Oieee, tudo bem com vocês?
Cheguei com mais um capítulo fresquinho pra vocês, meus amores! Espero que gostem dessa continuação.
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❄️Jack❄️
Saímos da montanha em silêncio. O frio mordia o ar ao nosso redor, mas já era uma sensação familiar para mim. A verdadeira distância estava ali - invisível, mas gritante - entre eu e ele.
Chegamos a um lago quieto, envolto por árvores congeladas. A lua se espelhava na superfície imóvel da água. Era o único lugar que costumava me acalmar.
Eu parei.
Fiquei ali, parado, encarando aquele espelho natural. Breu caminhou até ficar a alguns passos atrás. Ele cruzou os braços, o olhar curioso - mas nunca entregue.
- Por que parou, Frost? Cansou de dramatizar andando em silêncio? - ele perguntou, a voz aveludada e debochada.
Suspirei sem tirar os olhos da água.
- Aqui... é onde tudo terminou. Onde eu morri. - minha voz saiu baixa, sem força.
Silêncio. Mas não aquele confortável. Era o silêncio de alguém que estava calculando.
Breu se aproximou, olhos afiados como uma lâmina. Ele parecia mais interessado no que eu sentia do que no que eu dizia.
- Como foi? - ele perguntou sem cerimônia. - Como um garoto bobo como você acabou morto?
- Salvando minha irmã - respondi. - Eu a empurrei para fora do lago... e caí no gelo.
Ele sorriu. Claro que sorriu.
- Ah... O herói trágico. Que tocante. - Ele deu um passo para o lado, como um predador entediado. - E o que ganhou com isso?
- Ela viveu. Isso basta. - Falei, firme. - Eu a salvei e não deixei o medo me paralisar, então valeu a pena.
Breu revirou os olhos.
- Sentimentos nobres são para os tolos. Já percebeu que ninguém nunca agradece os heróis? Só os esquece.
- E ainda assim, você está aqui - retruquei com um sorriso de canto. - Me seguindo. Me salvando. Que curioso, hein?
- Não se iluda, Frost - ele rosnou baixo. - Eu apenas gosto de controlar o caos. Inclusive o seu.
Antes que eu pudesse responder, ouvimos vozes.
- Está tarde demais pra visitas - murmurei.
De repente, sua mão cobriu minha boca, firme, e tudo ao nosso redor se escureceu como se a noite tivesse dobrado de densidade. Breu invocava sombras como quem respira.
- Fique quieto. Eles estão perto.
O Coelhão apareceu, deslizando pelo lago congelado, resmungando.
- Eu juro que ouvi a voz dele! - dizia ele, frustrado.
- Talvez Breu esteja manipulando o Jack - sussurrou a Fada dos Dentes. - Ele tem coração...
- Coração mole, talvez - rebateu o Coelho. - O garoto foi um problema desde o começo.
- Você não acha isso, Unnymund.
- Fada, caia na real, aquele pirralho nunca será um guardião. - O Coelhão soou cético. - Você sabe o quanto eu odeio dizer isso, mas homem da lua pela primeira vez errou.
A fada soltou um suspiro, mais triste do que convencida, como se o Coelho tivesse distorcido suas crenças.
- Ok
Os meus olhos começaram a lacrimejar, não que eu me importasse com o que saía da boca do Coelhão; ele era arrogante, sempre foi assim... Mas o tempo que passamos juntos me dava a sensação de que, de alguma forma, éramos amigos.
Lembrei dele um dia antes da Páscoa com a irmã de Jamie no colo me elogiando pela primeira vez.
"Mandou bem Jack".
O vento ficou mais forte, carregando meus sentimentos. Neve caiu. E minha dor começou a vazar, floco por floco.
Breu manteve a mão sobre minha boca, mas agora era diferente. Ele percebeu. Sentiu minhas lágrimas escorrendo por entre seus dedos.
- Controle-se. - sussurrou ele, firme. - Não agora.
- Que droga. - Sussurrei entre os dedos de Breu, que ainda cobriam minha boca, tentando ignorar o que se passava ao redor.
Eu havia perdido tudo. Nunca ganharia novamente a confiança das crianças. E nem conseguiria novamente a confiança dos guardiões.
Continuaria sendo invisível.
Desprezado.
E agora, odiado.
- Droga, Frost! - ele disse, irritado. - Você quer mesmo ser encontrado?
De certa forma eu queria, eu queria que o coelhão me encontrasse, eu queria que ele perguntasse e tirasse as dúvidas, para mostrar que sou inocente.
Então, sem aviso... Breu me beijou.
Meus olhos se arregalaram.
Aquilo não era parte do plano. Não era parte de nenhum plano.
Ele... me beijou.
Era quente. Quente como o verão que eu nunca conheci. Como um toque proibido para alguém feito de inverno.
- Vamos voltar. Eles já devem estar bem longe - disse a fada, interrompendo.
O Coelhão só assentiu com a cabeça, sério como sempre.
Sem perder tempo, pulou no buraco mais próximo.
A fada bateu as asas e o seguiu, voando logo atrás.Foquei novamente em breu, quando percebi, ele já estava mais próximo, a língua invadindo meu mundo como uma nova estação.
Empurrei-o com força.
- O que foi isso?! - gritei, recuando para o centro do lago.
- Um método funcional - disse ele, com um sorriso preguiçoso. - Você precisava parar. Funcionou, não?
Ele passou a língua pelos próprios lábios, provocativo.
- E... admito. Tem gosto de gelo.
- Você é completamente maluco. - exclamei, massageando as têmporas.
- Eu te avisei - disse ele, indiferente. - Mas agora... está mais calmo?
Virei-me bruscamente.
- NÃO! Eu não estou bem! - gritei. - E ninguém realmente quer saber, Breu! Perguntam por educação, por protocolo! Mas ninguém quer ouvir a verdade!
Ele se aproximou, lento.
- Mas eu estou aqui. Eu vi você. Eu entendo... porque eu também fui invisível...
Eu estremeci. Não pela dor. Mas por finalmente ouvir alguém dizendo isso em voz alta.
- Só... me deixa. - falei baixo, virando de costas.
- Como quiser - ele respondeu, levando dois dedos à boca e soltando um assobio agudo.
Do meio da névoa, um estalo abafado ecoou, seguido do som de cascos pesados. Um de seus pesadelos sombrios surgiu das sombras, com olhos como brasas e vapor saindo das narinas.
- Mas não desmorone, garoto do gelo. Ainda preciso de você. Fique por perto... e sem bagunça.
E ele foi mesmo... Mania das pessoas levarem tudo ao pé da letra.
Bufei, tocando meus lábios ainda sentindo o gosto dele. Aquele maldito...
- "Não faça bobagens", ele disse... - murmurei. - Mas e se a bobagem for tudo que me resta?
Continua...
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Origem dos Guardiões: Frio e Trevas
FanfictionEle podia mudar. Era isso que o guardião acreditava, com uma fé que se mantinha firme no fundo de seu coração. Mas será que o espírito do medo compartilhava o mesmo desejo? Jack, no entanto, possuía paciência infinita, porque a esperança é a última...