Muitas vezes a maldade do mundo nos faz ceder. Deixamos de sorrir por aí e ver bondade nas coisas. Passamos a viver os dias com ansiedades e temores, como se fôssemos colocados à prova em um círculo de fogo. Tudo de deslumbrante passa a ser imprudente e temeroso, num medo constante de ser magoado e decepcionado.
Muitas vezes estamos sozinhos trancados em nossos próprios pensamentos e sentimentos, mesmo estando em uma multidão. Conversamos com dezenas de pessoas em uma semana, sendo incapazes de dizer para pelo menos uma delas o que realmente sentimos.
Muitas vezes respondemos (e perguntamos) o famigerado "Tudo bem?" Como se fôssemos robôs programados para tal ação. Essa pergunta aborda nossos sentimentos, invade nosso mundo individual e ainda assim somos capazes de responder sempre sim e perguntar como está o outro.
Talvez seja porque a malícia e desconfiança nos fazem desacreditar na bondade humana e pensar que toda e qualquer demonstração de confiança será uma chave para um abismo eterno. Ou simplesmente porque nosso egoísmo e egocentrismo diz que devemos esconder nossos sentimentos, ou estaremos suscetíveis e sensíveis ao que os outros podem fazer conosco.
Qual o problema em se assumir que está mal? Não ficamos todos, em algum momento da vida?
É inevitável que passemos por momentos assim. É inevitável que haja angústia em nosso interior e que ela nos corrompa de dentro para fora, lentamente e em silêncio. Sem perceber, deixamos características belíssimas desaparecem e damos lugar à uma nova personalidade. Introspectiva, desconfiada, desanimada e triste.
Triste não pelo sentido de chorar por horas a fio. Triste sem sonhos, perspectivas, vontade de mudanças. Triste sem companhia, sem esperança, sem fé. Triste sem gratidão e sem dar valor ao mínimo do dia. Tristes olhando para um imenso vazio interno e se perguntando: como chegamos até aqui? Quem sou eu?
Mas, existe ainda algo bom no universo sofrido da vida. Existe ainda algo no qual se segurar quando evidentemente tudo estiver desmoronando e desordenado:a amizade.
Palavra tão conhecida, presente em tantos idiomas, mas que é incapaz de compartilhar o verdadeiro significado. Não é qualquer "amigo" que dizemos para o padeiro ou para o garçom. É um amigo que muitas vezes nem pronunciamos. Substituímos por palavras depreciativas e pejorativas, que são dotadas de amor e carinho. O significado que atribuímos à elas são tão enriquecedores que chegam a fortalecer a alma do ouvinte.
Doamos sem empobrecer e somos enriquecidos sem perceber.
Numa troca fiel e recíproca de uma amizade leal, não há mal no mundo capaz de destruir o seu bem primário.
Todas as palavras negativas que rondam seus pensamentos quando sozinho são agora transcritas em lágrimas desesperadas, observadas com paciência e atenção por alguém amoroso disposto a te ajudar.
O maior problema do mundo torna-se apenas um acontecimento ruim, pois agora você possui um indivíduo para fazer piadas e deixar tudo mais leve.
É de leveza que precisamos. Da leveza de uma amizade, da brisa, de um carinho. Não precisamos do peso de sofrer tudo sozinhos.
Ouvi dizer que existem pessoas que são felizes sozinhas. Engraçado que, durante a madrugada, ouvi as mesmas vozes gritando pedindo socorro enquanto suas almas choravam.
Tá tudo bem confiar em pessoas. Tá tudo bem ter amigos. E, quando eles se forem e a amizade acabar, tá tudo bem. Sabe por quê?
O melhor amor não é aquele de aparências. É o verdadeiro. Este segundo, por sua vez, não é eterno e precisa ser alimentado todos os dias.
Com amor, Nathi Tomaz♥️.
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Um peixe que aprendeu a voar
FantasyPalavras são deslumbrantes e transmitem significados, mas só chegam até onde você permitir. Uma conversa de quinze minutos pode ser mais duradoura que uma de dez horas. Isso não faz sentido logicamente, mas levando-se em conta transferências e senti...