Xeque-mate

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Era o último dia de aulas, o dia em que os estudantes saltam e dão gritos de felicidade e libertam a pura criança que existe em cada um de nós, o dia em que o sol brilha mais do que nunca, o dia em que os trabalhos acabam, levando todas as preocupações com eles, mas este ano era diferente, eu tinha finalmente acabado a escola e receava o futuro. Mas não era apenas isso. Algo estava errado. Em Lisboa o sol não sorria, nem apareceu, o que em pleno verão era bastante raro.

Nos jornais, notícias sobre algo relacionado com uma nova era, uma "Era da escuridão". Eu pessoalmente não achava nada de especial, achava apenas que era mau tempo.

Não havia muito mais para fazer, uma vez que estava a chover, do que ficar em casa ou ir a algum estabelecimento fechado, onde eu me poderia abrigar.

Acabei por decidir ir até à biblioteca sozinha, visto que a minha mãe estava a trabalhar e só voltava por volta das 22h. Não iria aguentar o tédio de esperar por ela, e para além disso, a biblioteca a essa hora já estaria prestes a fechar. Ainda eram 18h da tarde e tinha bastante tempo antes que ela chegasse e desse pela minha falta, peguei no meu casaco e lancei-me em direção à porta com destino à biblioteca.

Pelo sim, pelo não, acabei por deixar um bilhete no balcão da pequena e escura cozinha, a dizer que, caso ela chegasse a ler aquilo, era porque provavelmente me havia distraído na biblioteca. A Biblioteca ficava apenas a alguns quarteirões de distância da minha casa, e o facto de ir o caminho para ouvir música, provada a fazer com que os 15 minutos de caminho, parecessem 5 minutos.

Ao chegar ao meu lugar preferido de toda a cidade, a Senhora Rosa, que se encontrava como sempre na comprida secretaria castanha a alguns livros na base de dados da mesma, acenou-me, e eu retribui-lhe a saudação. Não ideia perfeita do que procurar pelo que fui até secção de romance, procurar pela solução que iria combater o meu grande aborrecimento. Deixei-me vaguear pelo título das primeiros três estantes de romance, mas nenhum me chamou à atenção.

Resolvi então, procurar na última estante da fileira de romance, da grande, rustica, acastanhada e com o chão em tons de mármore, biblioteca da cidade.

Olhei de relance sobre todos os livros presentes na velha estante e um dos livros, que estava ao nível dos meus olhos, acabou por me prender o olhar. Com os olhos ainda fixados no mesmo, retirei-o. Todos os outros livros, perdido perdido todo o seu brilho.

Ao retirar o livro, um olhar sombrio mas caloroso emanava sobre mim, do outro lado da estante, não consegui desviar os meus olhos, estava deslumbrada. Olhos negros, pele pálida, pestanas longas. Era um ser belo e mantinha o olhar fixado no meu. Perdi a noção do tempo, levando-me a pergunta a mim mesma se últimos minutos, horas ou dias.

Algo interrompeu o feitiço.

- Olá! - disse o ser de beleza desumana, que se encontrava do outro lado da estante.

Desviei o olhar do dele, pousando-o no livro, para poder responder sem me sentir constrangida.

- Sou o Ethan- disse, já ao meu lado.

Como é que chegaste aqui tão rápido? - interroguei ignorando a outra pergunta.

Eu perguntei primeiro.- afirmou com um leve sorriso calmo e confiante.

- Elbereth.- corei e quando recuperei, voltei a falar- Agora já me podes responder?

Fiquei com a sensação que tinha sido um pouco dura demais, pelo que quando acabei de falar lancei um sorriso nervoso. Ele fez um esgar, de seguida o esbelto rosto ficou inexpressivo e por fim, o sorriso que me era tão familiar voltou.

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⏰ Última atualização: Nov 22, 2020 ⏰

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