Uma fada padrinho.

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Não tive outra opção se não  aceitar o emprego de garçonete no restaurante que fica no shopping, ao menos voltarei para casa junto com Lêda, já que, a lanchonete que ela trabalha é aqui próximo.
_Antoniete!!! Fui surpreendida pelo abraço forte de Ana, quando me dirigia ao balcão para levar o pedido.
_ Ana?! O que faz aqui? Perguntei abraçando-a de volta.
Antes que ela respondesse uma jovem se aproximou, parecia um pouco cansada.
_ Ana, não corra assim! Disse ela.
Eu lhe dei um sorriso. E Ana disse que eu era sua Professora.
_ Muito prazer, ela fala muito de você. Disse ela sorrindo me estirando a mão. _ Eu sou Izzy, tia dela, irmã de Davi.
Me apresentei e conclui.
...Nossa! Linda como o irmão.
Ana continuava abraçada comigo, e me chamava para passear no shopping.
Eu expliquei-lhe que estava trabalhando, mas ela não dava ouvidos.
Izzy era muito simpática, infelizmente não pude conversar muito tempo porque estava trabalhando. Elas foram em direção a loja de Georgina.
***
Meu turno havia terminado, estava na saída esperando Lêda quando reencontrei Izzy, junto com ela a mulher que vi no outro dia na cafeteria com Davi.
_ Professora Antoniete! Essa é minha irmã Júlia. Disse ela sorrindo.
... Então não era namorada, era irmã.
_ Izzy falou que a senhora é Professora de Ana, prazer em conhecê-la.
... Senhora?! Como assim? mas nós temos quase a mesma idade!
_ O prazer é meu. Falei.
_ É Professora e trabalha no restaurante? Que estranho!? Falou com tom esnobe.
_ Sim, a gente tem que se virar nas férias quando os alunos esquecem os professores. Sorri sem jeito e Izzy também, mas Julia não.
... Séria feito o irmão.
_ O restaurante não é de comida saudável não é? Perguntou ela.
_ Depende da sua escolha,  Falei.
_ Detesto esses restaurantes pobres que cozinham em um mar de gordura. Disse ela com nojo e raiva.
_ Não liga Antoniete, ela é nutricionista e condena tudo o que engorda. Disse Izzy.
_ Então, acho que estou frita. Falei e Izzy caiu na gargalhada, mas Julia não.
_ E Ana? Perguntei
_ Ela foi com mamãe, que levou o carro, estamos esperando Davi nos buscar.
Queira muito que Lêda chegasse antes que ele, eu não sei se estava preparada para vê-lo.
Meu desejo foi em vão, o carro se aproximou ele baixou o vidro me cumprimentou e elas entraram.
_ Você está esperando alguém? Quer ir conosco? Posso te deixar em casa. Disse ele com um meio sorriso.
_ Obrigada, estou esperando uma amiga e ela... Quando ia dizer que Lêda não havia chegado ela apareceu e acenou dizendo "cheguei". Ele insistiu em perguntar se queríamos ir e ela como tem a maior língua de todos, disse que seria muito bom, já que, estava muito cansada.

Sentei no meio, detesto ir no meio, Izzy de um lado, Lêda do outro e os irmãos "mau humor" na frente.
Logo, Izzy começou a puxar assunto e Lêda respondia. Eu ficava olhando de um lado para outro, tentando fugir de olhar para o retrovisor e dar de cara com o olhar de um dos dois.
Em certo momento o trânsito ficou lento, chegou a parar.
_ Você está trabalhando Antoniete? Perguntou ele olhando no retrovisor.
_ Sim, garçonete, no shopping. Falei sem jeito.
Nossos olhares se encontraram por milésimos e senti- me estremecer.
_ Georgina confirmou que  vai para as bodas de nossos pais, você irá com ela não é irmão? Perguntou Julia parecendo ter percebido algo.
_ Não sei, você sabe que estamos em processo de divórcio e não conseguimos nos entender. Disse ele chateado.
_ Claro que não conseguem se entender, ela é uma louca. Disse Izzy.
... Muito bem dito Izzy. Pensei .

_ Para de falar da nossa família na frente de estranhos Izzy. Júlia a repreendeu.
Ficamos muito sem graça Lêda e eu, silenciamos.
Então eu e minha boca grande:
_ Quantos anos de casados?
_ 50. Disse Izzy feliz. Eu quero encontrar um homem que me ature por cinquenta anos. Disse. Izzy sorrindo.
_ Eu não sei se algum me aturaria por um mês. Completou Lêda.
_ E você Antoniete também quer encontrar um amor que dure muito tempo assim? Perguntou Izzy. Notei que todos silenciaram aguardando minha resposta.
_ Sim claro, meus pais estão juntos a quase Cinquenta também, e sempre sonhei em encontrar alguém que me amasse e me aceitasse como sou, não espero uma metade, porque já me sinto completa, quero alguém que venha para somar na minha vida e eu na dele. Fiquei inspirada ao falar e fui interrompida por uma freada brusca, acho que ele estava prestando  atenção em mim.
Julia o repreendeu pelo susto que tivemos.

Foi então que percebi que ele havia pegado outra rua, quando questionei ele respondeu que deixaria as irmãs no apartamento dos pais a uma rua de onde estávamos.

as duas desceram em frente a um prédio muito bonito que ficava em um dos bairros mais ricos da cidade,  Izzy  disse que havia sido um prazer nos conhecer. Ele com o vidro abaixado, desejou- lhes boa noite.Julia desceu do outro lado, demonstrava impaciência, mas também desejou- nos boa noite.

Seguimos, agora um pouco mais em silêncio, durante as paradas no sinal ele me olhava pelo espelho retrovisor, aquele olhar me fazia enrubescer e fazia meu coração acelerar.
Quando em fim paramos em frente ao meu AP, ele se antecipou em dizer que queria falar- me  instante.
Lêda desceu, me encarou por uns segundos, ergueu uma das sobrancelhas, se despediu e subiu.
Ele desceu do carro e se aproximou:
_ Senti sua falta. Disse ele um pouco receoso. _ Por que você não aceita que eu te ajude? Por que é tão orgulhosa? Continuou ele.
_ O senhor não tem porque me ajudar, eu sou somente a professora da sua filha. Falei com calma e meio constrangida de sentir que ele me olhava com tanta doçura.
_ Não, você não é só a professora, você é...
Ele ficou me olhando nos olhos e tive ímpetos de beijá-lo. Ficamos a poucos centímetros um do outro, porém quando em fim desistimos de lutar contra a razão e nos entregarmos ao prazer momentâneo de um beijo, fomos interrompidos por uma voz, não qualquer voz, mas a voz de Arthur, dizendo meu nome.
_ O que está fazendo aqui fora? Perguntou Arthur.
Eu não dei nenhuma resposta, apenas o olhei como quem diz, eu não devo satisfação da minha vida.
Davi sentiu-se desconfortável, despediu-se e entrou no carro. Eu o observei sair, desejando-lhe boa noite.
Arthur segurou em minha cintura e subi com ele.
Ele não perguntou quem era Davi.

***
_ Senhor Ícaro? Como conseguiu meu número? Falei ao atender o celular.
_ Consegui com um dos pais aqui do prédio. Disse ele do outro lado.
_ Minha querida, gostaria de lhe fazer um convite, haverá um comemoração de bodas de uns amigos e como você sabe que não tenho companhia, e só você tem paciência para aguentar um velho gagá, pensei que poderia ir comigo.

Imediatamente liguei a festa de bodas dos amigos de senhor Ícaro aos pais de Davi, seria muita coincidência se não fosse a mesma festa.
Então a princípio disse não, e coloquei muitos obstáculos, mas no final senhor Ícaro insistiu tanto, ofereceu pagar o vestido que eu escolhesse e mandar me pegar em casa.

Resolvi aceitar.
As bodas seriam no sábado a noite, eu teria pouco tempo para me organizar depois que saísse do restaurante. 
Então, pedi socorro a Dália para me ajudar na maquiagem e cabelo, pedi que  ela me esperasse em casa.
Comprei um vestido que me apaixonei no momento em que vi, era vinho e estilo Mullet, sem mangas e com bordados discretos que desciam das costelas ao início do quadril.
Comprei outro modelador e uma bolsinha de mão muito linda, os sapatos Dália me emprestou.
Embora, gritando com  as meninas que corriam de um lado a outro, ela escovou meu cabelo, me ajudou na maquiagem, na escolha dos brincos e do colar.
Eu realmente estava super poderosa, mas para confirmar vou chamar uma criança super sincera para dar a opinião final.
_ Nathany, como a titia está? Perguntei e ficamos esperando a resposta.
_ Huuumm, a senhora está linda!

Sorrimos.
... Ah, as crianças nunca mentem.
Agora é só esperar o motorista do senhor Ícaro e se preparar para a grande noite.

Um aMor Fora Do padRãoOnde histórias criam vida. Descubra agora