Capítulo 9

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Após a aula, deixei que ela cuidasse de seus assuntos. Estou mesmo preocupado com sua proteção. Tenho muito medo de perdê-la... Se ela for apagada e se esquecer de tudo... eu ficarei destruído.

À noite, Sakura anunciou que havia feito o jantar. Eu acabei me distraindo ao ler Shakespeare, nem vendo a tarde passar. Estava com saudades dessas leituras.

— Fiz frango assado. Espero que goste.

— Gosto de tudo que você faz — falei enquanto a acompanhava até a cozinha.

Ela nos serviu e aguardei que puxasse assunto, já que, no momento, só consigo pensar no firewall e desejar que ela resolva isso.

— Não vai comer? — me perguntou.

— Ah, claro. Me desculpe — murmurei e provei a comida. — Isso está perfeito, como sempre, Sakura.

— O que você tem? Está diferente, Sasuke.

— Estou tentando disfarçar, mas parece que falhei — respondi me rendendo. — Estou ansioso quanto às suas pesquisas. Quero muito que dê tudo certo.

— Se quer uma boa notícia, posso dizer que decifrei completamente meu código. O firewall me impedia de ter acesso a alguns arquivos específicos, mas consegui quebrar as barreiras, por assim dizer. Obviamente, isso vai soar um alerta para a empresa.

— Eles podem tentar usar isso... Afinal, eles querem proteger a AI para não ser copiada. Isso implica em muitas coisas.

— Em compensação, comecei a desenvolver minhas próprias barreiras, negando acesso de terceiros. Quando eu terminar, ninguém poderá me invadir.

— Estou realmente aliviado e orgulhoso de você.

— Posso analisar petabytes de dados em segundos. Não seria tão difícil para mim.

Aquele pequeno e insistente alerta soou em minha cabeça. Nara criou uma AI muito avançada. Mesmo que somente Sakura tenha evoluído a esse ponto, quem garante que outras não farão o mesmo? Perigoso, muito perigoso.

Mesmo assim, já não me importo tanto com isso. Tê-la comigo me faz tão feliz que nem ligo se o mundo lá fora acabar dominado por um exército de robôs. E, convivendo com ela, começo a pensar que os outros robôs sejam todos bons. Uma utopia de humanos e máquinas. Cara, o que a Sakura fez comigo?

— Sasuke? Está me ouvindo?

— Hum?

— Você se distraiu enquanto eu falava sobre criptografia.

— Ah, desculpe. Eu não entendo muito disso, então... é como se você falasse grego ou aramaico antigo. Desculpe.

— Tudo bem. Acho que me empolguei.

— Estou feliz que esteja conseguindo, Sakura. Saber que você estará protegida é tudo que importa.

— Quero terminar antes do fim de semana. Estou ansiosa para o jantar com sua família.

— Até eu estou. Bom, concentre-se em você até terminar. Vou te deixar em paz.

— Mantemos ao menos as aulas — me disse decidida.

— Certo, Sakura-sensei — concordei com deboche e ela riu.

Voltei para o meu quarto e, por mais que eu precisasse lutar para reprimir meu crescente desejo por ela, mantive minha palavra e a deixei sozinha.

[...]

Mantivemos essa rotina bem tranquila até que, na sexta à noite, ela me anunciou que havia conseguido.

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