Marinette
Eu esperava que aquilo fosse uma piada. Realmente esperava. Mas levando em consideração que eu dormi em Paris e acordei no Tibet, fica complicado especular alguma situação não-mágica sobre o que aconteceu.
Acompanhei o "rei" por uma cidade relativamente grande até uma construção alta, provavelmente de uns quatro ou cinco andares. Era toda feita de pedras negras e, de uma das límpidas janelas, uma mulher observava a rua. Não pude reconhecer detalhes, mas era loira.
Entramos no lugar e meu queixo quase foi parar no chão. Por dentro, as paredes eram um pouco mais claras, um grande tapete negro se estendia pelo chão cor de neve. Na extremidade do salão, podia avistar um trono de prata enorme e, ao lado, uma cadeira menor, mas tão luxuosa quanto. À frente das cadeiras, tapetes fofos num tom escuro de cinza criavam uma paleta de cores em degradê.
O garoto que encontrei na floresta seguiu para o trono enquanto outros dois guardas me forçaram a parar a alguns metros do mesmo.
Alguns momentos depois, ouviu-se o ruído de uma porta abrindo e, de um dos pórticos laterais, uma mulher entrou calmamente e seguiu para a cadeira ao lado do trono. Ela usava uma blusa de seda azul com mangas compridas, uma calça pantacourt cinza e um scarpan preto. O cabelo loiro estava preso num coque baixo com uma presilha prateada.
Ela sentou-se e, finalmente, olhou para mim. Imediatamente, reconheci aqueles olhos. Tenho certeza de que aquela era a mesma mulher que eu vi no sonho. Os olhos verdes brilhavam em diferentes tons enquanto o rosto calmo da mulher me examinava.
— Onde disse que a encontrou, Adrien? — perguntou a mulher, ainda olhando para mim.
— Na floresta a oeste. Estava em uma das extremidades, caída no chão. Não localizamos ninguém perto nem sinais de que ela fora atacada. Mas tenho certeza de que é estrangeira.
— Com certeza é. Senhorita — ela virou-se para mim — poderia nos informar seu nome e de onde veio?
— Sim, senhora. Sou de Paris. Me chamo... — pensei melhor antes de responder. Tenho a mais absoluta certeza de que conheço aquela mulher. Não posso entregar meu nome assim — Me chamo Bridgette.
— Como é? — o rei me olhava, surpreso. Esqueci que tinha dito meu nome a ele — Pensei que se chamasse Ma-
— Perdão pela minha confusão — eu o cortei, tão rápido quanto pude. — Estou muito atordoada com tudo que aconteceu, mas certamente estava mais na floresta. Disse o primeiro nome que me veio à mente. Mas me chamo Bridgette, senhor.
Os dois trocaram olhares desconfiados, mas assentiram. A mulher pressionou um pequeno botão amarelo no braço esquerdo de sua cadeira e falou:
— Claire, venha até o hall.
Ela virou-se para o rei e lhe perguntou:
— O que pretende fazer? Financiar a estadia em alguma pousada? Ceder alguma propriedade pequena? Acha que ela ficará aqui, ou é algo passageiro? Preciso atualizar Claire e instruí-la para guiar Bridgette.
O rei ficou calado por alguns instantes, ponderando as opções e respondeu:
— Creio que seja mais seguro ela ficar por algumas semanas, até o final do Equinócio de Primavera, pelo menos. Enquanto isso, vou mandar alguns investigadores à floresta para entender como ela veio parar aqui. Diga a Claire para hospedá-la o mais próximo possível do castelo. É provável que tenhamos que interrogá-la.
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O Brilho Nos Meus Sonhos
FanfictionDuas almas problemáticas. Dois corações em conflito. Um rei, e uma duquesa. A escuridão perante a Luz. E um trágico jogo de poder. Marinette esqueceu completamente de um marco em seu passado, mas o destino não queria isso e se encarregou de passar s...