Repousou as mãos sobre o rosto entediada, a aula de Álgebra era tão sufocante para Natalie. Os números em desordem, o professor de cabelos ralos explicando novamente o calculo para a novata, as conversas tolas dos populares, garotas contando como foi seu final de semana com aquele garoto que sempre quis transar. Aquela sala era angustiante. Natalie suspirou, encostou suas costas sobre a cadeira de madeira e cruzou as pernas, cantarolou alguma música dos The Beatles e colou seus olhos sobre o celular que vibrava sem repúdios, pegou-o em sua mão fina e magra, riu fraco ao ler a mensagem de Harry.
“Obrigada por comparecer á escola hoje Tarkovsky. Seu melhor amigo está bastante feliz com isso!”
Natalie releu a mensagem, sorrindo. Tinha chegado atrasada e esqueceu-se de avisar ao amigo, deixou o celular ao lado do caderno e livros, pensou que não tinha necessidade de mandar uma mensagem com sete minutos para o final da aula. Descruzou as pernas, observando as paredes brancas e os desenhos colados sobre os mesmos, como o armário de madeira escuro com inúmeros livros ao lado da porta branca. A garota sentava sempre na penúltima cadeira, ao lado das janelas para observar o nascer do sol, ela se orgulhava de receber uma das imagens mais bonitas quase todos os dias, mas o tempo estava fechado e fazia cerca de nove graus, uma careta triste desenvolveu no rosto de Natalie, nunca foi aberta á dias frios e com chuvas, sempre odiou a atmosfera obscura e depressiva que lhe dava. Pousou seus olhos castanhos sobre seu suéter relativamente grande cinza com escritas pretas, depois em sua legging preta e um dos seus creepers pretos, lembrou-se como foi uma briga achar seus dois pares de meias para colocar naquela manhã, sempre foi friorenta e como era magra demais, qualquer vento podia arrastá-la.
Sentiu-se sozinha por um momento, na aula de Álgebra não tinha nenhum amigo. Claro que tinha alguns colegas, mas não se sentia bem perto deles. Arrumou sua toca sobre os cabelos, cruzou os braços e se pós a dormir, ou tentar dormir pelos últimos minutos que lhe restava para arrumar sua mochila, encontrar Harry e seu bando de amigos, tentar saber de alguma novidade e correr para a próxima aula. E isso tudo em apenas quatro minutos, se não quiser ficar para fora. Naquele momento recordou-se de Mellanie, não falava com a amiga quase dois dias depois de chegar bêbada em casa, sem blusa e levar uma surra de seu pai. Soube deste incidente depois de receber uma mensagem melancólica da garota, dizendo que iria passar uns dias com sua avó em Miami. Mellanie era uma boa garota, só não sabia fazer as coisas certas.
O sino estridente apontando o final da aula soou sobre a sala, fazendo todos se levantarem rapidamente e saírem como leões tentando pegar sua presa. Natalie se levantava rapidamente, colocava seus livros e caderno sobre a mochila, pegava seu celular e rumava para sair da sala, mandou um sorriso fraco para o professor e tentou se concentrar para achar seus amigos sobre o formigueiro de pessoas que aglomeravam sobre o andar principal que indicava as escadarias. Entrou sobre a multidão, olhando para os lados e viu-se perdida, pessoas vinham de todos os lados e as vezes paravam em sua frente sem motivos, isso fazia-lhe ficar tonta. Continuou a se emboscar sobre as pessoas e então conseguiu achar um boné verde água, o preferido de Harry. Ele se encontrava ao lado da escadaria aos risos com Max, sem notar que Natalie vinha sorrateiramente atrás de si e dando-lhe um abraço em sua cintura.
— Mas que porra.. — Harry falava, quando Natalie se ponderou ao seu lado rindo furtiva. — O que você está fazendo aqui?
Harry usava uma blusa branca com um casaco varsity por cima, calça jeans preta e seu Vans azul. Um sorriso se formou no rosto do garoto, puxando Natalie com seu braço em seu pescoço. A pele negra de Harry estava mais bronzeada — o que era incrivelmente difícil na época do frio — e seu rosto não tinha uma sequer barba. Os olhos castanhos escuros fitavam-lhe com curiosidade, seus cabelos tinha um corte simples, apenas uma amparada no cabelo que às vezes mal se via. Sua voz era grossa e ridiculamente alta, parecia estar sempre em alerta.
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Geração XXI
RomanceHistórias fabulosas de mentes refinadas e esotéricas, algo intitulado como aventuras de adolescentes e cotidianos de adultos com doce de amargura. Talvez seja essa á praga do século XXI. Muitas coisas mudaram.. Guerras, relacionamentos, o governo, a...