⟨ ≿ Capítulo 5 ≿ ⟩

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⇋P.O.V CAROLINE⇋
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As palavras do meu pai ecoavam e se repetiam várias e várias vezes na minha mente...'Eu e Fernanda estamos juntos'. Eu só havia sentido meu mundo desabar no dia em que eu voltei do hospital, no dia em que minha mãe havia falecido. Eu nunca mais me senti frágil, perdida e deslocada porque eu sempre tive a segurança que precisava e sempre achei o conforto nos braços do meu pai. Eu sempre ouvi que eu e a mamãe seríamos suas únicas meninas, eu ouvi que ele só amaria uma única mulher, eu sempre ouvi que minha mãe nunca seria substituída e agora ele desfazia suas promessas e fazia exatamente o que eu nunca imaginava.

Eu estava paralisada enquanto todos os parabenizavam. Em uma questão de segundos eu olhei pra foto que estava na parede, era uma foto minha com meus pais. Eu tinha 3 anos quando aquela foto foi tirada e foi naquele dia que meu pai disse que seria para sempre eu, ele e a minha mãe. Quando olhei aquela foto o ódio, a mágoa, o vazio e a tristeza me invadiram juntos.

- Oh meu deus, ela está tão feliz por me ter como madrasta que está sem palavras - Fernanda falou de forma animada e feliz, atraindo logo em seguida sorrisos largos.

- Feliz?! VOCÊ ACHA QUE EU TÔ FELIZ? - Eu gritei assim que caí em sã consciência e todos me olharam assustados.

- VOCÊ É UMA MENTIROSO, ISAÍAS BIAZIN. ME DISSE QUE NUNCA IRIA SUBSTITUIR A MINHA MÃE E AGORA VOCÊ APARECE COM ESSA MULHER E DIZ QUE ESTÃO JUNTOS? - Eu me levantei e bati na mesa. Meu pai me olhava assustado e desacreditado por aquele surto igual a todos ali, senti meu rosto molhado e eu sabia que eu estava chorando.

- Você..Eu nem sei o que eu deveria falar pra você agora, eu não quero nem olhar pra você - Eu falei com total desgosto e sai daquela sala de jantar e daquela casa. Quando eu saí pra fora comecei a me molhar com a chuva que caia intensamente, mas não liguei. Comecei a correr em direção ao cemitério onde minha mãe estava enterrada, chorando e sentindo um peso enorme no coração.

Como ele teve coragem de fazer isso? Por que colocar outra mulher no lugar da minha mãe? O que ele achava que eu ia fazer? Se ele achava que eu ia ficar feliz e dar meus parabéns aos dois ele estava errado.

Assim que passei pelo arco do cemitério fui em direção ao túmulo da minha mãe e cai de joelhos em frente a ele. Eu comecei a chorar de forma compulsiva enquanto estava ali e eu não conseguia fazer outra coisa, quanto mais eu chorava, mais aquilo doía. Eu me sentia abandonada, sozinha e perdida. Eu sabia que se ele tivesse outra mulher em sua vida que não fosse a minha mãe eu iria ser abandonada, eu sabia que ele iria me deixar e sabia que acabaria sozinha. Eu não tinha mais a minha mãe e havia acabado de perder meu pai pra alguém que ele mau conhece.

Quando o meu choro diminuiu um pouco eu comecei a ouvir passos vindo na minha direção, mas não tive ao menos força pra olhar e ver quem era e muito menos tive força pra me levantar e correr porque poderia ser um sinal de perigo.

- Ei, garota o que faz aqui? Você tá bem? - Ouvi uma voz um pouco rouca falar enquanto se aproximava e eu não consegui responder. A pessoa se abaixou até mim e pousou sua mão em meu ombro e só assim eu a olhei, era uma mulher com cabelos escuros e ondulados, ela era linda e me olhava de um jeito intenso.

- Você tá bem? - Ela falou isso e eu só consegui balançar a cabeça de forma negativa.

- O que tá fazendo aqui? Tá chovendo e você pode ficar doente - Ela falou e eu não respondi.

- E-Eu vim ao túmulo da minha mãe - Falei fazendo a maior força pra conseguir isso. Ela se levantou rapidamente e olhou para o túmulo da minha mãe, parecia procurar um nome pra ao menos saber quem eu era.

- Você é filha da Roseli Biazin? - Ela perguntou um pouco assustada e eu só assenti. - Eu conheço seu pai, quer que eu te leve pra casa? Ele possivelmente não sabe que você tá aqui..Assim - Assim que ela falou em me levar pra casa eu neguei várias vezes. A última coisa que eu queria era ir pra casa.

- Você quer ir até o meu carro ou até a minha casa? - Ela perguntou e eu a olhei meio desconfiada. Eu sou nova e sou uma Biazin, ela pode ser uma sequestradora e eu não quero correr riscos. - Eu não vou sequestrar você se é isso o que tá pensando. Eu posso ligar pro seu pai lá dentro do carro e avisar a ele aonde estou te levando pra que você acredite em mim - Ela falou e se levantou, estendeu a mão pra mim e como eu realmente não tinha muita escolhia e muito menos o que fazer eu peguei sua mão e a acompanhei até seu carro.

Quando entramos nele ela ligou o aquecedor e pegou seu celular, discou o número do meu pai na minha frente e ligou pra ele que logo atendeu.

- Isaías

- Oi Dayane, aconteceu algo? Você está demorando pra chegar, mas acho que não precisa se apressar. Contei a todos que eu e Fernanda estamos juntos e a Carol não reagiu bem - Ele falou com certa tristeza, mas eu sinceramente tentei não me importar. O celular dela estava no viva voz então eu conseguia ouvir tudo perfeitamente.

- Eu sei, ela está no meu carro comigo. Encontrei ela no cemitério, em frente ao túmulo da Rose e como está chovendo eu fiquei preocupada. Posso levá-la pra minha casa? Ela não parece bem e disse que não se sente confortável em ir pra casa agora - A tal Dayane falou e meu pai soltou um suspiro triste.

- É claro que sim, confio em você e sei que vai cuidar bem da minha filha. Peço que fique com ela o quanto ela precisar, muito obrigado - Ele falou com um ar meio decepcionado por ter que me deixar com a Dayane.

- Tudo bem. - Ela falou e desligou o celular.

- Satisfeita agora em saber que está segura comigo? - Ela perguntou e eu assenti.

- Pode me levar a sua casa? Eu preciso muito ficar longe do meu pai e daquela casa agora...-Falei cabisbaixo e a Dayane só assentiu e deu partida com seu carro.

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≿⁞Dias de atualização: Quinta, sábado e domingo.

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