Espírito de retaliação - Isso não acaba aqui

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Algumas pessoas chegam e, causam um impacto tão bonito em sua vida, que é quase impossível se lembrar de como era sua vida, antes dela.... Ou até mesmo, continuar sem ela.

E é assim que me encontro, desde que ela sumiu diante dos meus olhos, por uma fração de segundos, não pude ver mais seu lindo rosto.

Não tenho palavras para expressar como eu tenho ido, até o mais fundo, abaixo de qualquer coisa a procurar por qualquer rastro, eles haviam evaporado... Diante de mim. Me sinto preso em uma roda gigante sem fim, em um instante no topo do mundo e no outro... No fundo do poço. Repetidas vezes, subindo e descendo, pois, uma parte da minha vida se foi junto dela, sumindo como as gaivotas, após o pôr do sol.

Se aquela garota que eu amo, visse o monstro que me tornei com sua partida, com certeza ela não voltaria para mim. Mas, é inevitável, é inevitável ficar em paz e bem, sem saber o que realmente aconteceu com ela, com o meu Thomas.

Hoje, faz exatamente três meses que estou em uma procura implacável, por pessoas que sumiram completamente e não deixaram rastros, é como se eles nunca existissem. Todos que estavam naquela casa, sumiram, Lucy, Bárbara... Minha garota, Mia.

- Oi filho. - Era a Victória, ela tinha voltado? Levantei o olhar, estava no meu escritório do galpão, bebendo um café forte da máquina.

- Victória? - A olhei, com uma fração de sorriso e lágrimas nos olhos. Ela se aproxima lentamente me abraçando. - Onde esteve? Você sumiu...

- Agora, eu estou aqui. - Sorriu ela, me aconchegando em seus braços. Parece que ela sabia que eu estava sofrendo, por dentro. Pois, por fora, tenho agido como um robô, sem emoções, completamente sem vida.

- Como conseguiu chegar aqui? - Perguntei, estava há dias dormindo no galpão a noite toda tentando hackear, tentando achar qualquer vacilo.

- Lucke me trouxe, eu estava procurando por você lá. - Ela responde, a compaixão em seus olhos era evidente e Victória era um das poucas pessoas que realmente me conheciam, que sabiam que eu era frágil e ferido. A outra pessoa, levou isso para o caixão, meu grande amigo, irmão, Patrick.

- Você está bem? - Ela me olhou, segurando meu rosto, a encarei, tentando achar forças dentro de mim, para responder que eu estava bem. Mas, eu estou vazio.

- Sim. - Respondo, deixando as lágrimas caírem, concordando com a cabeça.

Me recomponho, descendo para cumprimentar os meninos, Carter já estava no computador, digitando, com a ajuda de Lexi a todo vapor. Lucke estava com Rafael, conversando mostrando algo na tela do Ipad. Harold, estava a comer, prestando atenção no que Carter estava explicando:

- O sistema foi todo fechado, de um jeito muito difícil de abrir. - Ele explica. - Só o Patrick conseguiria desativar isso, é muito parecido com o sistema operacional dele de travar tudo, impedindo qualquer invasão.

- Mas, ele não lhe ensinou como destravar? - Lucke perguntou.

- Claro que não, é algo que ele criou... Ele nunca ensinaria alguém a invadir o sistema dele. - Digo, com um sorriso de canto. - Patrick era incrível. - Victória segura minha mão de forma reconfortante. - Estão dispensados.

- O que? Não podemos. - Carter diz. - Chefe, nós podemos encontrar ela.

- Aonde? Me diz... Como? - Perguntei. - Estamos nisso a três meses, sem descanso, sem pausa, de dia e de noite. - Explico. - Eu preciso sair daqui. - Pego minha chaves, ouvia alguém me chamar mas, não ousei olhar para trás. Precisa sair, respirar, para qualquer localização. Me encontro, ao lado do túmulo de Patrick. - Sinto sua falta. - Digo em voz alta, cobrindo os olhos com as mãos, me permitindo chorar novamente.

Algo dentro da minha cabeça, me alertava sempre que alguém entrava em minha vida.. "Não permita, você vai acabar com a vida desta pessoa". Eu nunca ouvi, eu nunca dei ouvidos, arrastando as pessoas para a vida deprimente e destruidora que tenho, em busca de afogar a solidão, de preencher o vazio. Patrick, era a parte boa em mim, um complementava o outro, e quando Mia apareceu, ela era a parte ruim que existia em mim. Teimosa, orgulhosa, prepotente, completamente rancorosa. Ela sabe ser fria e grossa, por dentro ela é romântica e sensível, que se apega fácil as pessoas. Ao lado dela, eu podia ser meus dois lados, completo, sem solidão ou tristeza:

- Me desculpa Patrick, me desculpa por te colocar em minha vida. - Digo, com a mão na cabeça. - O que faço agora? Que perdi tudo? Como vou seguir assim? - Pergunto. - Eu achava que amor, era algo que os idiotas achavam que sentiam. Mas, aquela garota... Aquela maldita garota é a dona do meu coração, e eu não conseguiria mudar isso, nem se quisesse... - Nego com a cabeça. - E tiveram vezes que eu quis, que eu a ignorei, pedindo em silencio que ela saísse da minha vida. Tem sido devastador, doloroso e até mesmo deprimente, mas não posso deixar de amá-la, como não posso deixar de respirar, eu estou irreparavelmente, perdidamente, apaixonado por ela. Muito mais do que ela sabia.

Meu celular começa a tocar, era o Carter, não estava afim de atender e de ouvir mais uma vez, que não podemos desistir, não queria mais pensar em nada nisso, nem de relembrar como falhei miseravelmente aquela noite, me tornei minha maior vergonha depois daquele dia:

- Chefe, recebemos um recado. - Ele pausa. Que recado? De quem? - E... Eu acho que é da Mia.

TO BE CONTINUED..


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