Equalize - Bang Chan

five🍦

Agora as coisas estavam diferentes, acho que Min Li também percebeu. Os dias eram mais animados, a noite trazia uma sensação de satisfação, os sonhos também mudaram. Por alguma razão, quando eu cochilava no balcão ao lado da minha colega, os sonhos ruins não aconteciam, mas durante a noite voltavam.

- Chan, não fica parado aí, o Jisung disse que daqui a pouco o jogo acaba - Min Li gritava da porta da sorveteria.

O jogo de Seungmin e Li estava quase no final, teríamos que vender do lado de fora devido a quantidade excessiva de pessoas. Nosso uniforme estava agora composto por um boné azul marinho, e não vou negar que aqueles tons mais escuros colocavam em evidência a beleza da minha colega de trabalho e curso. A forma como os fios soltos caíam nas laterais do rosto dela e como o rabo de cavalo combinava perfeitamente com um dia ensolarado.

- Ela é realmente bonita, né? - me gabei com Minho, sem tirar os olhos da garota.

- Sim, agora olha 'pra minha namorada. Ela não fica incrível jogando? O uniforme cai tão bem!

Não tinha a menor graça falar com Minho nos dias de jogo, ele só sabia falar sobre como a Li era atraente suando no campo. Fala sério, era a mesma coisa que elogiar o Seungmin quando ele 'tá correndo nas bases.

- Boa tarde moço, eu vou querer um sorvete - Hyunjin disse alto sentando na cadeira.

- Não diga. - Revirei os olhos.

O moreno riu e apontou um sorvete de morango, o que foi esquisito já que ele não gostava tanto assim do sabor.

Anotei o pedido do Hwang e fui ao encontro de Min Li. Ela estava praticamente dentro do freezer.

- Está tão calor assim? - perguntei.

Em um susto, ela se afastou do amontoado de picolés e me encarou.

- Quer pegar 'pra mim? - pediu.

Estava mesmo difícil, os sabores escolhidos se encontravam sempre no fundo. Talvez isso seja carma? Eu e Min Li não organizamos aquele freezer no dia anterior.

- Só falta um, mas acho que está em falta - avisei.

Virei para levar os pacotes até os clientes, mas senti uma mão quentinha e pequena segurar meu pulso. Lá vamos nós, pela milésima vez no mês.

- É perigoso, eu vou. - Tomou a cesta de mim.

- Você sabe que eu não posso ficar me escondendo, né? Temos que ver se realmente vai acontecer...aquilo.

Sem responder, ela se retirou, fria e silenciosamente, tinha algo mais.

Nos últimos dias ela sonhava com situações em que eu morria, contava e então tentava me proteger, mas o que eu realmente queria fazer era testar. Por muito tempo pensei em como confrontar Min Li sobre isso, mas fui percebendo que a coisa é maior do que parece. De todas as pessoas com quem ela sonhou eu estou vivo, o único que sobreviveu, se ela me salvou antes, obviamente não estava e nunca estará disposta a me deixar morrer. Por doer muito perder mais alguém ou outro motivo.

E foi assim quando o jogo acabou também, todos se reuniram dentro da loja após fecharmos e ela ainda estava protetora. Na hora de ir embora ficamos horas procurando uma chave que, segundo ela, desapareceu magicamente.

- Eu juro que ela estava aqui, poxa - reclamou, colocando as coisas dentro no armário de novo.

- Min Li...você não perdeu essa chave de propósito, né?

- Como assim?

- Para que a gente não saia.

- Por que eu faria isso? Não entendo suas especulações.

Ela definitivamente estava mentindo.

- Min Li.

Ela continuou procurando.

- Min Li.

Sem resposta.

- Wang Min Li!

Ela parou. Os ombros da garota se encolheram, mas quando se virou lembrei que éramos praticamente do mesmo tamanho e também ela me dava medo.

- Sim, eu perdi a droga da chave de propósito! Mas escuta, Chan, você não pode sair daqui.

- Não, é você que precisa me escutar. Eu não estou com vontade de viver com medo, de verdade. Entendo que você não pode perder mais pessoas, só que isso também me envolve.

Silêncio. Será que fiz algo errado?

A Wang abaixou o olhar, suas bochechas já ficando molhadas e lábios tremendo, mas ela queria esconder.

- Não é isso, eu seria uma egoísta se fosse assim.

Sua voz saiu trêmula, ela estava mesmo chorando por minha causa. A envolvi em um abraço não tão apertado, quando Min Li ficava assim era comum que as pessoas tivessem medo de se aproximar. Em questão de segundos ela poderia explodir, mas além disso, eu sempre soube que era mais do que estresse, a cada surto ela se quebrava um pouco mais.

- Você pode me contar?

Senti a cabeça dela afirmando contra meu peito.

- Tem um cara de boné vermelho. Ele está lá fora em algum lugar, e quando eu sair daqui ele vai me pegar.

Ah, era isso.

- Ele não vai.

- Sim, ele vai. E você quer impedir, mas é assim que você morre.

Sem saber o que dizer, apenas continuei acariciando a cabeça de Min Li. As coisas nunca eram simples com ela, um dia mais complicado que o outro, mas no fundo do meu coração eu gostava. Bem, de vez em quando penso sobre a possibilidade de mais alguém habitar meu corpo, já que eu não gostava de Min Li até uns dias atrás, e agora meu corpo queria abraçar e não se distanciar mais dela.

- Tive uma ideia, mas você precisa confiar em mim. Tudo bem?

- Tudo bem - concordou, me deixando apreensivo.

Seria um pouco mais fácil se ela não contasse tanto comigo.