Ela não dormia, não tinha paz, tranquilidade, não comia, não bebia, não saia, não se divertia. Contudo, ela era consumida ferozmente e nada podia fazer. Estava presa, em uma fortaleza que não existia fronteira para a liberdade.
Ela era desfilhada pelo medo e desespero, e isso, alimentava o seu carcereiro mais carrasco e cruel. Como ele adorava a ver implorar por um dia de paz, por um dia sem torturas, vê-la suplicar pelo seu fim. Porém, ela sabia que quanto mais gritava e chorava, mais deixava exposto suas fraquezas e o seu carcereiro, aproveitava-se disso, para amofina-la, cada vez mais.
Ela tentou fugir diversas vezes, mas foi inútil. Não existia saída. Quanto mais ela tentava fugir daquele lugar, mais presa ficava. Ela começou a alucinar por um amanhã melhor e isso, abriu uma trilha para a sua maior ilusão, a liberdade.
Ela estava ficando louca. Seu carcereiro a torturava, dia a dia... Hora a hora... Minuto a minuto. Sem descanso, pausa ou desvio, ele nunca cessava, a ter vê-la de fato, desmaiada em sua cela.
Ela tinha que sair de lá, tinha que arrumar uma maneira para que o seu carcereiro não a pudesse capturar, durante sua fuga, pois, bastava ela despertar para, novamente, iniciar uma nova sessão de torturas. Ela estava muito fraca, já não tinha tanta força. Porém, a força que ainda lhe restava, ela a reuniu e planejou, sua última tentativa de fugir daquela situação, tão inóspita.
Ela calculou, mais uma vez, os intervalos de uma sessão a outra de tortura, sempre que estava prestes a desmaiar, ela olhava para o alento, porque às vezes, havia feixes de luz que clareava sua trilha e isso, lhe dava confiança para continuar. Ela observou, mais uma vez, minunciosamente, a rotina de seu carcereiro. Assim, ela escolheu o momento para escapar.
Ela, então, colocou seu plano em ação. Assim que o carcereiro, dirigiu-se para uma cela que ela não tinha conhecimento de como era, mas sabia que ele demorava algum tempo lá, ela tentou se soltar das correntes que ele tinha colocado. Todavia, ela não estava conseguido e nisso, ela quebrou os seus dois pulsos , para se soltar. Caindo de dor, ela se arrastou para fora de sua cela. Ela notou que, os corredores eram mais escuros que sua cela, ela tentou tatear pelas paredes e chão, mas seus pulsos estavam quebrados. Logo, ela arrumou forças em função da adrenalina que estava sentindo e levantou do chão gelado.
Ela caminhou, uma longa extensão. Durante esse percurso, ela não sentiu medo, desespero ou insegurança. Ela conseguiu ver, mais uma vez, os mesmos feixes de luzes. Assim, ela foi em direção, ao chegar lá, ela abriu a porta com um chute.
No entanto, ela havia entrado em sua cela. Porque, havia cometido o mesmo erro que a fez voltar tantas vezes. Ela não quis admitir que a sua cela era sua mente e seu carcereiro, seus pensamentos.
