Capítulo Vinte e Quatro

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LEON

Dei graças a Deus quando a segunda feira chegou e eu pude ocupar minha cabeça com trabalho. Esse final de semana foi terrível. 

- Bom dia, senhor - Bruna me cumprimenta.

Cumprimentei de volta e entrei em minha sala. Na grande janela eu observei Felipe fazer o trabalho que era de Alicia. Me lembro da primeira vez que a vi, de como ela domina parte de meus pensamentos desde então.

Mais tarde me preparei para uma reunião com fornecedores de maquinas novas, pois depois do acidente de Alicia eu tenho procurado melhorar as condições da fábrica. E olha ela nos meus pensamentos outra vez. Chega a ser insuportável, se continuar desse jeito eu enlouquecerei antes dos 40 anos.

Fui o último a sair da fábrica. Pensei em passar em um bar, mas decidi ir para a casa. Eu tinha que virar um homem de verdade e sair desse fundo do poço que eu mesmo me coloquei. Ao abrir a porta a solidão me deu olá, nada mais de subir as escadas e encontrar Ana Beatriz passado creme com cheiro de baunilha.

Depois do jantar eu resolvo dentar na minha sacada e admirar as estrelas. Queria tanto que meu pai ainda estivesse aqui para me aconselhar, ele saberia exatamente o que dizer. Na verdade, tenho quase certeza de que ele não teria me deixado chegar nesse estado. Provavelmente eu não teria me aproximando de Alicia e estaria comemorando bodas de Zinco no próximo mês ao invés de um divórcio.

"Divórcio só é uma maneira de demonstrar que você fracassou na coisa mais simples do mundo: amar"

Ele me disse essa frase quando minha mãe quis se separar dele, poucos meses antes de adoecer e falecer. Meu pai fez tão bem seu papel que eu nunca cheguei a realmente sentir a ausência dela. Tomado pela cólera eu desço as escadas até meu escritório que é onde eu guardo minhas garrafas de bebida. Passei o resto da noite bebendo ali, onde me deliciei no oximoro do silêncio ensurdecedor da minha nova vida.

ALICIA

Jonathan chegou tão cansado do plantão que achei melhor não contar nada a ele. Também acho que é melhor assim, pois não acredito que eu esteja pronta. Conversei com Henrique por ligação, o seu motorista vai me ajudar a encontrar um novo apartamento e estará sempre a minha disposição e de Miguel. Não que eu ache tal coisa necessária.

- Seus pais ligaram - comento quando ele está no banho e eu escovando meus dentes.

Jonathan tem seu próprio apartamento, mas passa a maior parte no meu. Eu já brinquei que deveríamos dividir o aluguel, mas agora entendo que é importante ele ter o próprio apartamento. Se terminarmos por causa do filho que estou esperando ele já tem um lugar para morar.

- Está tudo bem? - ele pergunta colocando a cabeça cheia de espuma para fora do box.

- Sim, eles só estão com saudade - ele sorri e volta a fechar a porta de vidro.

- Quando eu estiver de folga em um feriado a gente poderia fazer um bate a volta para lá.

- É uma boa ideia - respondo antes de sair do banheiro.

Deito e começo a mexer em qualquer coisa do meu celular, quando Jonathan sai do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e gotículas de água pelo seu corpo. Involuntariamente eu mordo meu lábio inferior enquanto meus olhos varrem o corpo de Joanthan de baixo para cima, quando chegam aos seus olhos azuis ele solta um sorriso travesso, como se soubesse exatamente os pensamento pecaminosos que estão em minha cabeça.

- Esse banho foi revigorante - disse se aproximando da cama.

- E isso significa?

- Significa que quiser eu posso te fazer gritar, mas só se você quiser, meu amor.

Ele sussurra essa frase tão próximo a minha boca que eu não consigo nem pensar em outra coisa além de ter ele enterrado no meio das minhas pernas. Eu puxo Jonathan para um beijo e encaixo minhas pernas ao redor de seu tronco. Ele me beija com avidez enquanto com um movimento simples me arruma na cama para ficar com seu corpo ainda mais colado ao meu.

- Me diz o que você quer, Ali - fala antes de mordiscar o lóbulo da minha orelha, causando arrepios por todo meu corpo.

- Você - respondo quase sem fôlego.

Jonathan ergue a barra da minha camisola e com a boca retira minha calcinha de renda cor-de-rosa. Ele passa o dedo pela minha vulva e sorri satisfeito ao notar a minha umidade. Com um movimento rápido ele se livra da toalha e olhando desse ângulo posso jurar que vi seu membro pulsar ao ser exposto.

Jonathan volta a me beijar com avidez e nossas partes intimas se tocando me fazem puxá-lo para mais perto com as pernas, desejando com afinco que não houvesse mais nenhum espaço entre nós. Mas ele se afasta e meu corpo imediatamente sente o frio da sua ausência.

Com delicadeza ele coloca minhas pernas em seus ombros e distribui beijos no interior de minhas coxas, o calor entre minhas pernas se intensifica, pois sei exatamente o que vem a seguir. Sem pressa Jonathan me toma com sua boca quente, me fazendo ofegar. 

Sua língua vai traçando um mapa por toda a minha vulva, não esquecendo nenhum espaço, me fazendo gravar as unhas em suas costas quando o prazer toma conta de meu corpo. Jonathan volta beijando meu corpo até encontrar meu lábios e me fazer provar meu próprio gosto. E como sempre, antes que eu possa pensar direito depois de um orgasmo intenso, Jonathan me preenche completamente. 

Nada importa nesse momento, meus problemas não existem quando esse homem está dentro de mim. Com movimentos firmes ele vai me fazendo esquecer até meu próprio nome. Quando estou a caminho de um novo orgasmo fecho meu olhos, mas Jonathan aperta minha garganta com sua mão forte, mas sem me machucar. Abro meu olhos e o encaro.

- Quero ver seus olhos revirarem - ele fala de forma ofegante.

Mordo meu lábio e continuo o encarando. Quando Jonathan percebe que estou quase lá, ele aumenta a velocidade e intensidade das estocadas. Meu clímax chega junto com um grito de prazer que eu não consigo controlar. Minhas pernas tremem enquanto Jonathan chega ao seu prazer.

Totalmente satisfeitos e cansados, deitamos abraçados. Jonathan desenha linhas invisíveis nas minhas costas utilizando o dedo. Numa oração silenciosa eu peço para que o destino não leve isso que temos embora, que faça Jonathan ficar, ficar comigo. E com esse pensamento eu caio no sono. 

ANA BEATRIZ

Nos dias que se passaram eu me concentrei na reforma do meu novo estúdio, eu ainda tinha muitas coisas na casa de Leon e após o divórcio, que já tinha data marcada, eu teria que buscar. Talvez pedisse para alguém buscar e evitar encarar Leon outra vez.

- Eu estava pensando - Maria Eduarda diz entrando no estúdio - que antes de você procurar algum emprego, nós poderíamos viajar para algum lugar.

- E para onde? - Pergunto enquanto desempacoto minha nova mesa digitalizadora.

- Barcelona.

Entendi o que ela estava tentando fazer. Joaquim morava em Barcelona. Maria Eduarda estava tentando fazer algum esquema para nos encontrarmos. Mas eu sou mais esperta que ela.

- Não gosto de Barcelona, poderíamos ir para o Itália, ouvi dizer que a Toscana é maravilhosa nessa época do ano.

- Ótimo - ela sorri e sai do estúdio, simples assim.

Maria Eduarda está aprontando alguma coisa e eu ainda vou descobrir, mas por enquanto vou me concentrar em desempacotar todas as minhas coisas e artigos para decoração. Esse novo estúdio de design será um novo começo. Quero aprimorar meus conhecimentos, aprender novas coisas, por isso, gostaria que minha mãe concordasse em me deixar fazer um doutorado no exterior.

Meu celular vibra com uma nova mensagem, me tirando de meus pensamentos.

"Não pense que escapará de mim tão fácil, olhos lindos."

Não tenho o número salvo, mas não preciso ser um gênio para saber de quem é a mensagem. Nem me dou ao trabalho de responder. Ele que vá sonhando que um dia terá alguma coisa comigo.

Além daquele beijo que já aconteceu, minha mente corrige. Aquele maldito beijo.


Corações ErradosOnde histórias criam vida. Descubra agora