Capítulo I

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                      Paris boy

"Você pode até não desejar, mas a máfia irá te encontrar."

A recém formada em uma simples e barata faculdade em Paris, onde cursava jornalismo, (S/n) havia acabado de começar a sua procura no mercado de trabalho, onde pensou que vastas oportunidades e chances esperavam por ela.

No entanto, a realidade tende a bater na porta nos momentos de mais necessidade e após meses de incansáveis procuras por qualquer tipo de trabalho -por Deus, mesmo formada em jornalismo, ela chegou a pedir emprego até em uma academia.- e as contas de sua pequena morada, todas incrivelmente atrasadas, providências deveriam ser tomadas.

(S/n) não queria se envolver com assuntos tão pesados, afinal seu sonho era ser âncora em um programa qualquer de notícias, nos quais ela costumava ver quando tinha algum tempo. Talvez até escrever matérias importantes e relevantes para a capital, em jornais.

Mas com certeza não estava nos seus planos aceitar aquela proposta, feita a meses atrás quando iniciou sua incansável entrega de currículos.

Joseph Martínez era um senhor quase chegando a denominação de idoso, que trabalhava em uma grande organização que foi secreta até alguns anos atrás, contudo, nos dias atuais apenas ele acredita que é tudo de extrema confidencialidade. De alguma forma, Martínez conseguiu o contatar a moça já incrivelmente desesperada por emprego.

Era algo simples, segundo ele, é claro.

Entrevistar pessoas nas ruas de Paris, em locais específicos e talvez até perigosos. Pois segundo o mais velho, de alguma maneira, mesmo que sem a intenção ou confissão, eles iriam revelar aos poucos o paradeiro de um jovem moço no qual era procurado a anos.

No entanto, havia um pequeno problema.

O homem procurado era Kim Taehyung. O maior assassino de aluguel da França.

E sucessor de Valentin, o velho cujo sobrenome nunca foi identificado, ele era um dos homens mais temidos da Europa.

Afinal, ele era o chefe da maior máfia do solo francês.

🚬

– Bom dia, gostaria de falar com o Joseph Martínez. – a moça falou com expectativa, havia acordado cedo apenas para aquela ligação. – Diga que meu nome é (S/n), ele me ofereceu um emprego algumas semanas atrás. – respondeu quando a secretária perguntou seu nome.

Não era o emprego dos sonhos da garota, nunca pensou em contribuir com algo ligado a polícia, ela não cursou jornalismo com essa intenção. Por isso ela mordia a pontinha da unha em nervosismo explícito, ansiosa e com medo.

“E se me prenderem? E se a máfia me descobrir? Será que serei morta?”

Eram os constantes pensamentos que lhe invadiam, todos com tendências pessimistas.

– Olá? (S/n)? Está aí?

– Sim, senhor! – exclamou assustada, ela tinha um ar um tanto ingênuo.

– Certo, já desistiu da sua inútil busca? – falou debochado.

Joseph era um homem amargo, com personalidade forte que era desagradável aos olhos de muitos.

(S/n) era uma dessas pessoas.

– Escute, é um trabalho confidencial, ninguém poderá saber sobre ele e você não poderá levantar suspeitas. – continuou sem deixar espaço para ela responder. – Não se preocupe com o salário, o governo irá te pagar bem, mas pelo amor de Deus, não estrague tudo.

Ela apenas murmurou em compreensão, começando a anotar tudo o que aquele homem falava, os endereços, horários e informações que seriam necessárias para ela assimilar os assuntos, todos envolvidos com a máfia e Kim. Forneceu seu e-mail para receber a lista de perguntas no qual utilizaria e questionou por último, sobre a aparência do assassino.

Ela estava morrendo de medo.

– É por isso que esse trabalho é tão importante, Senhorita. – confusa, a moça não entendeu o que ele proferiu. – Nós não sabemos a fisionomia de Kim Taehyung, é uma incógnita que nem os melhores detetives de nossa companhia conseguiram descobrir. – dando o assunto por encerrado, Martínez se preparou para desligar a chamada mas antes falou a frase que causou náuseas em (S/n). – É uma grande responsabilidade criança, conto com você para descobrirmos algo mais relevante. – dando fim a ligação, ela ficou sozinha com um bilhão de pensamentos e questões.

Afinal, se nem os melhores detetives conseguiram, quais eram as chances dela conseguir?

Uma jornalista gostaria de um cargo em uma revista, uma emissora de televisão local mas procurar por um assassino de aluguel completamente perigoso?

Por Deus, o desespero havia mexido com sua cabeça.

Que tipo de pessoa aceita propostas tão perigosas? Joseph havia alertado sobre os inúmeros perigos, os possíveis sequestros, mortes, sobre possivelmente ficar marcada na máfia.

E com isso não veio a frase tranquilizadora usada em filmes de ação, onde personagens normais entram de supetão em missões polícias. Ela tinha a esperança, esperou ansiosamente por um “Não se preocupe, a polícia vai estar de olho e nada de mal acontecerá com você.” que não chegou, obviamente. A polícia estava focada em crimes pequenos e Joseph não era tecnicamente da polícia, afinal organizações governamentais não podiam ser consideradas simplesmente polícia.

“Ó meus Deus, eu me envolvi com algum tipo de FBI e máfia ao mesmo tempo!”

Se por dentro, ela se encontrava no mais profundo e maçante desespero, com medo de não concluir sua carreira iniciada a poucos meses, temerosa com a morte que podia ser eminente, talvez até andante ao lado dela. Por fora, (S/n) era a mais linda personificação da calma, com uma pequena prancheta em mãos e algumas canetas no bolso frontal da camisa social, ela se dirigia até o local no qual lhe foi indicado pelo -agora- seu chefe.

Com os lábios pintados em um tom forte de vermelho, ela procurava chamar a atenção dos civis que passavam distantes de si. Evitando ao máximo a mulher parada na frente de uma loja qualquer da rua, nenhum realmente ligava com qualquer pesquisa que ela estava fazendo. As velhinhas eram uma exceção, já com tempo de sobra, paravam de bom grado, sem ao menos serem chamadas para responder um questionário simples sobre aquela área da cidade.

Elas eram inúteis naquele momento, com certeza não saberiam nada sobre a máfia e muito menos Kim Taehyung, (S/n) já havia decidido que aquilo seria uma perda de tempo total. Martínez não aparentava ser tão inteligente afinal, mesmo em um patamar algo, esqueceu que todos repeliam entregadores de panfletos e moças com questionários.

Ela não encontraria pistas sobre os frequentadores da região e nem o índice de criminalidade por ali, não com aquelas senhoras de idade e crianças curiosas. Haveria de ser demitida em poucas semanas, sem ao menos receber seus primeiro salário, que ao menos sabia o quanto seria.

Mas a ingenuidade as vezes deixa passar coisas importantes.

E bom, a máfia te encontra em qualquer lugar. Mesmo quando quem está a procurando, é você.

Paris boyOnde histórias criam vida. Descubra agora