Capítulo 4

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Vincent

Os seus cabelos cacheados agora estavam soltos e com volume, e o vestido que usava deixava suas pernas à mostra. Ela se afastou, mas fez uma careta ao andar, a pego no colo e a levo até um sofá de couro preto ali próximo.

— Qual pé você entortou? — pergunto, colocando suas pernas esticadas sobre o assento do estofado.

— O direito, mas nem está doendo, não precisava me pegar no colo — me olha.

— Por que fez careta, então? — tiro suas sandálias.

— Eu não fiz, você está vendo coisa aonde não tem.

— Ok, teimosa! — reviro os olhos, e Madame se aproxima.

— O que aconteceu, querida?

— Só pisei em falso e esse cara me carregou aqui pro sofá dizendo que entortei meu pé.

— Deixe-me ver isso — ela aperta o tornozelo da menina e ela solta um grunhido de dor — Vou levá-la ao hospital, pode ter fraturado.

— Não é necessário, eu estou bem, se colocar gelo já melhora — argumentou.

— Não tem conversa! Você me ajuda, querido? Precisa levá-la até meu carro — eu assinto.

A pego no colo novamente e a levo para o carro da Madame, ela pediu que eu a acompanhasse no hospital e com isso ganharia uma semana de entrada gratuita na Mansion, eu fui porque não estava a fim de ficar no salão.

— Isso é tudo culpa sua — a sem nome murmurou pra mim quando a coloquei sentada na cadeira da sala de espera, Madame foi fazer sua ficha.

— O que eu fiz?

— Você trombou em mim e eu me desequilibrei.

— Você é lerda ou os nossos corpos tem algum imã que se colidem sempre que se encontram?

— Que imã? Do que você está falando? Eu nunca lhe vi na vida!

— É mesmo? Será que por acaso foi sua irmã gêmea que trombou em mim na faculdade hoje mais cedo? — arqueo uma sobrancelha.

— Você está louco! — cruzou os braços, desviando o olhar.

— O médico vai lhe atender, a enfermeira vai levá-la porque eu não posso entrar, já é maior de idade — ela assente, a mulher trás uma cadeira de rodas e leva a estressada — Não entendo porque ela está assim, deve ser a dor, normalmente é tão calma.

— Deve estar escondendo a dor se estressando com os outros — me encosto na cadeira.

— Você tem belos olhos, puxou de quem?

— Não faço ideia, meus pais tem olhos escuros, deve ser de algum antepassado que eu não conheci.

— Você é daqui de Paris mesmo?

— Sim, nasci aqui, e nesse hospital.

— Nesse hospital eu já tive o melhor e o pior dia da minha vida. Eu vou ver se preciso pagar alguma coisa — concordo com a cabeça.

Os exames não durou nem meia hora e ela passou pela porta de emergência com uma bota ortopédica no pé que torceu, acabei rindo baixinho com o jeito que andava, ela me olhou brava. E como fica linda assim, nervosinha!
Madame avisou que iria me levar de volta para a Mansion e eu falei que não era necessário porque iria para a casa, mas ela não aceitou minha resposta e me levou de volta.

— Aonde você estava, cara? — Dereck questionou abrindo um sorriso malicioso quando me sentei no banquinho do bar.

— No hospital — peço um copo de água com gelo e limão, o barman me entrega em segundos.

Vidas Cruzadas | Spin-off Trilogia AmoresOnde histórias criam vida. Descubra agora