Colour me in [Taehyung]

quando o dia encontra a noite

Júlia P.O.V

Ele sorriu para mim como se eu tivesse vestindo algo estranho. Aquele par de olhos castanhos e profundos me desconcertaram por um momento. E então, quando a realidade bateu a porta eu não pude evitar de levar as mãos até o cabelo e olhar minha roupa que tinha uma mancha de tinta. Quando alguém me olha, ainda mais sendo tão bonito, eu sempre acho que tem algo de errado com a minha aparência.

Ele era alto e tinha ombros largos. Seu cabelo preto era um pouco bagunçado, mas uma boina disfarçava. Era exatamente o tipo de pessoa que você encontrava nas ruas de Paris. Ele usava uma camisa que parecia cara, uma calça de veludo cotelê, e tinha um rosto que parecia esculpido por um artista.

Olhei para trás em seguida, porque percebi que seu olhar não estava direcionado a mim, e a sensação de alívio tomou conta do meu peito. Ele estava sorrindo para o meu pai que caminhava sorridente com o um amigo atrás de mim. Para não chamar a atenção do homem mais bonito que eu já vira na vida em um dos meus piores dias, fiquei longe do meu pai, me afastando alguns passos para a direita e entrando rapidamente na galeria, com a certeza de que ele não estava olhando para mim.

Meu pai é um pintor conhecido. Um desses que todo mundo já ouviu falar ou já viu nos livros da escola (dependendo da sua idade). De dentro da galeria, sentada em um banco que rodeava uma escultura, vestindo minha jardineira e all star, pronta para mais um dia de trabalho, vi o rapaz estender a mão para o meu pai e o cumprimentar com um largo sorriso no rosto. Nós estávamos numa entrada restrita, então, logo admiti que ele deveria ser um artista também.
Eles trocaram algumas palavras e ele abraçou meu pai.  Ele parecia perfeitamente o tipo de pessoa que meu pai gosta: pessoas que abraçam.

De relance, vi meu irmão se aproximar com um copo de café. Quando ele sentou, encostei a cabeça em seu ombro e ficamos ali sem dizer nada. Paul sabia que eu odiava interações sociais, e era especialmente difícil pela manhã. Mas, como sempre, meu pai insistira com todo aquele charme. A coisa mais importante para ele era eu e meu irmão. Ele nunca esconderá isso de ninguém. E talvez, por isso mesmos escondia-nos da mídia. Ele tinha muito medo porque recebia alguns comentários maldosos na internet e até mesmo pessoalmente. Então, quando a exposição era importante para ele, ele nos levava e pedia que agíssemos com discrição. Normalmente ele arrumava uniformes e crachás de staff pra gente. Eu estava com um desses crachás.

O rapaz mais bonito que eu já vira aproximou-se de mim e de Paul. Eu dei um salto quando percebi que ele estava caminhando em nossa direção. Mas tentei agir normalmente lembrando do crachá. Não tinha ninguém da equipe sentado por ali como eu e meu irmão. Paul percebeu e pude ver seu sorriso se formando no canto dos lábios, ele me deu uma cotovelada de leve. O que me deixou envergonhada. O rapaz parecia um pouco perdido, olhava em volta sem saber onde descansar os olhos. Que então, se encontraram com os meus. Eu fiquei olhando por um instante até que nós desviamos o olhar. Ele se virou de novo e apontou para meu café. "Ah, ele está procurando a cafeteria", pensei. Ele parecia asiático ou de descendência asiática, não tinha conhecimento o suficiente pra poder dizer ao certo de qual país. Como ele apontara em vez de falar, assumi que ele não falava francês.

- Fica por ali. - falei em inglês e apontei a direção para o balcão com o dedo indicador.

- Ok. Obrigado. - ele me respondeu um pouco tímido.

Paul olhou para mim com um sorriso nos lábios:

- Então quer dizer que você está melhor do que eu imaginei. - ele disse enquanto olhávamos o rapaz se afastar um pouco desajeitado. - Acho que ele não conhece ninguém aqui, ele parece um pouco deslocado.

- Se quiser pode falar com ele. Ele é bonito demais para eu ficar perto. - eu ri. - me sinto um pouco... Desconfortável. Parece que os olhos dele estão invadindo minha alma.