Máscaras (Girafa)

62 - Obrigada por me escolher

POV RAFA

Saímos do bar morrendo de rir, estávamos indo para o último lugar escolhido por Gizelly , então quem dirigia era ela, subimos várias ruas íngremes até que casas não mais eram avistadas no entorno, observei que agora ela conduzia com cautela. O asfalto deu lugar a um trecho amplo de terra e alguns desníveis, subimos até não ter mais para onde subir, Gizelly estacionou próximo a uma cerca e descemos do carro. O clima após os micos e risadas havia ficado descontraído demais e estava ideal para tudo que precisava ser dito.

Ela me beijou rapidamente nos lábios e pegou algo na traseira da caminhonete, percebi que era uma garrafa de algum vinho que não identifiquei a marca e um lençol, me puxou pela mão e passamos por debaixo da cerca.

- Sabe Gi eu sou uma oficial – falei enquanto nos equilibrávamos para passar por debaixo da estrutura de madeira – isso aqui não é invasão de propriedade não?

Ela riu baixo e depois que estávamos do outro lado ela me respondeu.

- Não, e se fosse você podia alegar que ouviu o grito de alguma donzela indefesa – apontou os dois indicadores para si – e teve que invadir para me salvar.

- Indefesa é? – Não deixei que ela avançasse, a abracei e colei meus lábios nos dela, nosso beijo era sem pressa com um encaixe certo e gostoso.

- Uhum – continuamos a nos beijar até que ela interrompeu e me puxou para que caminhássemos até chegarmos próximas a uma rampa – Só encurtamos o caminho Rafa, não se preocupe, mais a frente tem uma entrada apropria, vem! – ela me puxou.

O céu estava lindo, cheio de estrelas e a lua cheia, que refletia a luz na noite, juntamente com as luzes da cidade lá em baixo ao longe, dispensavam qualquer tipo de iluminação artificial, o local era um mirante bonito que possuía várias tonalidades de verde devido à variedade de vegetação, tinha uma linda visão panorâmica da cidade e estradas do entorno, Gizelly ia me explicando sobre o lugar enquanto estendia a tolha no chão.

- As pessoas vêm aqui para praticar Parapente, assistir ao pôr/nascer do sol e namorar – sentamos próximo a rampa de voo livre de frente para a visão – Aqui é muito lindo de dia também.

- Você já veio aqui com alguém? Para fazer alguma dessas coisas? – Sentei ao seu lado e apoiei as duas mãos atrás do meu corpo.

- Já sim! - Gizelly abriu o vinho, cruzou uma perna sobre a outra e se virou de lado para mim.

- Fernanda, talvez? – eu disse sem conter um pouco do ciúmes de mais cedo. Ela riu e deu um longo gole no bico da garrafa.

- Não Rafaella Ciumenta Kalimann , vim com alguns amigos de dia , eles desceram ali de paraglaider , eu caguei de medo então fiquei aqui só observando essa linda vista e pensando que aqui ficaria lindo de noite sobre o céu estrelado, o que eu tinha razão, também pensei que um dia eu gostaria de trazer aqui alguém especial para compartilhar dessa paisagem comigo - me estendeu o vinho e estalou a língua – também tinha razão nesse ponto.

- Touché - Aceitei o vinho e me limitei a sorrir com as bochechas coradas, ela suspirou divertida.

- A última vez que falou sobre conversarmos eu descobri coisas surpreendentes – Eu tombei minha cabeça para olha-la, beberiquei um pouco do conteúdo da garrafa e devolvi, ela arregalou os olhos dando ênfase no surpreendente e tentei buscar em suas feições algum sentimento de rancor pelo passado mas não vi nada – Vamos, estou preparada.

- Você e sua mania de ter um ritual para me ouvir – ela riu.

- Tenho que me preparar psicologicamente, vamos, atira! – bateu nos peitos de forma divertida.