Capítulo 36

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Acordei já era noite, a Hanna ia dormir lá em casa eu não estava muito a vontade das duas dormindo juntas. A Júlia ainda tem 15 anos. Me sentia estranha com isso. Tomei um bom banho fiz o curativo e desci. As meninas estavam deitadas no sofá vendo série. – O que a gente vai comer hein? Pede jantar? Sai pra comer? Pede pizza, sanduiche?

Júlia: Sanduiche. Tem um podrão top aqui na Barra.

Eu: Tudo bem pra você Hanna?

Hanna: Claro. – Júlia pediu 3 X tudo's e eu fui fazer suco pra gente. Eu não tomo refrigerante e nem minhas filhas. Elas quiseram ver filme de terror antes de dormir.

Eu: Eu não quero ninguém pulando na minha cama de madrugada já estou avisando hein – ri. O porteiro ligou falando da entrega, eu autorizei a entrada e fui receber o lanche e pagar. A Hanna tinha ido ao banheiro.

Júlia: Tudo bem mãe? Estou te achando um pouco desconfortável. – ela sabia.

Eu: Vocês duas vão dormir na mesma cama?

Júlia: Ai mãe, vamos sim. Mas não vamos fazer nada... – riu – Não que já não tivéssemos feito algumas coisas– tomou o suco.

Eu: Me diz que não fizeram nada nesse sofá que eu estou sentada... – fechei os olhos.

Júlia: Não mãe relaxa. Hei dona Priscilla, a gente só deu uns amassos, mas ainda não rolou sexo se é que quer saber. A mama com certeza acha que já rolou, mas ainda não. E mesmo assim pode ser que isso nem aconteça hoje também. Eu vou te contar quando acontecer mamãe, você sabe disso.

Eu: Espero que confie em mim para contar mesmo.

Júlia: Sabe que sim... – piscou pra mim. A Hanna voltou e a gente ficou comendo e vendo filme. Elas mais gritavam que tudo. Olhei a hora e era meia noite quase.

Eu: Eu vou subir vou dormir, amanhã entro as 10 horas num plantão de 36 horas preciso estar descansada. Boa noite para vocês.

Júlia: Boa noite rainha.

Hanna: Boa noite Pri. – subi escovei os dentes, tomei meus remédios, deitei fiz minhas orações e dormi rápido. Acordei as 8:30 da manhã sentindo um peso na minha barriga quando vi era a Júlia deitada na minha barriga e a Hanna na barriga dela.

Eu: Mas o que... – comecei a rir – Suas frouxas – bati nas duas com travesseiros.

Júlia: Ai socorro...

Hanna: Ai amor... – acordou com o soco que a Júlia dela nela de susto e eu ri.

Eu: Eu sabia que vocês iam ficam com medo que horas vieram pra minha cama?

Júlia: Era umas 3 e pouca... Quero dormir mais – se jogou na cama.

Eu: Eu vou fazer o café da manhã. Vai pra casa da sua mãe viu Júlia não vai ficar sozinha aqui em casa a noite não ok?

Júlia: Uhum... – desci fiz o café da manhã coloquei a mesa, tomei café entrei no meu quarto tomei um bom banho troquei o curativo me arrumei, peguei uma outra troca de roupa branca coloquei numa bolsa.

Eu: Juju – a acordei.

Júlia: Huuuuummmmm...

Eu: Estou indo tá? Tem dinheiro na mesma da cozinha, e vai almoçar com a sua mãe. Amanhã ela vai te deixar no colégio e sua avó vai deixar a Alice.

Júlia: Tá... Bom trabalho, te amo.

Eu: Obrigada, te amo. – a beijei e ela me beijou – Tchau Hanna.

Hanna: Tchau Pri...

Eu: E nada de sexo na minha cama ou eu coloco fogo na cama e em vocês.

Júlia: MAMAÃÃEEE... – me jogou um travesseiro e eu sai rindo e logo voltei.

Eu: Eu falei sério. Não profanem minha cama.

Júlia: Táááá... – fui trabalhar.

Rod: Tá liberada?

Eu: Sim, acabei de chegar o que houve?

Rod: Captação de órgãos, de pulmão e rim, são para dois pacientes daqui.

Eu: Ok... – me deu a papelada, analisei tudo. Chamei meus residentes. – Bom dia pessoal.

Todos: Bom dia doutora Pugliese.

Eu: Credo, vocês acabaram de chegar, que cara de sono é essa? Já viram retirada de órgãos para doação? – eles disseram que não. – Então estão com sorte. Hoje temos uma captação de órgãos pulmão e um dos rins vai ser pra esse hospital e o restante dos órgãos para outros hospitais. Tomei um café forte, coloquem um sapato confortável porque vamos passar no mínimo 6 horas fazendo isso e vocês três vão auxiliar. – sai e fui tomar um café forte, fiz um alongamento e fui me preparar. Era triste ver a família se despedir de alguém porque não tinha mais jeito. Era dupla emoção de felicidade e tristeza. Felicidade pra quem recebe o órgão e tristeza pra quem perde o ente querido. Passamos 6 horas captando órgãos. Olhei a hora e era quase 18 horas. Eu estava com fome, fui até a lanchonete e comi horrores. Meu celular tocou, era emergência fiquei mais 6 horas em cirurgia. Descansei o que pude e as 4 horas entrei em outra cirurgia, mas o paciente não resistiu nem metade do procedimento. Tinha sido baleado gravemente. Meu celular não parava de tocar. – Atende pra mim, alguém por favor... – Olhei a hora. – Hora o óbito 7:50.

XX: Doutora, estão te chamando na emergência – me deu o celular e eu fui saindo. Quando acabei de me lavar a Gabriela veio.

Gabriela: Doutora, já acabou a cirurgia?

Eu: O paciente não resistiu. Sabe se conseguiram fazer contato com a família dele?

Gabriela: Ainda não. Parece que ele nem daqui é, pelos documentos dele. Mas estão tentando.

Eu: Que cara é essa? – sai com ela.

Gabriela: Um acidente, na ponte Rio Niteroi. – senti um arrepio – Uma senhora e uma adolescente – arrepiei de novo e sai correndo. Eu queria estar errada... coloquei o avental a Luíza já estava lá.

Eu: Já chegou?

Luíza: Agora. Priscilla, preciso que se afaste?

Eu: O que foi? – meu coração acelerou. Quando a porta da ambulância abriu, meu mundo parou...

XX: Alice Smith Pugliese, 13 anos, parada cardíaca no local. RCP funcionou e parou a 5 minutos na ambulância.

Eu: Meu Deus... Meu Deus... – eu não conseguia respirar. – Minha filha...

XX: Patrícia Alvares Pugliese Felix, 58 anos traumatismo craniano e parada cardiorrespiratória. Estado comicial. – uma paramédica estava em cima da minha mãe. Olhei na outra sala a Luíza chocando minha filha. Eu não conseguia me mexer.

Gabriela: Doutora... Doutora precisa sair daqui...

XX: Miguel Antônio Rodrigues 55 anos, estava bêbado a essa hora da manhã, ele quem causou o acidente. Pressão arterial está muito elevada e teve duas paradas também. Mais um pouco e o carro da senhora teria caído na água.

Eu: Eu fico com ele. – fui o levando para o trauma.

Lucas: Doutora, é sua família, e esse homem causou o acidente, não pode cuidar dele deixa que a gente faz isso – me afastou.

Eu: Não... Ele não vai morrer. Aplica adrenalina e traz o carrinho de parada agora... – olhei pra ele – Você não vai morrer... Eu não vou deixar você morrer... 

NATIESE EM: A CULPAOnde histórias criam vida. Descubra agora