*** capítulo sem correção ortográfica ***
Thales
Eu cheguei ao fundo do poço, fiz a única coisa que eu jurei a mim mesmo que jamais faria, eu surtei na frente dela.
Sento-me na sua cama e apoio minha cabeça nas mãos, tento afastar a imagem de Ayla sentada na sala ao lado daquele homem, mas o que me vem a seguir consegue ser ainda pior, Ayla me olhando, apavorada, as lágrimas escorrendo por seus olhos enquanto ela me viu quebrar. Mais uma vez.
Até onde irei, quando será o fim? Quando ela vai dizer chega?
Sinto finalmente meus dedos doerem quando tento flexiona-los, olho para eles e sinto meu estomago embrulhar novamente porque a imagem daquele garoto estendido no banco é aterrorizante. Eu fiz isso com ele, eu fiz isso com minhas mãos.
Ainda estou encarando-as quando ouço a porta se abrir, Ayla entra carregando algumas roupas em suas mãos e me sinto um pouco envergonhado por estar completamente nu por baixo dessa toalha.
— Eu trouxe umas roupas do meu pai para você. — ela as estende para mim e noto que ela desvia o olhar quando eu as pego.
— Obrigado.
— Você está com fome? — observo seu rosto em busca de algo que me mostre que ela está com nojo de mim, mas ela só parece preocupara demais.
— Acho que não estou me sentindo bem, tenho certeza que se comer algo vou acabar vomitando novamente. — lembro-me imediatamente da sujeira que fiz no chão da sua sala e me levanto. — Por falar nisso eu preciso limpar a sua sala eu...
— N-não precisa. — Ayla estende uma mão e desvia o olhar quando a toalha se move. — Eu já limpei tudo enquanto você estava no banheiro.
Seguro sua mão e a puxo para mim, Ayla resiste um pouco, mas quando enlaço sua cintura ela acaba cedendo e se aproximando.
— Ayla. — seguro seu rosto em minhas mãos, acaricio sua pele escura levemente corada pela timidez, toco seus cachos molhados pelo banho que tomamos juntos e embora esteja destruído, uma fagulha de desejo se acende dentro de mim quando sinto-a tão perto. — Muito obrigado. — repito e a beijo, seus lábios mornos e nervosos recebem os meus delicadamente e por um instante tudo o que eu queria era poder esquecer tudo a minha volta e me concentrar apenas nela.
Ayla envolve sua mão em meus cabelos enquanto me puxa para aprofundar mais o beijo, seguro-a com um pouco mais de força e quando ela geme eu preciso de toda a concentração do mundo para que meu corpo não reaja ao seu beijo.
Ainda não sei como lidar com isso, embora já saiba lidar com meu corpo, sei exatamente o que acontece quando ele é tocado e nunca foi assim, nunca foi bom, nunca foi algo que eu quisesse repetir, mas com ela é diferente, ter uma garota assim tão perto, sentir coisas por ela, pensar em fazer essas coisas, me parece errado e sujo, mas bom, muito bom.
— Thales. — ela me chama trazendo-me de volta para os seus braços. Ainda de olhos fechados e ofegante.
— Oi. — sussurro acariciando seu rosto, seu pescoço, seu ombro.
— Eu preciso te falar uma coisa. — sua voz soa insegura e tenho medo do que ela vai falar.
— O que?
— Eu te amo. — as palavras saem atropeladas da sua boca e me sinto mal por ela estar falando isso para mim, não era pra ser assim, não desse jeito. Não depois de tudo o que ela viu, enquanto estou lutando contra as imagens sujas em minha cabeça. Não hoje.
— Ayla... — minha voz sai um pouco mais desapontada do que eu realmente me sinto, tenho medo que ela interprete mal, mas nem tenho tempo de explicar.
— Tudo bem Thales. — ela coloca a mão em minha boca me impedindo de falar e meu coração afunda no peito. — Eu não disse para você dizer de volta, na verdade parece tão precoce, mas é que eu sempre te amei, sempre. — Ayla olha dentro dos meus olhos enquanto fala coisas que tem um peso grande demais para que eu possa suportar.
Afasto seus cabelos do rosto e beijo sua testa, seus olhos, seu nariz. Olho para essa garota que não teve medo de cuidar de mim, que está aqui se declarando mesmo depois de tudo o que aconteceu e faço mais uma promessa, a mais importante de todas.
— Ayla, eu não vou dizer de volta. — falo e quase posso sentir a decepção como um soco em seu rosto.
— Tudo bem, de verdade. — ela sorri tristemente e ergo seu queixo para que ela possa olhar para mim.
— Isso não significa que eu não sinta. — sussurro em seu ouvido. — Eu apenas não sou digno de pronuncia-las.
Vejo a pele do seu pescoço se arrepiar no instante em que falo, deixo um beijo bem ali, onde sua pele sensível se arrepia, e quando me afasto ela sorri para mim, dessa vez um sorriso lindo que ilumina seu rosto inteirinho.
— Um dia, quando formos mais velhos, quando eu conquistar tudo o que desejo, quando for um cara sem traumas, sem medos, um cara que lutou e venceu. Nesse dia, só nesse dia, eu me permitirei te falar as palavras que você merece ouvir.
— Isso é bobagem Thales, tudo isso que você acha importante, é bobagem. — ela fala e vejo o quanto está magoada, mesmo que tente dizer que não.
— Não, para mim não é bobagem, eu passei a minha vida inteira sendo acusado de coisas que não fiz, sendo julgado e castigado, eu preciso vencer, preciso provar que sou muito mais do que apenas o saco de brinquedo de um desgraçado.
— Você já é muito mais, para mim, para meus irmãos e meu pai, para os garotinhos do campinho que amam te ver jogar.
— Eu quero mais Ayla, eu necessito de mais.
— Então vá atrás do que você precisa, só não se perca no caminho.
— Eu não vou.
— Ótimo! Eu acho que você deveria se vestir. — ela espalma sua mão em meu peito e a seguro no lugar por um instante, gosto do seu toque, gosto do calor da sua pele, gosto do jeito que me sinto quando estou assim com ela. Gosto de saber que ela sempre me amou.
— Eu também acho.
A solto e pego a calça de moletom, Ayla vai até a porta, mas antes que ela saia eu a chamo, quando ela olha para mim, seus olhos percorrem meu corpo e me sinto agitado.
— Obrigado.
Quando Ayla fecha a porta eu desabo na cama, fecho meus olhos e coloco a mão em meu peito sentindo meu coração bater com força.
— Eu te amo Ayla, eu sempre te ame, sempre vou te ama. — digo baixinho para que somente eu possa ouvir.
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Um Milhão de Promessas - DEGUSTAÇÃO
Romance*** ATENÇÃO! POSTAGENS INICIADAS NO DIA 21/09/20 *** SINOPSE: As vezes, quando o caos ameaça me enlouquecer, quando minhas pernas ardem pelo esforço exigido por mim, quando a dor já não é mais capaz de silenciar o ódio que pulsa em minhas veias eu...