Rei de todos, menos dela

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Adrien

E treinamos.

Todos os dias durante o resto daquele mês. Enquanto eu destruía ripas de madeira, minha mãe fazia algum tipo de hipnose nos animais à volta.

E, claro, não seria eu quem a avisaria o quanto aquilo era bizarro.

No final do mês, nos reunimos na clareira e minha mãe repassou um plano no qual ela estava trabalhando há um bom tempo.

— Ele sabe onde fica seu castelo, Adrien. Não podemos deixar que ele entre e se aposse de seu trono. Então iremos emboscá-lo na entrada.

— Mãe... Eu meio que não tenho um castelo.

— Ah, você tem sim. Vou levá-lo até lá.

Confesso que eu não esperava uma construção de cinco andares com paredes de pedras negras. Nem um trono de prata. Muito menos uma coroa cravejada de esmeraldas.

— Isso tudo é meu? Desde quando?

— Não prestou atenção em nada do que eu expliquei, Adrien? Este lugar é seu desde que nasceu. Não percebeu que o povo daqui é diferente? Eles clamam por seu rei, clamam por você!

Olhei mais uma vez para o trono e a coroa ao lado. Aquilo realmente parecia certo.

— Emily?

Meu pai estava parado na entrada do hall. Aquela não era uma boa hora.

— Gabriel? O que está fazendo aqui? — minha mãe não parecia muito feliz por perder o elemento surpresa.

— O que eu estou fazendo? Como sabia desse lugar, Emily?

Ela virou-se para mim e indicou o anel com o olhar. Me transformei logo depois dela.

Meu pai nos encarava, incrédulo. E agora, repassando todo o treinamento, comecei a me perguntar se ele realmente deveria ser destruído. Mas minha mãe se adiantou.

Retirou uma das penas do leque e lançou seu feitiço de controle, mas ao invés de dirigí-la ao meu pai, a pena veio para mim.

Enquanto ela se dissolvia no meu bastão de combate, ouvi a voz da minha mãe ecoando na minha mente:

Você não vai parar agora, Adrien. Deixe-me fazer isso por você, querido. Então tudo isso será seu.

Tentei pensar em qualquer outra coisa exceto aquela sala, aquele castelo, aqueles poderes e os meus pais, mas a voz dela permanecia me corrompendo.

Isso vai acabar logo, meu filho. Apenas uma palavra. Apenas um cataclismo. E venceremos.

Tentei resistir ao máximo, mas o controle dela era maior.

Cataclismo.

Corri em direção ao meu pai, lutando contra todas as ordens que eu recebia dela, mas não pude evitar. Fechei os olhos enquanto meu poder atingia o coração do meu pai.

[...]

Afinal, o Tibet não era nada do que parecia. Depois de uma pequena "ajuda" da minha mãe para sair da crise existencial em que ela mesma me deixou, consegui sentar no trono e colocar a coroa. No segundo seguinte, tínhamos orelhas pontudas, pernas grandes, sentidos aguçados e um reino enorme a poucos metros do castelo.

O Brilho Nos Meus SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora