Seis

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Acordei no meio da noite com várias batidas em minha porta. A princípio fiquei desorientada e pouco lenta para reagir a realidade com o sono e a pessoa que estava do outro lado da porta que insistia nas batidas. Quem poderia ser àquela hora? Karin? Será que havia acontecido alguma coisa com a Sarada?

Com esses pensamentos duvidosos foi o que impulsionou para despertar-me e me por de pé, apressando os passos e abrindo a porta de uma vez, ignorando umas três ou quatro batidas descompassadas em meu peito. Mas para a minha total surpresa não era Karin e sim a pequena Sarada, ali de pé, me fitando com seus olhos aflitos, pouco descabelada, a camisola branca de algodão batia em seus tornozelos e estava descalça. Franzi o cenho e me agachei automaticamente para que ficasse a sua altura.

- Sarada? O que faz aqui? Aconteceu algo?

Ela se jogou em meus braços, abraçando-me pelo pescoço e murmurou com o rosto afundado em meu ombro:

- Eu tive um pesadelo e não consigo dormir.

Soltei um suspiro aliviado por ter pensado o pior e a apertei mais contra mim.

- Então irei com você até seu quarto e ficarei lá até você dormir.

Ela balançou a cabeça para os lados e afastou seu rosto para trás para poder me ver.

- Eu não quero ficar sozinha.

- Mas eu vou estar lá com você.

Ela negou novamente com a cabeça.

- Eu posso ficar aqui?

Meus olhos abriram mais, surpresos por seu pedido.

- Aqui?

Ela assentiu positivamente como se aquele pedido fosse a coisa mais normal, deixando de lado a nossa posição de; a filha do patrão e a empregada. Acho que a Karin morria se soubesse disso, pois sua obsessão por controle ético era claro quando ela havia me contratado, e eu estava a um passo de quebrar uma das regras daquela casa.

- Ah, Sarada – a fitei, e seu rosto aflito havia tocado o meu coração de manteiga, e sabia que não conseguiria deixá-la sozinha. Aquela menina havia ficado sozinha tempo de mais, e quer saber, que se dane as regras de Karin. Era eu que estava cuidado daquela criança. E como a própria Karin disse; Sarada era a minha responsabilidade. – Tudo bem, com a condição de que amanhã bem cedo você vai para o seu quarto. A Karin não pode nem sonhar que você está dormindo no quarto dos empregados.

- Tá – e soltou um pequeno sorriso.

Fiquei de pé e dei passagem para ela.

- Entra.

Ela nem hesitou de adentrar correndo pelo quarto e de se jogar na minha cama, engatilhando pelo colchão e se deitar do lado direito do travesseiro e puxar o cobertor até o pescoço. Reprimi uma pequena risada pela cena, balançando a cabeça para os lados enquanto fechava a porta do quarto e me aproximava da cama. Me deitei ao seu lado, ajeitando meu corpo naquela cama de solteiro, puxando o cobertor para me cobrir e cobrindo as partes que havia descoberto em Sarada. A pentelha se aconchegou para mais perto de mim, passando o braço pela minha cintura e aconchegando o rosto em meu peito.

Era impossível conter o pequeno sorriso no canto de minha boca enquanto a aninhava para que ficasse aconchegante para nós duas. Minha mão afagava seus cabelos lisos e sedosos e ouvia ela inspirar para logo sua voz soar baixinha:

- Eu gosto do seu cheiro – e inspirou mais outra vez, seu nariz tocando a blusa do meu pijama.

- Também gosto do seu, você cheira morango com creme. – Ela se aconchegou mais em mim. – Você quer me contar o que você sonhou?

The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora