Doze

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Rodo mais uma vez a loja, em busca de algo que pudesse agradar Rony. Provavelmente ele gostaria de qualquer coisa que não fosse usada, contudo, ainda assim, queria algo que achasse sua cara.

Mas tudo que consigo são minhas costas irem de encontro às de outra pessoa. 

— Perdão, eu... — me viro, dando de cara com olhos castanhos pouco acima da minha cabeça — Oh...

— Não foi nada. — ele responde, com um sorriso que eu realmente não precisava ver hoje. 

Os minutos que passamos nos encarando me parecem horas, e simplesmente não consigo desviar das íris cor de chocolate. As pontas dos meus dedos formigam um pouco, o que acontece quando estou nervosa ou ansiosa.

— É... eu... — revezo meu olhar entre seus olhos e sua boca, tentando achar concentração para falar algo — Preciso achar um presente para Ron. — saio rapidamente, sem dar-lhe a chance de falar nada. 

Acho um gorro bonito, bem a cara do meu amigo, finalmente. Pago, e sigo para o lado de fora, onde todos que vieram para Hogsmead já estavam. 

— Não acha que já deu desta briga? — Gina puxa o assunto, enquanto começamos o caminho de volta para a escola. 

— Já se passaram semanas, Tessa... — Hermione a ajuda — Nunca estiveram tanto tempo sem se falar. Nem quando eram amigos. 

— Todas vocês viram o que aconteceu, não viram? Ou estou ficando maluca? — esbravejo, atraindo a atenção do alvo de nossa conversa, que caminhava com seu irmão à frente — Desculpem. — murmuro, sem graça.

— Está tudo bem. — a mais nova diz — Só achamos que deveria dar a ele a oportunidade de se explicar. 

— Isso. — a outra passa o braço pelos meus ombros, com o tom de voz doce de sempre — Sabemos que está com raiva ainda, e com razão, mas nada vai se resolver desta forma. 

— É, — admito — vocês podem ter razão. 

As enormes paredes de Hogwarts nos aquecem a partir do momento que entramos pelas suas portas. Nossos amigos lufanos, corvinos e sonserinos  seguem para as salas comunais de suas respectivas casas em um ponto do percurso, para guardar as sacolas, e nos encontrar no campo de quadribol à noite.

Apresso um pouco o caminhar para alcançar os dois ruivos altos que andavam alguns passos à minha frente. Antes de consegui alcançá-los pondero minhas ações seguintes, pensando nas consequências que as mesmas poderiam ter. Mas, mesmo assim, sigo em frente.

— Fred? — toco no ombro do garoto, que, de imediato, vira em minha direção — Podemos... conversar?

Nós? Claro! Digo, sim... — ele joga sua sacola para o irmão, pedindo para que o mesmo a leve para o quarto. 

Minhas  amigas se oferecem para fazer o mesmo com a minha, e logo entrego. Elas sobem, junto com Angelina (que curiosamente começou a ficar minha amiga nas últimas semanas) e Elena, que insiste em ficar na sala comunal, mas Gina não deixa. 

Sigo com um Fred claramente nervoso para o sofá mais perto da lareira, devido ao frio, e lá sentamos. Ele parecia extremamente dividido entre me encarar e desviar o olhar.

— Bom... as meninas me pediram para dar uma oportunidade para que você se explicasse. — começo — E aqui estou eu. Você tem algo a dizer?

— Sim! — ele se apressa — Muito. 

— Pode começar então. — cruzo minhas pernas em cima do sofá. 

— Tessa, — o ruivo limpa a garganta, antes de prosseguir — você sabe que é minha melhor amiga. Há anos. Não é como se fosse uma coisa implícita. Eu não sei de onde Elena tirou aquilo de me chamar assim, nós só... estudávamos juntos as vezes, quando eu não estava com você. — sua voz mostra que está tentando resumir muita coisa em poucas palavras, e tento manter a expressão neutra — E você já estava brava comigo, quando ela sentou no seu lugar eu não sabia se queria que eu falasse alguma coisa, ou se apenas pioraria a situação. Ainda não sei porque está com raiva e sem ao menos olhar na minha cara, Tessa, mas eu sinto muito. Mesmo.

A maior pegadinha de todos os tempos || Fred Weasley || Parte IOnde histórias criam vida. Descubra agora