besta estava estampado na minha cara... quando foi que me apaixonei tanto por ele?

Apenas afundei meu rosto na curvatura de seu pescoço e fechei os olhos abraçando-o, poderia ficar assim para sempre, só sentindo o cheiro de caramelo e seus braços fortes me envolvendo.
Senti ele dar vários beijos no meu pescoço, droga! Ele sabia que era meu ponto fraco e agora que íamos ficar ali para sempre mesmo, me recuso a sair desse abraço.

Era tão raro ver Kacchan calmo dessa forma, geralmente está gritando ou extremamente irritado, mesmo quando estamos a sós, este é um dos raros momentos em que ele não parece um pinscher raivoso prestes a matar alguém. E eu, sinceramente, gosto muito dessa parte dele, em que age de forma tão afetiva, em que ele é meu Kacchan, apenas meu namorado, e é como se o resto do mundo não importasse mais.

- Vamos pro quarto? – ele pergunto baixinho no meu ouvido.

Arrepiei todo, mas paralisei ao mesmo tempo. Eu sabia muito bem o que ele estava me pedindo e admito que fiquei com medo.

Diante de minha hesitação, ele segurou meu rosto e disse:

- Desculpe, se não quiser não precisamos fazer nada.

- Não. – interrompi. – Eu quero.

No momento em que senti que ele não me forçaria a nada, aceitei. Kacchan era a pessoa certa e ele me trataria bem, disso eu tinha certeza.

Assenti e subi em seu colo. Kacchan sorriu e apenas nos carregou até o quarto.

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