Assistimos tudo sob a narração de Rue, com suas suposições e conclusões sobre tudo o que acontece na sua vida, de familiares e de amigos. Mas como dificilmente ela está sóbria, não há como ter certeza da veracidade de seus comentários e acontecimentos, se ela está alucinando ou não.
Rue nasceu três dias após o 11 de setembro e, ainda criança, foi diagnosticada com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, o que é mostrado como uma forma de justificar suas ações e relação com as drogas. O efeito das pílulas que ingere a faz esquecer das crueldades do mundo e a viver em um universo paralelo, onde nada disso existe.
O vício fez com que Rue gostasse de ficar sozinha, mas isso muda com a chegada de Jules (Hunter Schafer), uma garota trans. O protagonismo, então, se divide entre as duas jovens que acabam se apaixonando, mas de uma forma diferente. Vemos que a interação entre as duas transcende da atração física e sexual, sendo algo mais de identificação, respeito e carinho.
Em um determinado momento da série, descobrimos o motivo de Rue ter se viciado em drogas. Seu pai, com câncer terminal e recebendo tratamento em casa, tomava muitos remédios pesados para aguentar essa batalha, e eles eram facilmente acessíveis para a jovem.
Violência e pornografia
Ao contrário de Rue, Jules tem uma vida sexualmente ativa, com encontros sexuais com vários homens, inclusive com Carl Jacobs (Eric Dane), um homem casado, importante e que possui grande parte da cidade em que vivem.Após uma cena de sexo bastante violenta entre Carl e Jules, descobrimos que o empresário mantém uma coleção de CDs com gravações de suas relações sexuais, em sua maioria com homens homossexuais menores de idade. As gravações mostram um estilo de sexo violento e que segue um padrão.
Seu filho Nate tem acesso a esses CDs desde criança e passa a entender o sexo como aquilo que ele está vendo: com um homem dominante e com violência. Isso acaba explicando muito da personalidade do rapaz, que é uma pessoa extremamente confusa com seus sentimentos e sexualidade, tornando-se violento e abusivo.
Euphoria
Imagem: Divulgação/HBO
Em uma crítica chocante à violência doméstica, que também acontece com adolescentes, Nate tenta enforcar a sua namorada Maddy (Alexa Demie), deixando o pescoço da garota com uma marca. Mesmo após tentar esconder, a escola acaba descobrindo o hematoma e chamando a polícia. Em meio a depoimentos de alunos e a tentativa de Maddy de esconder o caso para não incriminar o namorado, ele acaba sendo denunciado formalmente como agressor.Nate, então, acaba armando um esquema de chantagem com Tyler (Lukas Gage), um jovem maior de idade que já tinha transado com Maddy, e com Jules, por quem Nate tinha uma certa fixação. Toda essa situação é bastante perturbadora, visto que a vítima não consegue desprender o amor das agressões, fazendo de tudo para que o namorado não seja pego.
Cena final
Euphoria encerrou a primeira temporada com maestria. Ao desistir de fugir com Jules, Rue acaba deixando a namorada entrar sozinha em um trem e ir embora, e volta a pé para casa, sozinha. Depois de algumas lembranças do passado, como a morte de seu pai e o seu contato com as drogas após isso, além de cenas de uma homenagem de sua mãe a ela, Rue volta para casa, deita na cama e, então, começa a última cena.Rue levanta de uma forma como se a sua alma estivesse saindo do corpo, talvez uma representação de uma nova overdose, insconsciência ou possível morte, e passeia pela casa esbarrando em tudo o que está pela frente. Com a personagem visivelmente alterada, Zendaya interpreta a última cena mostrando, de uma vez por todas, o seu verdadeiro talento para a atuação. Como um musical sombrio, ela interpreta uma música cantada por ela mesma em meio a várias pessoas que, em um certo momento, também a carregam.
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Euphoria
Teen FictionRue (Zendaya), uma adolescente viciada em drogas que, após uma overdose e passar um bom tempo internada, está de volta à escola e precisa se adaptar a uma vida "limpa". Porém, não há a mínima vontade por parte da jovem em ficar longe das drogas. Mas...