XLVIII × felicidade ×

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Querido M,                                                                                                    2005

Sou eu a Amanda, outra vez não me deves reconhecer porque hoje faço 10 anos.  Eu sei que nunca vais ler está carta porque neste momento sinto-me muito doente e tenho medo. Os Médicos já estão a prever o pior de mim e por isso estou proibida de qualquer meio do exterior. 

Eu não quero voltar para aquele sitio horrivel, sem cor e cheio de almas. Acho que se estiver entre aquelas quatro paredes brancas, outra vez vou dar em maluca. Neste sitio é diferente da minha casa quando fecho os olhos só vejo coisas más, enquanto que na minha casa sonho ou vejo tudo negro mas sinceramente prefiro ver escuridão do que ver na escuridadão, percebes?

É na escuridão que o mal se cria, que os teus medos ganham pernas e braços para te assombrar ao qual damos o nome de pesadelo, que para mim não passa do mesmo como estar de olhos abertos.

Já nem sei á quantos dias é que estou aqui e sinceramente M, estou a entrar em stress, tantas coisas que podia viver e tantas coisas a acontecer e eu aqui fechada neste quarto de hospital á espera que deus apareça com uma metralhadora e mate a enfermeira por posse de droga em uso de menores. Milagre, eu digo.

Bem, tenho de ir por volta desta hora a Judy, a enfermeira começa aparecer e se ela sabe que te ando a escrever de certeza que vai gritar comigo.

Vem salvar-me,

mandy. 

Estou feliz. Quer dizer acho que estou feliz. Mas afinal o que é a felicidade? Um sentimento que depende de nós? Das nossas escolhas? Do nosso passado? Ou como proclamado por obras divinas por Deus? Acho que nunca saberei essa resposta ou talvez saiba.

A minha definição de felicidade não é algo exato é um sentimento esborratado e retratado por uma pessoa, um certo idiota de cabelos vermelhos, dono do seu nariz e com cara de estupido ao qual chamo de meu ou até mesmo de felicidade. Tudo o que grita o seu nome, os seus melhores amigos, a sua música, a sua paixão, tudo isso faz-me girar a mil numa só palavra ou gesto produzido por esse ser irritante. Sim, é isso que me faz feliz.

Mas á algo mais forte um sentimento de adrenalina ao qual tenho saudades, a liberdade. Algo tão puro e simples ao qual não consigo resistir. Os ventos chamavam por mim para encontrar novas terras, novas pessoas, novas cidades, novos sabores mas desisti de tudo por ele.Desisti de fugir dos meus problemas por ele, pois ao lado dele e dos rapazes encontrava a minha salvação.

Elevei-me da cama cansada de lançar pensamentos aleatórios contra o teto branco do quarto do Mickey e meu, nosso, nunca me canso de dize-lo. Um sujeito tão embelezado.

Soltei um pequeno bochejo enquanto arrastava os meus pés pelo corredor. Encostei a minha mão á porta para a abrir mas um par de vozes e a sua intensidade, faz parar a minha ação.

" Temos de parar com isto Michael, tens de lhe dizer a verdade. " - uma voz frustrada disse, o Ashton.

" Não posso e se...? "- a voz triste do Michael foi interrompida pelo Calum.

" Diz-me Michael, importas-te mesmo com ela? "- perguntou ele autoritário.

Um silêncio fez-se ouvir mas mesmo assim consegui ouvir um baixo e triste 'não' num sussuro.

" Então porque é que te importas, tanto? "- a voz do Luke ouviu-se irritada.

" Porque á uma parte de mim que...que..."- gaguejou a voz do Michael, fazendo-me aperceber que ele estava a chorar.

Rapidamente levei ás minhas mãos á boca quanto me apercebi do que se tratava. Eles nunca gostaram de mim. O Michael nunca me amou. Era só uma brincadeira da banda porque estavam aborrecidos.

" Uma parte de mim começou a gostar dela."- ouvi a voz de todos ao mesmo tempo.

Lágrimas começaram a brotar dos meus olhos quando ouvi aquelas palavras mas essas lágrimas não eram de felicidade ou tristeza mas sim raiva, pura raiva por mim própria por ter acreditado que uns rapazes como eles me iam amar assim tanto.

A porta abre, revelando a minha figura nostálgica e os quatro a olhar para mim admirados.

Observei-os por uns momentos estavam todos num estado horrível, olheiras vermelhas e cabelos despentiados.Estavam todos desvastados por me estarem a fazer isto mas eu pelo contrário começava a ter um sentimento de ódio por eles a criar-se no meu interior, apesar das lágrimas que escorriam pela minha cara.

" Amanda...eu..."- o Michael conseguiu soltar, tentando tocar-me mas eu afasto-me.

" Não me toques. "- sussurei com a voz ainda encharcada em sono.

Ele olhou para mim admirado e abaixou a cabeça, conseguindo ouvir melhor o seu choro.

" Nunca pensei que...vocês fossem tão horríveis...nojentos...desprezíveis."- consegui soltar vendo ás suas caras a entristecer a cada adjetivo lançando na direção deles.Por momentos tentei controlar ás novas lágrimas que se começavam a formar enquanto observava o Michael na mesma figura que eu.

" E tu Michael! Tu és o pior como podeste dizer-me todas aquelas coisas? E só de pensar que tu me beijavas,que tu me tocavas...nós até dormíamos na mesma cama.Tu...tu...tu..."- comecei a gaguejar e para o tentar esconder rapidamente lhe dou uma chapada mas como da primeira vez a minha mão é aparanda pela sua ao qual ele entrelaça os nossos dedos.

" Amanda eu sei que o que fiz estava errado mas acredita em mim quando te digo que isto é só um sonho."- disse amável mente, olhando para os meus olhos azuis.

Olhei á minha volta vendo que o quarto estava vazio, sem rapazes, sem móveis simplesmente ás paredes brancas. Olhei para o Michael, sentindo o seu leve aperto na minha mão.

Lá estava ele nunca me cansava de olhar para este homem. Os seus cabelos vermelhos despentiados, os seus olhos verdes repletos de sonhos cada vez que me observava. Senti ás suas mãos sobre ás minhas bochechas aproximando-se de mim.

" Deixa-me beijar-te uma ultima vez antes que tudo acabe. "- sussurrou, encostando a sua testa á minha.

Eu aceno levemente sabendo que está seria a ultima vez. Os seus lábios mexem-se suavemente em conjunto com os meus. Nada de luxúria como sempre fazia-mos mas algo suave e cheio da amor. Sorri contra os seus lábios pousando ás mãos no seu pescoço mas em vez de sentir o toque quente da sua pele, ás minhas mãos simplesmente caiem ao lado do meu corpo. Abro os olhos vendo que estava sozinha no quarto de paredes brancas.

Percorri a casa toda. Estava vazia. Nem rapazes, nem móveis só paredes brancas. O que se passa? Onde estão os rapazes? Será isto mesmo um sonho e eu acordei?

Por momentos observei a camisa verde do Michael pendurada no cabide do corredor. Peguei nela sentindo o seu tecido de fanela gasta por ele lhe dar tanto uso. Levei-a ao nariz sentindo o cheiro da sua colónia.

Não era um sonho pelo menos o objeto por entre ás minhas mãos existia. Segurei-me aos cabides, deixando a camisa cair ao chão. O coração começou a doer-me. Os meus olhos rapidamente fecharam e sinto a dor do meu corpo a embater contra o chão de madeira.

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Bem, este é o último capítulo de Dear Amanda. :c
Eu sei, eu sei confuso e una merda. Vou publicar o prólogo.

I'am gonna miss u my lullabies.

Sempre a um capítulo de distância,
BAWRBIE.

DEAR AMANDA, • mgc (EM EDIÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora