ℂ𝕒𝕡í𝕥𝕦𝕝𝕠 𝕍

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(1054 palavras)

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HAVIA SE passado uma semana, Isabela procurava emprego como nunca. O senhor Valentim ligou chamando-a para que fosse receber o seu ordenado.

Quando Isabela entrou em casa naquele dia, Valdete já sabendo que ela havia ido receber dinheiro, logo se aproximou queixando-se que os armários estavam vazios e que ela estava sem nenhum trocado.

Isabela ignorou tudo o que a tia lhe disse.


No dia seguinte, Isabela foi ao supermercado, fez uma grande compra e levou consigo a conta de água da casa, pagando a mesma. Pagou sua conta de celular e fez algumas impressões de currículos para levar consigo nas entrevistas. Porém nenhuma estava dando certo, sempre havia uma desculpa. A última foi uma senhora que precisava de cuidados, mas sua filha exigia que a futura funcionária tivesse ao menos o curso completo de enfermagem ou técnico em enfermagem. Isabela não tinha, pois teve que trancar o curso na faculdade quando o Adalberto necessitou de mais atenção. O sonho dela era ser médica, mas não estudou nas melhores escolas, não teve dinheiro para comprar livros ou ter computador em casa para poder se informar melhor... então, passar por mérito seria difícil e pagar mais difícil ainda.

Ao sair dessa entrevista frustrada, Isabela começou a orar e pedir paciência, não só para ela, como para sua tia, pois já sabia que chegando em casa sem novamente estar empregada, sua tia não deixaria barato e falaria as barbaridades de sempre.

Ela estava desanimando, quando por iluminação divina, resolveu fazer uma tentativa de colocar currículos no comércio. E assim, foi chamada para uma entrevista no dia seguinte.


— Você tem namorado senhorita...?

— Isabela. Não, eu não tenho namorado.

— Isso é bom, não que você não deva namorar, mas espero que não ocorra o mesmo que aconteceu com a última vendedora. O namorado veio aqui com ciúmes e fez um escândalo. Posso acreditar então que não terá nada parecido com você?

— Não, senhor. Não terá ninguém fazendo escândalo aqui.

— Olha... podemos fazer uma experiência. Se você se sair bem, o emprego é seu. Nada de atrasos, nada de desculpas esfarrapadas, nada de namorados aqui. O salário não é muito, mas para começar, acho que está bom.

— Obrigada, senhor! Eu vou dar o meu máximo.

— Ótimo! Passe nesse endereço, leve os seus documentos e eles te darão um uniforme.

Isabela ficou de pé e apertou a mão do seu novo patrão. Quando já estava do lado de fora e caminhando feliz para pegar um ônibus para casa, ela passa em frente a uma igreja e resolve entrar e fazer uma oração em agradecimento.


Taís liga para Isabela a noite, para saber como foi o dia dela.

Isa e então, conseguiu algo?

— Consegui, como vendedora numa loja de sapatos.

Que bom, agora a sua tia vai ficar feliz e parar de reclamar.

— Acredita que ela resmungou por conta do salário? Achou muito pouco.

Isa, sua tia, desculpe falar, mas ela se aproveita de você. Quando você estava trabalhando para o senhor Adalberto, só vinha em casa de quinze em quinze, e ainda assim, ela fazia você pagar conta de luz, gás e comprar alimento pra casa.

— Tatá, ela não me obrigava, eu pagava para ajudar. Eu devo muito a ela por cuidar de mim quando os meus pais se foram.

Isa, ela se aproveita de você, amiga! Aproveita que você tem esse coração mole!

— Tatá, eu estou feliz que vou começar a trabalhar e Deus dará um jeito. Tudo ficará bem.

Amém!

Mas infelizmente, a alegria de Isabela não durou muito, com menos de uma semana de trabalho, um colega se estranhou com ela sem nenhum motivo aparente, e a acusou de assediar um cliente e marcar encontro com um dos caixas da loja, o que não foi verdade. Mas ela não teve como provar que era mentira. E injustamente, ela perdeu o emprego novamente. Tudo isso foi influência de um dos demônios mandados por Araciel para atrapalhar a vida de Isabela.

Ela chorou muito do caminho da sapataria até a sua casa e muitas pessoas a olhavam estranho, por ver uma jovem com o rosto banhado por lágrimas. O pior foi quando chegou a sua casa e teve que contar isso a sua tia. Essa, assim como o gerente, não acreditou na sobrinha. Apontou o dedo e a julgou de todas as formas possíveis e Orlando saiu em sua defesa.

— Valdete não fale assim da Belzinha. Ela deve estar falando a verdade. Belzinha não fica assim, vai surgir um bom emprego e que vai te pagar muito bem.

— Obrigada, tio!

— O emprego ela acha na zona, bonitinha desse jeito, vai fazer fila de homens querendo ela!

— Tia, por favor!

— Sai das minhas vistas, Isabela! Você só dá gasto e decepção pra mim. Deveria tá naquela casa quando o barranco caiu por cima.

— Valdete! Não fale isso para a sua sobrinha!

— Você não se meta, Orlando. Eu que estou sustentando essa vadia.

Isabela foi para o quarto e chorou. Quando estava calma, pediu perdão por seus pensamentos, pois sentira muita raiva, tanto do colega que injustamente a acusou, quanto da tia, que a tratava tão mal e lhe dizia sempre coisas horríveis, como ter de ir trabalhar como prostituta.

— Perdão, Senhor Meu Deus. Devo dar a outra face! Perdoe minha tia, a bebida a cega!

Pouco depois, a Tais liga. Já tinha ficado sabendo do ocorrido, pois moram num bairro pequeno, onde todos falam da vida de todos, e desta vez, Valdete fez questão de soprar aos quatro ventos que a sua sobrinha perdera o emprego por se oferecer para um homem qualquer no trabalho. Tais lhe dizia tudo isso e Isabela chorava.

— Não foi Tatá, eu juro!

— Eu sei Isa. Você não quer vir morar aqui em casa por um tempo? Melhor que você ficar sendo difamada por sua própria tia.

— Não quero te dar trabalho!

— Padre Antônio me disse que quer te ajudar. Vai falar com alguns fiéis, ver se alguém não sabe de uma vaga de emprego para você.

— Só quero um trabalho. Sei que quando tiver um, esse mau humor da minha tia passa.

— Se você diz... a proposta está de pé. Se quiser vir, só me avisar.

— Muito obrigada, minha boa amiga.

A 𝓐𝓹𝓸𝓼𝓽𝓪Onde histórias criam vida. Descubra agora