Movie Night - Oneshot

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— Ei, vamos assistir um filme?

Sara Chidouin, a pessoa mais comum aqui se direciona aos colegas. Na sala estava a dupla de cabelos verdes, uma criança inquieta, Sara, e eu. Todos olham para Miss Sara, pensando se deixar ela falar foi a melhor escolha.

— Que foi, gente?! Vai ser legal, vai! — Sara faz beicinho e se direciona pra um dos sofás. — Por favor?

— Tudo bem, tudo bem, nós assistimos. — Keiji Shinogi fala enquanto sai do quarto, nos olhando na sala.

— Só assisto se for de terror! — Falei, cruzando meus braços e esticando minhas pernas no sofá lateral que, até o momento, era somente meu.

— MEOW!! Como assim, terror? Vamos assistir um desenho animado, woof! — A criança de capuz segurando um bichinho de pelúcia se pronunciou, levantando de seu sofá e correndo pela sala, como de costume nesse lugar.

— Já que o Gin não quer mais ver, seu lugar será meu. — O policial provocou, andando rápido até o único lugar livre no sofá maior, mas não teve a mínima chance, Gin rapidamente pulou de volta, se aconchegando em seu espaço confortável naquela poltrona sagrada de 4 pessoas.

— Vem, Gin, senta no meu colo, deixa o Detetive sentar aí. — Sara bate levemente as mãos nas coxas, em um gesto de mostrar para a criança o que ela estava querendo dizer, mas isso também não funcionou.

— Pra que eu sentaria no colo da Irmã Sara, woof? O Sr. Policial pode sentar ao lado do prisioneiro com o cabelo lambido, meow!! — Se referindo a mim, Gin escondeu o rosto bichinho de pelúcia, Mew-Chan era o nome, se me lembro corretamente. Eu não gosto daquele negócio, me faz pensar que tem algo lá dentro, já que a criança nunca deixa ninguém tocar, será que a cabeça do velho louco está escondida ali?

— Olha pra essa criança abusada! — Fingi me levantar do sofá com uma cara brava, fazendo ele achar q eu ia pegar ele, então, a peste correu novamente, quando será que isso vai acabar...

— Bom, eu não vejo problema nisso. —Shinogi olha em minha direção, andando para o sofá. — O que acha, Alice?

— Tudo bem então, só não quero que venha chorar de medo no meu colo! — Sorrio de uma forma provocativa, mas não muito convincente, já que Keiji somente ri e senta ao meu lado.

— Pode ter certeza.

.

.

O filme começa e tudo estava normal, um susto ali, outro suspense aqui, nada muito longe do normal para filmes de terror. Na tela estava uma adolescente, e o filme era sobre ela e a irmã vivendo sozinhas em sua típica casa após a mãe falecer inesperadamente, mas a casa se torna assombrada um tempo depois e as duas precisam ver o que há de errado, como em qualquer filme de terror clichê, mas isso não me preocupa, não estava muito afim de ver filme mesmo, tanto q só alguns dos sustos me pegaram de surpresa.

Nessa parte, uma imagem da mãe aparece no espelho atrás da menina, e ela pega uma arma, para tentar se defender de qualquer coisa que possivelmente poderia estar andando por ali.

O clima estava bem tenso na sala, até a menina apontar a arma para a irmã, e de repente

Boom.

O gatilho é puxado fora de frame.

Sinto todos se mexerem com o estrondo, mas uma pessoa em específico ficou muito mais impressionada com o repentino barulho. Ele colocou a mão em sua boca, se inclinou no sofá e abaixou a cabeça, com uma mão ao seu lado.

Essa mão me tocou.

A mão dele atravessou o acolchoado da poltrona até meus dedos, se entrelaçando entre eles. Parecia que estava falando "Muito obrigado por estar aqui." ou, "Eu não estou sozinho!"

Claro que de imediato, fiquei assustado com a repentina ação do loiro ao meu lado, mas obviamente segurei sua mão de volta, acariciando-a com meu polegar.

— Está tudo bem, Keiji Shinogi, estou aqui, é só um filme. — Falei baixo, imaginando que não queira que ninguém soubesse que estava tendo memórias pós traumáticas.

Pelas poucas conversas que eu tive com ele, Keiji parecia ser uma pessoa calma e reservada, que quase nunca falava de si, mas com o tempo, fomos nos tornando mais próximos, ele foi a única pessoa aqui que eu consegui falar abertamente sobre o meu passado sem querer ir embora, sem ficar decepcionado comigo mesmo pelas coisas que fiz, tudo porque ele me acalmou, me disse verdades, e disse que a partir de agora, tudo ficaria bem. Eu suponho que tenho que fazer o mesmo por ele.

Senti um calor nas costas e percebi que enquanto estava me afogando em pensamentos, sua mão se soltou da minha e o mesmo colocou-a em minhas costas me puxando pra perto e fazendo-me deitar ao seu lado.

Sorri e fiz o mesmo, prendi meus braços atrás do outro e afundei minha cabeça no peito do loiro que ainda tremia.

Nada mais importava, não estávamos mais assistindo filme, nem ligando se as pessoas aqui olhassem para a gente. Keiji precisava de mim, e eu tinha que ajudá-lo, tinha que retribuir todas as coisas que ele já fez aqui para me sentir incluso, tinha que retribuir todas as palavras de conforto uma vez ditas para mim, tinha que devolver tudo isso em forma de afeto, mostrar que eu ligo, pelo meu toque.

— Obrigado.

.

.

Na manhã seguinte, acordei com a mais pela visão, um policial lindo na minha frente, deitado no meu peito. Suas olheiras tinham sumido, mesmo que seja só um pouco, seus cabelos loiros refletiam o sol de domingo que pairava sobre nós, em uma melodia harmônica de preguiça e aconchego.

Seus olhos abriram levemente. Não queria atrapalha-lo, mas aqueles olhos escuros como a noite me prenderam de uma forma inexplicável.

— Bom dia, Policial.

Minhas simples palavras acordaram o homem meio centímetro mais baixo que eu. Keiji imediatamente acordou e se afastou, coçando os olhos.

— É... desculpe, eu n sei o que deu em mim ontem. Desculpa mesmo pelo incômodo. — Shinogi fez gestos explicativos com as mãos.

Depois de conhecer ele, em pouquíssimo tempo eu percebi que Keiji se expressa mais com linguagem corporal do que qualquer outra coisa. Também percebi suas manias, seus medos, coisas que o deixam desconfortável. Keiji pode parecer difícil de ler no começo, mas quando você presta atenção nas pequenas coisas, você percebe que ele deixa claro seus gostos e desgostos.

— Não, você não atrapalha, pelo contrário, — Olhei em seus olhos. — Você é muito especial pra mim, muito obrigado por tudo que já fez por esse simples assassino.

Keiji checou se não havia ninguém perto, e estava certo, então de repente, sinto uma mão puxar a minha blusa rapidamente, até meus lábios tocarem uma coisa macia e confortável.

Shinogi me puxou para o selinho tão repentinamente que nem tive tempo de reagir, e num piscar de olhos, sua mão estava na sua boca e o rubor em suas bochechas era mais visível.

Não sei com qual cara olhei-o na hora, mas naquele momento, meus pensamentos eram inexistentes.

Peguei em seu pulso, entrelacei nossos dedos e fui para outro beijo, na esperança deste ser mais longo e demorado, e foi. Nossos lábios se encontraram em uma perfeita harmonia.

Parecia que nós éramos feitos para isso, que só existia nós no mundo, eu e ele, que nada importava enquanto estava com ele. Eu me sentia seguro em seu toque.

Saímos do beijo para respirar, foi quando percebi que nossas mãos ainda estavam juntas. Me inclinei até a minha testa encontrar a dele, fechei meus olhos e senti os dedos do homem que roubou meu coração passando por meu cabelo colorido e bagunçado.

— Tudo melhora quando estou com você, sabia?

— Eu também, Alice. Eu também.

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⏰ Última atualização: Nov 17, 2020 ⏰

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