Eu sei porque você veio.

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_ Bom dia senhor! senhora! Bem vindos ao hotel Imperium, como posso ajudá-los?

_ Muito bem Antoniete, você aprende rápido, tente em Inglês. Disse Maria Rita a outra recepcionista que estava me preparando.

... Em inglês? Essa parte eu não ensaiei. _Good morning sir! madame! welcome to Imperium hotel, may I help you? 

_ Very good! disse ela batendo palmas. Eu estava muito satisfeita, finalmente teria dinheiro para pagar o aluguel e até um pouco a mais para quem sabe me mudar para um AP maior e trazer meu pais.

***

Era o terceiro dia no hotel, o período da manhã era o mais procurado , o hotel contava com vários espaços para eventos, Rita me levou a conhecer os que eram prioridade, o salão de eventos, o restaurante e o espaço de lazer. Tudo estava  indo muito bem até que...

_ Como você teve coragem de contar para ele, sua destruidora de famílias,  você destruiu meu casamento, minha vida, vai separar o pai e a mãe de uma criança, ainda diz que é professora, sua mentirosa. Georgina chegou à recepção do hotel à tarde e fez um escândalo, bancou à mulher largada e triste. 

 ...Eu não estou acreditando que ela está fazendo isso comigo.

 Quando a vi chegar já imaginava  que coisa boa não era, ela veio muito rápido até onde estávamos Rita  e eu no balcão. Meus pés congelaram e minhas mãos suaram, quando ela falou tudo aquilo, chamando atenção dos hóspedes que chegavam, que não eram muitos, já que, era no período da tarde, eu queria um buraco para me esconder.
Todo aquele teatro e palavras mentirosas daquela louca, resultaram na minha demissão.

Cheguei em casa arrasada, aquela mulher destruiu a minha vida, nunca mais vou poder por os pés no hotel, que mulher hipócrita como me acusa de destruir algo que nem existia. Gritei de raiva. Debaixo do chuveiro eu me questionava que eu não havia feito nada por mal, eu só queria ajudar a pobre garota, por isso falei para o pai ir ao apartamento.

_ O Pai! Me lembrei, eu precisava falar com ele, foi culpa dele que aquela louca fez eu perder o emprego. Me vesti rapidamente e fui até o covil. Não queria encontrar Georgina.

_ Professora Antoniete? Disse surpreso ao abrir a porta. 

_Preciso falar com o senhor, entrei sem ele mandar.

_O que houve, por que está tão nervosa?  Perguntou ele ao fechar a porta.

E contei-lhe tudo. Ele pareceu preocupado e disse que não havia dito a ela ou a ninguém que eu lhe dei a dica,
ele disse que mal Rosa abriu a porta, ele entrou e viu os dois se agarrando na sala, enquanto a filha brincava no quarto. Ele ficou com muita raiva e trouxe Ana consigo, mas não sem antes esbofetear o personal e dizer a Georgina que não havia mais nada entre eles.

_ Não se preocupe vou consertar isso. Disse ele me olhando.

_ Não tem como consertar, eu não posso pisar no hotel, e onde vou conseguir outro emprego nessas férias? Sentei-me desanimada no sofá. _ E onde está Ana?

Respondeu-me que a garotinha foi passar as férias com a avó, mãe dele, no sítio.

_ Vamos fazer o seguinte, eu pago seu aluguel. Disse ele sentando-se ao meu lado. 

_Fala sério! O senhor acha que é certo isso? Perguntei chateada.

_Eu tenho culpa Antoniete, é mais do que certo sim. Disse ele decidido.

Eu estava impaciente com aquilo tudo, ele disse que ia resolver, mas eu não via saída, e ainda me oferece dinheiro, como se isso resolvesse tudo, babaca.

_ Eu vou embora! falei me levantando rapidamente do sofá e indo em direção à porta.

_Espere por favor, Por que você está relutante? perguntou-me.

_ O senhor é muito chato, é estranho, é frio, e acha que resolve tudo com dinheiro, eu não preciso de migalhas eu vou conseguir outro emprego, nem sei porque vim aqui. Você é só um riquinho, materialista e insensível. Falei sem nenhuma paciência.

_ Você é... silenciou sem ter argumentos. _ Eu sei porque você veio aqui. Nesse momento me puxou pelo braço, me segurou os ombros e tascou-me um beijo nos lábios. Vendo que eu não fugi ou dei-lhe um bofetão, devido à minha surpresa, beijou novamente, agora com leveza, eu não sabia o que fazer, minha mente me condenava, mas todas as sensações do meu corpo desejavam aquele beijo, meus olhos fecharam instantaneamente e senti o cheiro dele, o toque suave de suas mãos em minhas costas, os lábios rosados que eu tanto via, agora tocavam sedutoramente os meus, ele parecia que tinha fome de mim, mas não era um beijo agressivo.
Suavemente tocou meus cabelos e colocou uma das mão segurando minha nuca, sua língua parecia que pedia permissão para entrar em minha boca, entreabri os lábios e senti seu sabor, ele sugou levemente meus lábios, minha língua e finalizou o beijou com um estalinho.

...Morri.

Segurou meu rosto , nos olhamos por alguns segundos e depois que caiu a ficha, falei:

_Vou embora. minhas mãos quase não conseguiam puxar o trinco, ele também estava em silêncio. Entrei no elevador  e apertei mil vezes o botão com medo de ele me seguir, eu não sabia o que havia acontecido, ou o que eu havia sentido. ... Meu Deus o que foi que fiz? beijei um homem casado, me perdoa. Eu sempre ouvia falar de mulheres que ficavam com homens casados e sempre achei errado, embora ele não estivesse mais em casa, eles ainda eram casados.

***
_ Oi minha amiga!!
_Alêda ?!
_ Que Apartamento legal!! Disse ela depois de me abraçar.
_ finalmente você aceitou meu convite, aqui a gente pode falar bobagens até de madrugada. Falei sorrindo.
_ Com certeza amiga, vim porque sua mãe disse que você não iria nas férias para Cactus, e Arthur me conseguiu um emprego temporário. Disse ela enquanto sentávamos no sofá.
_ Ele já te contou que veio aqui não foi? Perguntei.
_Sim, mas não se preocupe, eu não vou me meter na sua história com ele. Disse ela na defensiva.
_Não tem história Lêda. Falei.
Mostrei o apartamento, minhas coisas o quarto, e a pequena varanda que dava de cara para um muro. contei-lhe também sobre o beijo de Davi e que havia me feito perder a concentração.
Ela conseguiu o emprego em uma lanchonete no centro, eu estava muito feliz por dividir meu apartamento com minha amiga, ela podia ficar o tempo que quisesse.

_ Niete, você está sabendo de uma festa que vai ter no centro de eventos? Disse ela do banheiro.
Respondi que não.
_ É uma festa com músicas de outras décadas. Disse ela
_Parece legal, gosto de músicas assim. Falei.
_Vamos! Disse ela animada.
_. Não vai dar, se é no centro de eventos não é tão barato e não posso gastar muito. Falei.
_ Oh! Eu compro o ingresso pra você. Disse ela.
_ Você ou o Arthur? Perguntei, eu amava minha amiga e sabia que ela também me amava, mas tudo o que ela queria, era ver Arthur e eu juntos novamente e quando ela veio sem avisar eu já sabia por que tinha vindo, o que ela não sabia é que Arthur e eu não tinhamos nenhuma chance.

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