A Cidade dos Campos Floridos

Capitulo 1: Folhas de Outono

E lá estava Beatriz novamente perdida em seus pensamentos sobre como seria sua nova vida em Roseville. Ela iria fazer amigos facilmente como sua mãe? Será que os estudos lá estariam adiantados? Sua casa teria um quintal onde ela pudesse plantar suas flores preferidas? Na tentativa de espantar alguns pensamentos negativos a respeito desses questionamentos, ela decide focar sua atenção na paisagem que estava bem ao seu lado.

-Lindo, não é mesmo?-Sra. Rosemery fala, pondo sua mão sobre a da filha.

-Isso é perfeito!-a garota exclama, ao se debruçar na janela do trem.

-Sabia que iria gostar. -A mãe afirma, contente.

Sra. Rosemery e o sr. Miles, planejavam morar na ilha de Pansy Lily desde crianças. O sonho de seu marido era de abrir o próprio consultório em alguma cidadezinha em que não houvessem clínicas por perto, certamente, este seria o caso de Flowerville, o lugar para onde as duas estavam se mudando. Após dez anos trabalhando em uma pequena lojinha de doces, estudar e ler vários livros sobre remédios feitos com plantas medicinais, Rosemery finalmente junta dinheiro para comprar um estabelecimento no lugar em que tanto sonhara com o marido.
Realmente, o esforço valia a pena. -ela pensou, levemente fechando os olhos para uma soneca.

-Mãe -A menina a sacudiu- Chegamos.
Num piscar de olhos, as duas se levantam, pegam suas malas e de mãos dadas adentram em sua nova aventura.

-Ah!-Beatriz exclama, ao respirar fundo, sentindo o cheiro do capim.

-Vocês devem ser Rosemery e Beatriz Hayes, não é mesmo?-fala uma sra. baixinha que usava um vestido marrom escuro que por pouco não tocava o chão.

-Sim, somos nós mesmas. -afirmou a mãe da menina.

-Oh, muito prazer. Sou Abigail Benedetti. Mas prefiro que me chamem de sra. Abi.

-Ah, está bem. -disse Rosemery sorridente.
-Estou aqui para leva-las até sua casa nova. -a sra. pronunciou. -Vocês irão amar.

-Está bem. Obrigada sra. Aby.
-Oh, não tem de que. -falou a velhinha, indo na frente delas.

As flores pareciam apenas aumentar a medida que as garotas se aproximavam de sua casa.

-Orquídeas! -Beatriz exclama, ao ver sua flor preferida.

-Por aqui há todo tipo de plantas. -comenta sra. Aby.

Agora a menina havia entendido o motivo de a cidade possuir aquele nome.
Faltavam algumas quadras para que elas chegassem até seu novo lar, quando sra. Rosemery sente que iria cair a qualquer momento. Ela se apoiou no ombro da filha e a mesma parou por um instante, preocupada com a mãe.

-Você está bem? -a garota perguntou.

-Só estou com um pouco de fome. -ela respondeu.

-Aconteceu alguma coisa? -sra. Aby se virou para trás, vendo que as duas estavam estaquiadas.

-Está tudo bem! -a garota gritou enquanto sra. Aby caminhava em direção a elas.

-Mamãe e suas vertigens. Geralmente fica assim quando fica bastante tempo sem comer.

-Venham comigo. -a velhinha as arrastou pelo braço. -Vou dar a vocês algo para comerem.

-Oh, não se preocupe conosco, sra. Aby. Temos alguns sanduíches na mala. -respondeu Rosemery.

-Já está no horário do almoço, Sra. Hayes! Eu tenho um café aqui pertinho. Vai ser de graça.

Realmente o café de sra. Aby era perto dali, mas a mãe da menina não queria abusar de sua boa vontade.
Mesmo contrariada, sra. Rosemery sentou-se em uma de suas mesinhas redondas de madeira, apenas esperando sua refeição.

-Ela me parece uma boa pessoa. -disse Beatriz, lembrando-se de uma frase que sua avó dizia:
" De vez em quando aparecem pessoas que são quase como anjos aqui na Terra.". Afinal, os sanduíches deveriam estar mofando com o sol que fazia naquele horário e as duas não possuiam condições no momento de pagarem aquela refeição.