O dia estava calmo em Beacon Hills. Havia sido uma linda manhã de sol, junto de uma brisa suave que acariciava os longos cabelos de Chase. Ao fim da aula, o garoto segue caminhando para a sua casa, tomando o rumo que sempre seguia: pelo meio do bosque. As árvores eram balançadas pela brisa, assim como o barulho dos seus passos quebrando as folhas e galhos pelo chão ecoava por todo o ambiente. Definitivamente, em meio a tanta natureza, era onde o lobo se sentia mais confortável. Inspirava profundamente o ar puro, sorrindo ao ver pequenas criaturas que habitam por ali. Após atravessar o arvoredo, chegou em seu lar, sorrindo ao sentir o cheiro do da comida da sua mãe. Antes que o garoto pudesse adentrar a casa, ouviu um barulho vindo do bosque. Sua mão, que estava na maçaneta da porta, soltou-a por alguns instantes, enquanto, em um olhar por cima do ombro, ele buscava o que poderia estar fazendo tal barulho.
"CHASE?" — A voz forte de sua mãe ecoa por seus ouvidos, fazendo com que seu corpo todo estremecesse após o belo susto que havia levado. O moreno riu consigo mesmo, resolvendo ignorar o que estava lhe chamando a atenção e indo encontrar a mais velha na cozinha.
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O relógio no cômodo ao lado da cama do moreno marcava 2:00. Em meio a madrugada, os olhos azuis do rapaz não haviam sido fechados por um minuto sequer. Seu corpo estirado contra o colchão parecia mais sem vida do que em repouso, mas o seu cérebro não o deixava em paz. O barulho incessante vindo do bosque não permitia que ele descansasse. E o pior: apenas ele parecia ouvir. Eliott, o jovem alfa, havia aparecido em sua casa durante a tarde e convencido Chase que não valia a pena ir atrás disso. "Talvez seja apenas um animal" — o cérebro do moreno o lembrava das palavras do McCall. Porém, se era um animal, que animal era esse que emitia um som tão intrigante e constante?
— Grrr. — rosnou para o teto, virando de lado e colocando o travesseiro sobre o rosto pela vigésima terceira vez. — Pelo amor do Nemeton! — Esbravejou.
Os olhos de Chase começaram a pesar e, cada vez mais, ele sentia-se envolvido pelo sono.
— Mas que droga!!! — gritou contra o travesseiro para não acordar a sua mãe ao ouvir o barulho se repetindo. — Pra mim chega.
Na intenção de dar um basta na situação, calçou seus sneakers e vestiu uma regata para cobrir o seu tronco nu, já que apenas vestia uma calça de moletom no momento. Como ele havia comentado mais cedo com a sua mãe sobre o ocorrido, não quis preocupá-la, então abriu a janela do quarto e pulou, sem se importar com a altura. Ao aterrissar, seus olhos passaram a brilhar em um tom intenso de azul, como o costumeiro, enquanto ele adentrava a pequena imensidão natural.
Entre passos e mais passos, o garoto se aproximava do som. Suas garras estavam já expostas, para que não fosse pego de surpresa, mas isso não conseguiu evitar muita coisa. Ao notar-se bem no centro da pequena floresta, o adolescente nota um vulto indo de um lado para o outro e, naquela escuridão, mesmo com a sua visão noturna, não conseguia identificar o que era aquilo, mas definitivamente não era um animal.
"Hey, garoto... aqui... em cima! Muito lento, agora em baixo. Olhe para a esque... direita!" — Uma voz cantarolada e incrivelmente cheia de eco ressoava nos ouvidos do Hale, o deixando maluco.
Em um reflexo, Chase estica a mão para frente agarrando algo: o pescoço da tal criatura. Foi nesse exato momento em que ele notou a encrenca em que havia se metido.
"O que foi? Não consegue tirar os olhos de mim?" — Ela sorriu sarcastica.
— O que você é? O que quer comigo? — Perguntou em tom de ódio.
"Com você? Por que acha que é com você?"— Sua risadinha fina o enganaria facilmente se ele não visse sua real aparência.
— Você tem me chamado o durante o dia inteiro! Ninguém mais a ouve! — Rosnou outra vez, soltando o pescoço da criatura.
"Ah, Hale... você é um garoto muito mais inteligente do que eu imaginava, mas muito mais tapado." — Ela estendeu sua mão e segurou o queixo do moreno com uma de suas garras, ao que ele se arrependia por tê-la soltado, com medo que cortasse sua garganta fora. — "Sinto muito fazer isso com você... em outra vida, poderíamos nos divertir bastante juntos..."
Com nojo e raiva pela falta de respostas e atrevimento da "garota-pássaro", como ele a chamava até então, o lobo partiu para cima do seu corpo cercado de energia, caindo de joelhos no chão ao ouvir o seu canto. Sua voz tão melodiosa transformou-se em um dos ruídos mais infernais já ouvido por ele. Suas mãos tampavam as orelhas, que sangravam demasiadamente por entre os dedos. Seus grunhidos de dor não eram capaz de salvá-lo desta vez, mas os emitiu mesmo sabendo que ninguém o iria escutar. Seus olhos ardiam em vermelho com o sangue que escorria por eles, bem como pelo seu nariz e até mesmo pelos cantos de sua boca.
"Bons sonhos, Anjinho." — Foi a última coisa que Chase ouviu antes de cair sobre as folhas derramadas por todo aquele lugar. Nem mesmo a lua cheia que se aproximava poderia ajudá-lo.
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The Lone Wolf
WerewolfThe Lone Wolf, ou se preferir "As Crônicas de Chase Hale" se resume em um diario. Um diário sobre mim, porém narrado na terceira pessoa para dar aquele efeito mais modinha, sabem? Prazer, meu nome é Chase e, desde já, perdoem o meu leve déficit de a...