O celular da Eduarda tocou, era o engenheiro Taiko Dentaku. — Taiko! Você está bem?! — Acabei de enterrar a minha esposa, e filha! Como você acha que eu estou?! Por que me ligou?! — Eu queria umas informações sobre a mansão que estamos demolindo. — Essa mansão foi vendida várias vezes, ao longo de muitas décadas, mas todos que a compravam, ou morriam em desabamentos, ou a vendiam logo depois! — Isso explica por que ela ficou abandonada por tanto tempo. — Ouça! Estou me desligando dessa obra. Outro engenheiro vai me substituir. Não quero mais saber dessa casa maldita! — Mas, Taiko! Você sabe muito sobre essa casa! Preciso de você, para resolver isso! — Taiko ficou em silêncio. — Taiko!? Taiko!? — Está bém! Já perdi minha casa, e a minha família mesmo. Pior que isso, não vai ficar. Estou indo aí, para a casa do Wellington. — Não... — Não? — Eduarda se enluteceu, e a Lucília pegou o celular da mão dela. — A casa dele também desabou, e ele está respirando por aparelhos no hospital! Nós estamos indo para a casa demolida! — Quem é essa aí, que tá falando?! — Uma amiga da Eduarda! — Respondeu, Lucília, abraçando a pedreira. — Se quiser nos ajudar, venha. Se não quiser, foda-se! — Lucília desligou na cara do engenheiro. — Lucília acolheu Eduarda em seus braços. Ela enxugou as lágrimas da sua fã com o dedão, e as duas continuaram juntas, por mais alguns minutos.
Quando a Eduarda se recompôs, elas saíram da escola, e caminharam até o carro de Lucília. Ela pegou o colar com o cristal, e disse: — Meu pai colecionava cristais, e este aqui, ele dizia que tem o poder de criar zonas de proteção espiritual. Mas eu só posso usar numa emergência, pois ele tem uma vida útil bem curta. Ele o chamava de itanakuar. Vamos! — Lucília e Eduarda entraram na casa abandonada, gritando o nome do Haziel, e procurando por ele. Lucília tinha muitos equipamentos, e dispositivos, além de uma câmera de cabeça, que filmava tudo o que acontecia. — Hoje, eu estou com uma fã, que agora se tornou em uma das minhas amigas, no caso mais macabro da minha vida! Já vão deixando o "like" aí, e compartilhando, para afastar os maus espíritos, e não serem mortos pela própria casa de vocês! — Desliga essa merda, Lucília! Até num momento desses, com um amigo perdido, criança órfã, e tanta gente morrendo, você só consegue pensar em visualizações!? — Lucília se irritou com a Eduarda, e retrucou: — Esse é o meu trabalho, goste você, ou não, eu não posso desperdiçar uma oportunidade como essa! — OPORTUNIDADE!? Vou fazer você engolir essa câmera, Lucília! — Elas brigaram no meio da sala empoeirada daquela casa velha. Eduarda tentava tirar a câmera da cabeça de Lucília, e ela não deixava. A briga foi interrompida pelos apitos daquele mesmo espectrômetro. — É ela, Eduarda. Me solta! — Lucília ligou outras câmeras, sensores, colocou um óculos eletrônico, e o colar do cristal no chão. — Fique bem perto de mim, Eduarda, e você estará segura. EU PROCURO POR AQUELA QUE ATENDE PELO NOME DE ANDREZA MALACHIAS! — Após pronunciar isso, Lucília tocou no cristal, que acendeu, e um quadrado luminoso se formou ao redor das duas mulheres, ao mesmo tempo em que as portas da casa e seus móveis, assim com as janelas, se moviam sozinhos, batendo freneticamente. — ANDREZA MALACHIAS! MANIFESTE-SE! — Nesse momento, ocorreu um barulho metálico, e logo em seguida, um ruído de vazamento de gás. — Estou sentindo cheiro de enxofre! É o próprio Diabo que está aqui! — Que Diabo! Isso é gás encanado! Precisamos sair daqui, agora, Lucília! — E a zona de proteção!? — Não vai servir pra nada se a gente não sair daqui! Depois você faz outra! Vamos!
Eduarda puxou Lucília para os fundos da mansão. A influenciadora digital pegou o seu colar de cristal, e ao sair da zona de proteção, ela se desfez. No mesmo instante em que elas chegaram num local com uma piscina asquerosa, cheia de água pútrida, a explosão aconteceu, e lançou as duas para dentro dessa piscina. Lucília saiu primeiro, com os seus equipamentos em curto, e ajudou Eduarda a sair da piscina. — Droga. Agora, teremos que combater essa entidade à moda antiga. E sem o Haziel, vai ficar realmente difícil. Vem comigo! Precisamos descobrir com o quê estamos lidando! — A pedreira acompanhou Lucília pela mansão, que trepidava cada vez mais, ampliando as suas rachaduras. Lucília comemorava, agradecendo a sua nova amiga: — Hahaha! Isso é incrível, Eduarda! Vou ficar famosa no mundo todo, graças a você! Obrigada! — E logo após, elas deram de cara com uma porta, muito bem selada. Uma voz podia ser ouvida, vinda do outro lado, e Lucília a reconheceu. Era a voz de Haziel. Desesperada, Lucília tentou liberar a porta com as próprias mãos, mas não conseguiu. Eduarda sabia o que fazer dessa vez, e com um pé de cabra, ela abriu a porta. E assim, elas encontraram um grande depósito, com muitas ferramentas, produtos diversos, e materiais de construção, que caíam das prateleiras com a vibração constante, e inexplicável. Lucília chamou o seu amigo, e ele apareceu, com pregos enferrujados perfurando todo o seu corpo. Isso acabou com a alegria de Lucília, que usou novamente o seu cristal, fazendo uma segunda zona de proteção. — Haziel! Haziel! Venha! Rápido! — Ela o chamava, balançando a mão, estendida, mas sem sair do quadrado luminoso. — Meu deus... o que é aquilo? Edu... Eduarda... você está vendo aquilo? — Uma sombra sem forma definida, mas com dois olhos vermelhos, passeava pelo teto, levando vários objetos com ela. — Meu Deus, meu Deus, meu deus! HAZIEL! CORRE! VAMOS! VENHA AQUI, AGORA! — A sombra atirou os objetos na direção de Haziel, que caminhava com dificuldade, mas conseguia se desviar de tudo aquilo que o atingiria. Quando ele estava a poucos metros da zona de proteção, uma pancada subterrânea levantou tudo do chão, inclusive as duas moças, criando um precipício ao redor da zona de proteção. Aquela entidade era capaz de fazer o solo parecer uma borracha. Lucília, e Eduarda, ficaram isoladas. — HAZIEEEEEEEEEL!!! — ELA É MUITO FORTE, LUCÍLIA! MEUS AMIGOS DO ALÉM ESTÃO TENTANDO ME AJUDAR, ME DIZENDO TUDO O QUE ELA VAI FAZER, MAS ELES TAMBÉM ESTÃO ME DIZENDO QUE É IMPOSSÍVEL DERROTÁ-LA! ELA É A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO, CITADA NA BÍBLIA SAGRADA! É MAIS PODEROSA QUE UM ARCONTE! — DEVE HAVER UM JEITO, HAZIEL! PE-PERGUNTE PARA ELES! — As casas ao redor também foram atingidas, e corriam o risco de desabarem sobre os seus moradores, que saíram delas, e ligaram para a polícia. Haziel conversava com seus amigos do além, enquanto se mantinha vivo, escapando das investidas da entidade maligna. — Ah, entendi. Obrigado por tudo. Vocês são demais, é tão bom conversar com vocês. Lucília! Eduarda! Eles me disseram que vocês precisam saber da história completa dessa casa, para poder expulsar a Destruição desse mundo! — Como vamos fazer isso, no meio desse buraco, Haziel!? — Eles estão mandando eu ir embora, se não eu vou morrer aqui! Mas, galera, eu não posso deixar as minhas amigas sozinhas! Hã? Poxa... não fala uma coisa dessas. É muito difícil para mim!
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Mansão Demolida
ParanormalPrimeira versão, e primeira revisão. Uma história curta, de terror, sobre uma mansão velha que está sendo demolida, onde pairam muitas lendas. Sua personagem principal é uma pedreira ateia, que não acredita em nada sobrenatural. Foi inspirada em uma...