"Eu posso ver nos seus olhos
Seus olhos
Tudo nos seus olhos
Seus olhosVocê me faz querer morrer
Eu nunca vou ser boa o suficiente"Make Me Wanna Die - The Pretty Reckless
Alexandra Donnelly
— Me dê ao menos uma notícia boa e me diga que Hortence ainda não chegou.
— Para a nossa sorte – Mary responde ao sairmos da sala de jantar. Avançamos juntas em direção às escadas — Mas não vamos perder tempo, ela pode aparecer a qualquer momento!
Hortence Reed, ou Sra.Reed, é minha principal tutora e "dama de companhia". Ela se encarrega da minha educação, desde a literatura, aulas de dança e canto, até as complexas regras de etiqueta que preciso obedecer à risca. Também é responsável por mim quando meu pai não está por perto, e se ela souber que sai de casa sem a devida permissão, terei problemas.
Fazemos a curva para acessar o segundo lance de escadas, e meu reflexo é refletido na superfície de uma jarra de prata sobre o aparador. Após correr de Saint Lloyd, meu rosto está vermelho e suado, fios armados do meu cabelo se soltaram do penteado e enquanto comia os biscoitos, deixei uma gota de chocolate derretido cair na camisa branca.
Se Hortence me ver nesse estado, vai querer me esganar.
Mary se apressa e me empurra para dentro do quarto. Procuro adiantar o processo e começo a soltar os botões das mangas da camisa, mas antes que Mary consiga fechar a porta, uma mão a impede. Hortence empurra a porta e entra no quarto, e eu perco o controle da respiração por um momento. Mal ouso me mexer, pensando que talvez a falta de movimento me faça passar despercebida, mas ela caminha lentamente na minha direção. Sou um pouco mais alta, de modo que ela precisa erguer a cabeça para me olhar.
Ela se veste de vermelho-escuro, com detalhes pretos bordados nas mangas, busto e saia do vestido. O nariz é longo e um pouco arrebitado, e o descontentamento é nítido nos olhos castanhos-escuros. Com a mão coberta por uma luva preta, ela segura o meu queixo e me faz virar a cabeça para os lados, para me examinar cuidadosamente.
— Onde esteve?
A voz é calmamente austera. Hortence é como um quadro escuro pintado por um artista de traços rigorosos, e a fez com olhos que te julgam e te seguem através da sala, não importa para onde você vá.
— Saint Lloyd — Respondo, cautelosa.
— Ah, mesmo? Com permissão de quem?
Olho para o chão e não respondo. Hortence une as mãos e se vira para Mary.
— Um dia, Mary. Eu deixo essa garota sob os seus cuidados por um dia, e isso acontece. A sua incompetência é admirável.
— Sinto muito, senhora...
— Eu saí escondida — interrompo.
Não se deve interromper as pessoas, e quebrar essa regra faz Hortence me dirigir um olhar afiado. Mas não vou deixar que fale com Mary dessa forma.
— Se quer culpar alguém, culpe a mim.
O queixo de Hortence fica rígido, e penso que ela vai ter mais uma de suas fatídicas explosões, mas ela respira fundo.
— Essa conversa fica para mais tarde. Vá para o banho, antes que eu mude de ideia.
Sem dizer uma palavra, vou para o banheiro do quarto. Mal afundei na água da banheira de porcelana e já estou saindo, e Mary cobre meu corpo com perfumes florais e um creme que promete hidratar a pele. Antes de sair, ela me ajuda a colocar a chemise branca. No quarto, Sra.Reed espera com o corset.
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Espectros [REESCREVENDO]
General Fiction"Em meio a nevoeiros, dias nublados e noites sombrias, o Império se ergue. Construído sobre a maior extensão de terras conhecida, é um centro de desenvolvimento tecnológico, e ostenta orgulhosamente o título de maior potência mundial. Mas máquinas a...