-A...noite... está vind..-disse a criatura, tentando juntas os sons que saiam estranho e medonhos
Num lugar onde nem a luz ousava entrar. Onde ele fazia de sua morada, vinha a Criatura. Com o crânio de um animal morto, um velho cervo que poderia ter sido um dia sua caça. Seus enormes chifres, que chegava a arranhar o teto da velha casa, seu corpo escuro e coberto pelas sombras que pareciam ter vida propria; se mexendo como galhos espinhetos de um rosário e imitando a penugem de um lobo. E por ossos de diversos animais, que o transformava numa criatura horripilante; junto aos seus olhos; apenas um brilho azul sem vida nas cavidades vazias e escuras
-É, a chuva tá vindo. Eu percebi-Respondeu hesitante-Senti o ar esfriar e o cheiro de terra molhada
O resquício da luz da tarde, deu lugar a temível e espectral luz do luar das noites, onde os perigos e caçadores noturnos saiam de suas tocas. Mas que também, abrigava as luzes místicas das estrelas e dá lua.
Mais um dia ao qual Karen sentia como uma vaga esperança de que poderia se livrar de todos seus tormentos. Ela sentia como que se tivesse despertado de um pesadelo horrível, e ao acordar, o que descobria era que talvez as coisas não fossem tão tenebrosas assim. Que poderia estar em casa, reunida com sua família, recebendo o amor que sempre sonhava em ter. Não demorou muito foi a primeira coisa que pensou antes de tentar imaginar a cena de sua família. Morava em uma casa pequena. Eram ela, seu irmão, seu pai e sua mãe. Karem sempre vivia em sua casa querendo ver o mundo a fora, as poucas vezes que eu saia de casa eram com companhia de seu irmão, não que era ruim, ela adorava. Ele sempre contava sobre o mundo, e o que tem de mais bonito nele. Seu maior sonho era ver as estrelas, assim
como seu pai vivia dizendo sobre o como o céu era bonito quando anoitecia. Que havia pontos
de luz que dançavam sobre o céu que parecia intocável e infinito. Dizia que as estrelas eram pessoas mortas e as luzes são o bailar delas para serem parte do infinito e poderem serem lembrada. Uma mãe que a tratava bem, penteando seu cabelo ruivo de maneira carinha e suave.
Pouco demorou para que Karen encontrasse a parte de sua alma que sabia que era verdade que a aterrorizante e decepcionante. Lembrou-se, que todas as suas memórias, eram apenas sonhos distantes de uma família feliz, muito diferente do que realmente era; Uma vida injusta e cruel. Aquela poderia ser chamada de realidade que Karen acabou de acordar. Esta parte sabia que era a principal responsável por acabar com toda sua esperança de viver. Aquela realidade assustadora que ao menos não lhe deu a oportunidade de conseguir enxergar. Sempre que começava a sonhar com seu próprio nascimento. Como uma flor que nascia no escuro, lembrava que teria que acordar e sobreviver a mais um dia, sem ao menos poder ver a luz do sol. Tudo que sentia era apenas uma estranha necessidade que deveria lutar para viver, por mais que aquela não fosse a sua intenção
Karen apenas conhecia toda a escuridão que na qual nasceu com ela. Era sua cegueira
de nascença que a fez crer que nasceu amaldiçoada por um destino cruel que sempre lhe foi
guardado. Nem ligava mais para o ciclo de dia e noite ou se o tempo estava chuvoso ou não.
Ela estava presa ali sem poder ao menos andar e sentir a grama em seus pés ou a chuva cair em seu rosto. Nada disso. Além de viver presa na escuridão de uma maldição que não era enxergar. Se sentindo indefesa, quase uma inútil. Não podia ao menos sentir o mundo a fora a não ser a vegetação que crescia entre
cada canto quebrado da casa de madeira.
Mesmo não podendo enxergar, elao sentia. A criatura sempre estava vigiando Karen entre as sombras. Ouvia o som profundo de sua respiração e de seus uivos, rugidos e sussurros noturnos. Sentia seus passos pesados e o ranger do piso quebradiço da madeira velha, e suas grandes garras arranhando o chão com um som ensurdecedor e agudo. Sentia o ar quente de seus suspiros colados em meu rosto que, mesmo parecendo tão quente tinha as mãos geladas
de um morto.
A única proteção que a menina tinha contra da criatura era uma velha lamparina que sempre
esteve com ela. A criatura temia a luz que vinha dela e o fazia, mesmo que pouco, ficar
afastado da menina. O piso, que já estava bem desgastada pelo tempo e a havia vegetação crescendo por todos os cantos e frestas da madeira, por cada canto, buraco ou rachadura. Algumas belas flores haviam crescido por alguns cantos onde mais recebiam a luz do sol. Eram flores de muitas cores; dos rosas de um tons quentes a rosas que se destacavam por seu tom frio. Mas, Karen não as podiam ver. Se contentava a sentir a leve flagrâncias das flores se misturavam e perfumavam todo o ambiente. Talvez as aquelas flores eram o davam uma alegria aos dias de Karen. Eram tão frágeis quanto as suas próprias emoções mas podiam ter em seus espinhos cortantes algum veneno que podia ser mortal a qualquer um.
O ruído estridente das patas pesadas se aproximava da garota. Os passos pareciam
andar um uma estranha falta de sincronia, como um intervalos grandes em seus sua caminhada, eram como passos cuidadosos e desajeitados. Uma série de batidas suaves e ligeiras indo silenciosas pra cima dela. Um ser furtivo e mortal. Quanto mais se aproxima, mais nítido era o som profundo e pesado de sua respiração. Suas garras arranhavam a madeira com um som agudo e angustiante. Sua própria respiração acelerar ao mesmo que ficava cada vez mais profunda e pesada.
Por algum motivo, um sentimento explosivo de sobrevivência vinha do interior perdido de sua própria existência, uma sensação que eu nunca havia sentindo antes. Um sentimento de proteger a própria vida a qualquer custo. Ela não queria morrer, ao menos não naquele lugar abandonado sem ao menos ser lembrada por alguém. Fazer naquela casa sua lápide ao lado de um ser macabro que nem ao menos podia ver.
A única chance de ao menos se defender era sua velha lamparina que emitia uma luz
que na qual era sua única arma. Tateou desesperadamente todo o piso a procura da lamparina. A criatura já estava cara a cara com Karen que continuou a procurar pelo chão sua única chance de viver. Ele deu um grunhido alto que fez com que meu coração batesse mais rápido e mais forte. Sua respiração estava tão pesada que dava a sensação de estar sendo sufocada.-Não chegue perto-Gritou com todas as suas forças para a criatura. Sua voz saiu
trêmula e falha. O misto do medo que sentia explodindo dentro de siA criatura não parou de avançar mesmo com a luz contra o rosto dele.
-O que você quer de mim? O que tem que ser eu?Hein?-Perguntou com a voz trêmula, sentindo o olhar medonha que a encarava-Por que eu tenho que estar aqui? Me responde, droga
Foi quando ouviu um uivo...triste, como um cão abatido. Ele se aproximou cuidadosamente de sua perna que estava ferida,
na qual eu já havia esquecido a dor, e a lambeu. Sentiu a língua áspera do ser passando pela
ferida, e um pequeno arrepio correu por seu corpo
Quando ele fez isso, mas não doeu. A criatura a ajudou a se levantar, fazendo Karen se apoiar sobre seu corpo. Ele tinha uma pelugem era macia e aconchegante, e tinha alguma coisa que se assemelhavam a alguns pequenos galhos com folhas mortas crescendo por seu corpo que a ajudava, se entrelaçando em seu corpo. Também um cheiro agradável de roupa seca no sol que a fazia lembrar de sua mãe.
Karem ainda sentia a dor latejante em sua perna e mancava por conta disso. A dor
era mínima, mas a cada passo que dava, sentia uma pontada aguda que a fazia perder um
pouco de seu equilíbrio-Obrigada...Me desculpa
-Você....Sent..e....M..edo-pergutou a Criatura. E Karem permaneceu uns minutos em silêncio.
-Sim, eu tenho muito medo. Medo de quase tudo
-Como é....se..ntir...medo?
-Não sei, é uma sensação sufocante. Não sei se me entende, mas é como se você estivesse perto dos perigos das sombras
-Eu...sou...sombra
-Então como se fosse a luz para os seres das sombras. É como ficar sozinho e sem ninguém. Não sei explicar, eu só sei que tenho medo
-Eu...S-sin...to....me...do, a l...uz me...dá...M..ed...o
"Como pode uma criatura como ela ser tão gentil?. Ela é um animal indefeso, com medo da luz. Ela é como eu" . Pensou Karem. Assim como ela, a criatura se sentia indefesa. Uma criatura que havia nascido das sombras das florestas, sem lembranças de onde nasceu, apenas vagando nas sombras, eternamente; vazio e incapaz de ver a luz, na qual era atraído. Um ser falho e fraco. Era incapaz de sentir qualquer sentimento, agia como um animal por instinto. Não tinha memória e nem um rosto que poderia chamar de seu. Era apenas uma existência macabra e insignificante em meio as florestas, onde muitos o temiam.
A noite já havia passado, e a luz forte do sol da manhã nascia entre as árvores. Mais um dia ao qual sentia como uma
vaga esperança. Eu todas as manhãs acordou numa rasa esperança de ter enfim despertado de um pesadelo dos mais horríveis, mais leve. Não demorou muito para que a sensação de finalmente ter acordado desse pesadelo. Não demorou muito para que a parte mais profunda de seu ser se lembrasse de onde estava. Mas, diferente daqueles dias, Karen não achou tão ruim assim, afinal, ver que a criaturas que usava as sombras como lar sendo tão gentil. Compartilhando de um mesmo sentimento que tanto os machucava. Eram ambas duas flores, tão frágeis. Era a prova que muito se esconde sobre o que os olhos não podem ver. Nas quais, o próprio medo de Karem a cegou. Realmente, era como se tivesse recebido afeto de uma criatura solitária em meio a uma floresta densa, onde era cuidada, quem sabe, alguém que poderia chamar de amigo, assim, podendo viver calmamente em um lugar onde poderia ser livre talvez
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A Criatura das Sombras
Short StoryKarem, uma jovem garota, se vê perdida e sem esperanças, em meio a maldição que carrega e a criaturas que vem das sombras, aprisionando-a, em um sofrimento