Capítulo 1

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Minha rotina de sempre: Aoda me acorda, ouço mensagens, tomo café, faço meus relatórios e minhas funções como presidente da Garuda Automobiles. Depois, vem o almoço e meu retiro quase espiritual na sala de simulação.

Hoje, porém, serei obrigado a comparecer virtualmente na reunião com a Nara.

— Que horas são, Aoda?

13:48, senhor.

— Ótimo. Logo estarei livre para ler Drácula de Bram Stoker.

Ligo os aparatos todos e me preparo para fazer-me presente nesta importante empreitada. Eu destilo sarcasmo de uma maneira que assusta até a mim.

Pontualmente, os hologramas de vários acionistas, executivos e toda aquela gente chata, surgem na minha sala de reuniões.

Itachi estava numa ponta e eu na outra. Claro que, no caso deles, eu era o holograma.

Vi alguns caras que eu não conhecia. Um deles, era claramente o fundador e CEO da Nara, o próprio Shikamaru Nara, um gênio, bilionário, filantropo, que estampa matérias sobre tecnologia, robótica e inteligência artificial. Não há como não reconhecer aquela cara preguiçosa depois de vê-la em diversos sites.

A reunião tem seu início com um monólogo entusiasmado do meu irmão. Eu não estou prestando muita atenção, pois minha preocupação é a parte financeira. Temos que lucrar, e muito, se quisermos nos manter no mercado. Do contrário, teremos que declarar falência.

Blá, blá, blá, é tudo que ouço. Todos palpitam e expõem ideias que acreditam ser brilhantes.

Eu estou calado, lutando contra a vontade de revirar os olhos e fugir daqui. Detesto pessoas. A verdade é que nunca gostei, mas, depois da Karin, eu passei a ter uma aversão real.

O que acha, Sasuke?

— Sobre? — Fui pego de surpresa pela voz de Itachi.

O senhor Nara acabou de dizer que pretende utilizar a base tecnológica do cérebro das iSakura, as robôs de companhia recém lançadas.

— Ah, ótimo. Mas, eu só quero saber se há garantia que isso ponha Garuda no topo outra vez.

Senhor Uchiha, com todo respeito, Garuda está defasada. As pessoas querem nossas tecnologias. Elas querem sentir-se cuidadas, amadas por tudo à sua volta. Querem alguém para mimá-las. Seja um robô de aparência humana, seja um celular, ou um carro. Elas querem atenção. Querem ser especiais. Outras empresas estão tentando, mas somente a minha foi capaz de chegar à mais autêntica responsividade natural. Estamos prestes a desenvolver algo realmente humano.

— Não sei se chamo isso de convicção ou presunção, Nara — digo sem fazer rodeio. — De qualquer forma, Itachi compartilha dessa sua loucura. Estou com meu irmão, portanto, vão em frente. Estarei de olho nos gráficos e relatórios. Acabamos?

Temos alguns detalhes para finalizar, Sasuke. Mas, deixe comigo. — Meu irmão me sorri com certa pena, como se eu fosse um doente. Idiota.

— Ótimo. Qualquer coisa, sabem meu telefone. — Desliguei a transmissão.

Pelo visto meus medos vão se concretizar. Em dez anos, humanos serão gado de máquinas, como em Matrix. Quero ver me tirarem da minha mansão, robôs otários!

Livre para meus afazeres prediletos, vou sorrindo para meu simulador. Acho que vou mudar o ambiente um pouco.

— Aoda, quero uma praia ensolarada. Sons de ondas. Mas mantenha uma sombra fresca em mim.

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