Bem-vinda.

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E de repente, vejo-me assim.

Nervosa, suando frio, contrações... Um, dois, três e respira fundo...

O meu amado Tony estava alvoroçado que só com nosso primeiro bebê, segurando minha mão direita, mas se arrependendo disso logo após cada contração que vinha. Respiração acelerada, mais uma contração...

Um, dois, três e respira fundo...

E eu que me preocupava com o cabelo bem arrumado, unhas impecáveis, maquiagem bem feita não sabia o que era isso no momento. Brincos, pulseiras, anéis... Nada.

Sentia as gotículas de suor trilharem o caminho da minha testa para o meu pescoço e eu já não sabia mais para onde olhar, então fechei os olhos.

A médica gritava "Força!" como se eu que eu já não estivesse fazendo isso. Olha, eu estou estressada!

De cinco em cinco minutos uma contração chegava juntamente com meus gritos e a força que eu fazia só aumentava cada vez mais. "Força, Giovana. Força!". Todos naquela sala só sabiam dizer isso.

Ah, lá vem outra contração... Um, dois, três e respira fundo...

Não sabia quem estava mais agoniado, se era eu ou Tony que não parava quieto. "Vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem!" ele vinha dizendo isso desde o momento que percebeu quando a bolsa havia estourado até aqui.

Tony... Esse se encontrava aflito, sorrindo bobamente. Olhei-o, mas logo elevei minha cabeça para trás dando o melhor de mim, empurrando o quanto podia, e quando dei um grito mais alto que os anteriores, ouço uma vozinha se fazer presente, tomando espaço, como se quisesse dizer: "Eu estou aqui!".

Não pude deixar de sorrir, então, de emoção, permiti que as lágrimas rolassem ladeira abaixo, lavando minha alma.

É como se a dor não existisse, é como se todo ou qualquer mal que pudesse acontecer não existisse, é como se toda ou qualquer consequência, talvez até mesmo grave, não pudesse existir. Não conseguia ver quase nada, meus olhos estavam embaçados de tantas lágrimas que caiam. Lágrimas de alegria. A única coisa que ouvi além do chorinho foi um "é uma menina!" vindo do Tony que a segurava sorridente nos braços.

Queríamos fazer surpresa, então pedimos para o médico não revelar o sexo do bebê, pois sendo de menino ou menina, receberia o mesmo amor de ambos os pais que agora babavam pela pequena garotinha de pequenos tufos castanhos na cabecinha frágil... castanhos? Opa, iguais aos do pai, para a felicidade dele.

Tony a trouxe pra mim. Não quero nunca mais tirá-la daqui. Meu bebê continuava a chorar, isso me deixava inquieta. Quando beijei a pequena mãozinha percebi seu choro cessar aos poucos.

Passei os dedos no rostinho miúdo dela que parecia sorrir com o gesto singelo. Seus bracinhos balançavam incansavelmente, mas logo se aquietou quando a ajeitei melhor no meu colo.

Tão miúda, tão frágil, dava até medo de fazer algum movimento brusco com ela no colo e a mesma desmanchar-se a qualquer momento. Tão branquinha, parecia um floquinho de açúcar.

Nesse momento ela virou-se para mim e seus olhinhos miúdos se cruzaram com os meus, eles eram de um azul tão intenso e brilhante quanto o azul de um céu ensolarado, cheio de vida.

Olhei para Tony, que me deu um beijo e outro no rosto dela que se encontrava encolhida no meu colo.

- Bem-vinda, minha pequena!

Bem-vinda, pequena!Onde histórias criam vida. Descubra agora