Eu levei um tempo para me recuperar daquele choque.
No meu quarto, só conseguia pensar em quão constrangedor seria encará-la depois daquilo.
Essa sensação de vergonha se apoderou de mim, me impedindo de ter outros pensamentos... mais impuros. Não sei o que é pior!
Eu pretendia me trancar aqui e evitá-la pelo resto da minha vida. Seria mais fácil. Porém, para meu desespero, ouço batidas na porta. Demorei um pouco para responder, tomando fôlego e coragem antes de autorizá-la a entrar.
— Sasuke... — ela murmurou, mantendo-se escorada no batente. Parecia igualmente envergonhada.
— Sakura — foi o que consegui dizer, com a voz morrendo em minha garganta.
— Eu... Você não devia ter entrado sem bater — falou sem me olhar.
— Não foi minha pretensão, acredite. Foi um mal entendido.
— Explique-se.
— Aoda te ouviu gritar. Fiquei preocupado com você. Como eu ia imaginar?
— Essa coisa não diferencia gritos?!
— Não. A ordem que ele tem é me avisar se ouvir gritos... Eu é quem deveria ter deduzido... Estou me sentindo um imbecil!
Vi ela suspirar e me olhar timidamente. Aquela imagem acabou voltando e eu senti uma maldita fisgada aqui em baixo...
— Você se esquece que sou um robô. Não precisa se preocupar comigo assim.
— É complicado. Imaginei tantas coisas. Eu... acho que tenho medo de perder você. Sou mesmo um idiota, né?
— Nem tanto — riu. — Eu deveria ficar feliz por receber esses cuidados vindos de você.
— Podemos fingir que não aconteceu... Agir como se eu não tivesse visto nada.
— Ótima ideia. Vou... nadar.
— Beleza. Vou estar por aqui, se precisar...
Ela me dirigiu um sorriso meio sem graça antes de sair. Óbvio que ainda vamos ficar encabulados por um tempo, mas... não falar no assunto me parece a melhor saída.
Peguei o tablet, planejando ler qualquer coisa para me distrair, mas só ficava imaginando como seria o orgasmo dela. Pareço um tarado, porém, a coisa aqui é um pouco mais científica...
Lá vou eu acessar o manual dela e reler o capítulo sobre o assunto.
Infelizmente, a perspectiva é voltada para a visão humana, para não dizer masculina. Deixam claro que ela imita um orgasmo, tem lubrificação para garantir um sexo prazeroso para o parceiro... Muita informação sobre como seria transar com ela, mas pouco sobre o que ela sente.
Há uma curta explicação sobre seu sistema nervoso, neurotransmissores que enviam sinais do que ela entende como prazer. Mas não é pensando nela. Isso tudo é para tornar mais real a experiência do proprietário. Tudo bem que ela é uma máquina, criada com propósito de servir um humano. Mas, depois de conviver com ela, não vejo apenas isso. Há muito mais. Ela também sente, ela também tem desejos. E, pelo que pude ver, ela busca pelo próprio prazer. Será que Nara sabe disso? Será que isso é programado também?
Não sei se quero falar com ele sobre isso. É muito constrangedor. Além do mais, sinto que estou invadindo a privacidade dela. Seria errado falar sobre isso com terceiros...
Ela é minha robô! Eu nem preciso me preocupar com essas questões. Eu devia falar com ele... Perguntar se outras iSakura fazem isso...
Não! Sakura e eu somos amigos. Devo respeitá-la. Dane-se se ela é uma máquina. Eu não a vejo só assim. Eu lhe dei liberdade e a ajudei a se enxergar como alguém, disse-lhe que pensa e que existe. Já é hora de eu admitir para mim mesmo...
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iSakura
FanfictionSasuke era o presidente da grande Garuda Automobiles, a empresa que lançou no mercado os primeiros carros planadores no ano de 2037. Era um homem admirável e fortemente desejado por muitas mulheres e, uma delas, ganhou seu coração. Foram casados por...