Capítulo 2

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Se eu dissesse que estava tudo como era, estaria mentindo. Não consigo ficar à vontade na minha própria casa.

Sakura ficou em seu quarto, pesquisando, e eu... só consigo pensar em como ela funciona. Ela pode sentir alguma coisa? Dor?

Eu poderia perguntar a ela, mas tive uma ideia mais simples. Vou ler seu manual.

Pego meu tablet e pesquiso por iSakura. O site da Nara Technologies é bem chamativo e cheio de promessas de como seus robôs são fantásticos. Fotos dos modelos mais atuais incluem minha nova inquilina, um garotinho loiro muito fofo e um cara com aparência de galã de cinema, cabelo platinado bem maneiro... Afinal, mulheres também curtiam uma companhia robótica. Estão anunciando também a próxima modelo, uma garotinha de cabelos negros, tão fofa quanto o menino.

Bom, eu só quero saber mais sobre minha robô. O termo técnico seria ginoide, a versão feminina de androide.

Dane-se, são robôs e ponto.

Eu nunca vi um manual tão extenso. Um pdf de quase trezentas páginas. Se bem que é organizado, tendo um índice para nortear. Ler nunca foi um problema para mim, então acho que já tenho meu passatempo de hoje.

— Aoda, modo sem interrupções.

Sim, senhor.

Primeiramente, uma apresentação sobre os avanços tecnológicos feitos pela Nara, uma longa explicação sobre AI, comparando as primeiras inteligências artificiais rudimentares com as atuais.

A coisa toda envolve muitos campos de estudo. Para o corpo da iSakura, utilizaram tecido bio-sintético que vinha sendo desenvolvido há quase doze anos. Ela possui uma estrutura nervosa projetada nano-tecnologicamente, o que lhe permite ter sensações e reações proporcionais. Isso é útil, já que seu corpo poderia se prejudicar se ela permanecesse em um local com temperaturas extremas, encostasse em algo muito quente, entre outras coisas. Assim, ela tem um mecanismo primitivo de defesa e proteção, como nós humanos.

Claro que não se resume a isso. Minha dúvida foi respondida por um capítulo inteiro sobre sexo com robôs. Ela tem reações que "imitam a realidade ao máximo".

Caramba! A coisa é tão sofisticada que os músculos vaginais contraem-se para simular o orgasmo. Tudo programado para ser autêntico. Que coisa esquisita.

Agora me peguei pensando no tal iKakashi. Será que ejaculam? As mulheres gostariam disso? Vou acabar lendo o manual dele também...

Reviro os olhos pelo rumo que tomei.

Bom, ao menos sei que ela pode "sentir" dor. Se seu corpo for pressionado com força, cortado ou machucado, ela vai reagir. Ela pode gritar, chorar e, dependendo da gravidade, a pele fica vermelha ou até arroxeada, levanto tempo proporcional para clarear.

Mas ela não pode cicatrizar em caso de corte. Também não sangra. Se for ferida ou mutilada, precisa de manutenção para consertar o estrago.

Em caso de acidentes graves, ela só "morre" se seus chips principais forem danificados. Do contrário, basta fazer um backup e colocar tudo em um novo corpo.

Agora sei bastante coisa sobre minha Sakura. Mas preciso de uma pausa para o jantar, antes de prosseguir com os próximos tópicos.

— Aoda, já pediu comida?

Sim, senhor, está a caminho.

— Ótimo. Sakura está no quarto?

Sim, senhor.

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