Morte, passagem e Cheng dirigindo

38 6 26
                                    

CAPÍTULO 1: Uno

Da Virgínia Ocidental ao México

Dia 5: A morte em Laredo, Texas

- Merda.

Os três pensaram, mas só Henry (que nem estava de todo acostumado com o Pig morrendo) teve palavras para descrever a situação em que eles estavam.

- Merda dupla - Blue concordou, colocando os pés contra o painel, já acostumada com o Pig morrendo.

- Merda tripla - Gansey, o dono do Pig, puxou a alavanca que abria o capô do carro e saiu para ver o que estava acontecendo.

Porém, assim que ele se posicionou na frente do carro, lembrou-se de uma informação importante: aquele não era o Pig, não era seu carro. Por mais que fosse idêntico ao seu, não era o original. O camaro 1973 estragado à sua frente era o Pig II, um presente que seu amigo dera para Blue.

Apenas Ronan poderia dar um presente assim: carro sem motor, mas que estraga do mesmo jeito.

Cheng colocou a cabeça para fora do carro, pela janela:

- Como você fazia 'pro seu carro voltar a funcionar? - perguntou.

Na verdade, ele queria pedir para Gansey pegar um moletom na mala verde, mas achou arriscado demais.

- Eu ligava para o Adam e contava o que estava acontecendo.

- Boa, diz 'pra ele que a corrente dentada da mala do Henry estragou - Blue também colocou a cabeça para fora.

Assim que Cheng percebera que o carro tinha dois porta-malas (graças à falta de qualquer engenhoca mecânica), apropriou-se de um inteiro. Ele tinha muitas coisas essenciais. Então, no lugar do motor estavam todos os tesouros que ele jurava serem essenciais à viagem - e ele estava mesmo esperando o momento que um dos dois iria pedir por seu pequeno kit de sobrevivência na floresta.

Secretamente, Blue estava culpando Cheng pelo estrago. O Pig era teimoso e não gostava muito de fazer paradas desnecessárias - e eles não teriam parado no Walmart se o energético não tivesse acabado. Além disso, Henry entulhou ainda mais o carro com comida e doce esquisito e outro step. Mas, no fundo, ela sabia que não era culpa dele: o Pig II iria parar de funcionar quando fosse menos conveniente e iria voltar quando quisesse. Essa era a regra.

- Chamei um guincho - Gansey avisou ao entrar novamente no carro. - Cheng, pode encontrar um lugar para dormirmos?

Ele acenou e logo tirou o celular do bolso. Achar lugares baratos para dormir era uma das tarefas específicas de Henry, como ser responsável por verificar se o motorista não ia ficar entediado e acabar caindo no sono (e era bom nisso, o assunto nunca morria). Além disso, havia roubado uma tarefa de Blue: distribuir os lanches. A garota falhou miseravelmente nos primeiros dias e foi fácil para Cheng convencê-la de que três jovens adultos não sobreviveriam por sabe-se-lá quantos dias à base de chá e iogurte.

- Achei um lugar há duas quadras daqui - ele era eficiente.

Essa era uma das características que Gansey não esperava dele e que era extremamente útil numa viagem. Henry encontrava lugares do agrado de todos: baratos para Blue, perto da rodovia para Gansey e confortáveis para si mesmo.

O que ele não era tão bom em fazer era guiá-los. Após encontrar o local, ele passava o celular imediatamente para Blue - ela, pelo menos, sabia a diferença entre direita e esquerda. E também era ótima com matemática. Eles não precisavam gastar com gasolina, mas a comida ainda era dividida então, na maioria das vezes que eles paravam para abastecer o Pig II com lanchinhos, Blue tirava boa parte das bobagens que Cheng colocava no carrinho ou as trocava por produtos mais baratos.

Céu Em 3Onde histórias criam vida. Descubra agora