18 de dezembro. 7 dias para o Natal.
— E vai conseguir levar todas essas sacolas usando esse patins?
— Relaxa, John. Já estou bem acostumada a patinar na neve. — Peguei todas as sacolas com os enfeites necessários para montar a árvore e saí apressada.
Confesso que estava numa velocidade não normal e acabei atropelando alguém sem querer.
Não sei ao certo quantas vezes eu repeti "me desculpe".
— Puta que pariu, só tem cego nessa cidade?
Eu me senti culpada por ter atropelado o tal, mas depois da grosseria, fiquei triste por não ter machucado o infeliz.
— Eu já pedi desculpas, grosso.
O mesmo tentou me ajudar a levantar, mas eu já estava irritada e o ignorei. O joelho ralado, pouco importou.
Só peguei minhas coisas, tirei o patins e fui andando pra casa.
O mal educado resmungou alguma coisa, mas só segui meu caminho.
Cheguei em casa e minha mãe estava quase pendurada em cima da árvore tentando colocar a estrela.
— Mãe, você acredita que o imbecil que eu atropelei sem querer me tratou na maior grosseria?
— Por Deus, Mia, eu disse que um dia você ia fazer isso. Onde já se viu, sair de patins com essa neve toda.
Tirei as coisas das sacolas e chamei Snow, meu cachorro, para dar um biscoitinho.
Infelizmente, ele se empolgou demais e acabou me derrubando em cima de uma das caixas no chão.
— O QUEBRA-NOZES! — Após o grito, vi o pequeno enfeite com suas peças quebradas espalhadas pelo chão.
— Puta merda. — Eu sabia o significado que o quebra-nozes tinha com a minha mãe, e fiquei sem reação. — Eu sinto muito.
— Não fala palavrão. E não sente, você vai voltar até o centro e comprar outro.
— Mãe, já deve estar tudo fechado nesse horário.
— Não importa. Você quebrou, você arruma. — Ela sabe me deixar sem palavras. — E uma árvore de Natal sem um quebra-nozes não é uma árvore de Natal.
Não tinha mais o que contestar, apenas peguei um tênis e saí correndo até encontrar uma loja aberta.
— Felizmente, tudo inteiro. Mas e o quebra-nozes?
— O que?
— Jadon, você esqueceu a parte mais importante!
— Achei que a mais importante fosse a estrela.
— Uma árvore de Natal sem um quebra-nozes não é uma árvore de Natal. — Aiai, mães e esse blá blá blá natalino. — Levanta desse sofá e vai comprar. Agora.
— Mãe? Já se esqueceu que uma maluca me atropelou? Eu não posso voltar lá!
— Não, eu não esqueci, até porque, desde que chegou você não para de falar dela. — Eu nem percebi?
— Tá ok, eu vou amanhã.
— Você vai agora. Precisamos levar essa árvore pro apartamento da sua avó amanhã cedo, e não pode ir sem um quebra-nozes.
— Por Deus, mãe, as lojas já estão fechando.
— Então é melhor se apressar.
Era uma batalha perdida. Apenas aceitei e saí com pressa na expectativa de conseguir o tal enfeite.
Cinco lojas abertas. Quatro não tinham o maldito quebra-nozes, e o dito cujo só chegava nova carga depois do Natal, qual o sentido?
Confesso que o nervosismo tomou conta quando entrei na última loja aberta.
— Olá, você tem o mini quebra-nozes?
— Ih, acabei de vender o último pra moça que saiu agora.
Que bela sorte eu tenho.
Agradeci o vendedor e saí correndo atrás da moça.
— Está com sorte, Mia. Tenho um só.
— Graças a Deus, tio, minha mãe não ia me deixar dormir em casa se chegasse sem esse negócio.
— Eu sei. Desde criança a Betty tem essa ligação com o quebra-nozes.
Guardei o pequeno quebra-nozes com cuidado, me despedi do meu tio e voltei pra casa em passos finos.
Coloquei o fone de ouvido e deixei Mariah Carey falar por si só com "All I Want For Christmas Is You".
Cantarolei baixinho até sentir um braço me puxando.
— Caramba, eu te chamei mais de 20 vezes!
Só pode ser brincadeira.
— Que porra é essa?
— Ow, a maluca que me atropelou.
— Acorda, é você que não olha por onde anda! E tá me perseguindo?
— Não! O vendedor me disse que vendeu pra você o último quebra-nozes.
— Idaí?
— Idaí que eu preciso muito desse quebra-nozes, quanto você....
— Problema é seu. Eu também preciso.
— Olha, eu sou jogador de futebol...
— Ótimo! Consegue um fácil fácil. Feliz Natal.
Mais um vez deixei o chato falando sozinho.
Se a intenção do Papai Noel é jogar no meu destino um insuportável duas vezes no mesmo dia, ele está muito enganando que eu vou aceitar.
Pisei em passos largos e cheguei mais rápido em casa.
— Mãe, sabe o menino que eu atropelei? Vi de novo o infeliz, teve a cara de pau de perguntar se eu não queria vender o quebra-nozes porque ele também precisava.
— E é gatinho?
— Mãe? Pelo amor de Deus, eu nem notei. Era um grosso isso sim.
— Como não notou? Se encontraram duas vezes no mesmo dia, só pode ser o destino! — Acho que colocaram álcool no chocolate quente dela.
— Você está doida. Pega seu mini soldadinho que eu preciso dormir, descansar a minha voz, você sabe que eu vou cantar com o coral amanhã no centro.
— Se encontrar o jogador de novo, é muito mais que destino.
— Mãe, é sério, para.
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An almost perfect Christmas [Jadon Sancho]
RomanceO destino juntou Mia e Jadon por causa de um quebra-nozes. Mas milagre de Natal, existe?