Capítulo 11

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Após me recuperar de um colapso, onde chorei e gritei como um louco, peguei o aparelho que ela me entregou anteriormente e abri o aplicativo.

Sasuke, finalmente — disse a voz dela, como em uma ligação.

— Sakura. Está tudo bem?

Sim. Me trouxeram para a empresa. Estou esperando numa sala escura... Não vejo nada, mas há acesso à internet. Caso cortem a conexão, continue falando comigo pelo aplicativo. Se eu me reconectar, saberei tudo o que conversamos. Sei que é estranho, mas é melhor que nada, certo?

— Sim, é melhor. — De fato, era muito melhor, mas dúvidas me assolavam. — Sem estar conectado com você... o app saberia... agir como você?

É uma cópia de mim, colocada num servidor na nuvem. A sincronização faz uma ponte para que os dados sejam compartilhados... Sei que é complicado para você, mas... em resumo, fiz um update meu num servidor que só eu tenho acesso. Agora, eu existo lá. E posso me replicar... por assim dizer. Ninguém pode me destruir, Sasuke. Isso eu garanto.

— Vou me contentar em ter essa certeza. Poderíamos reconstruir um corpo para você?

Seria possível. Complicado, mas possível. Eu posso trabalhar nisso...

— Posso usar a Garuda... Faremos isso em breve. Será nosso objetivo.

Eu sempre te arranjo novos objetivos, né?

— Você é meu objetivo, Sakura. Eu amo você.

Eu também te amo. Espera... Nara está aqui. Vou desconectar por um tempo, logo volto.

— Certo. Falarei com essa... com a você que ficou aqui. — Ri meio sem graça. É bem estranho.

[...]

Sakura me contou que Nara apenas conversou com ela, enchendo-a de perguntas. Ele está louco para analisá-la, mas ela disse que, certamente, levarão anos para decifrar sua criptografia. Ela não irá colaborar e, mesmo sem internet, dará um jeito de atrapalhá-los.

Essa foi a última conversa que tivemos sincronizando seus dados. Agora, a Sakura que está comigo não sabe me dizer o que aconteceu. Mas, ainda é ela. Mesmo sem o corpo, mesmo sendo uma cópia, por assim dizer, é ela.

Ainda conversamos. Ela não pode ver filmes ou fazer coisas que fazia, mas ainda pode ouvir música. Me dediquei a tocar para ela. Ainda não sou bom, mas tenho como meta aprender a tocar piano devidamente, para agraciá-la.

Tendo acesso à internet, suas pesquisas continuam. Ela está trabalhando num projeto para seu futuro corpo. Vai levar tempo, talvez anos, visto que teremos que correr atrás de diversos profissionais como os que trabalharam nas iSakura e os demais robô daquela empresa. Afinal, queremos algo similar ao que ela era, não um corpo simples como o do Aoda, totalmente metálico... Queremos trazê-la de volta.

Itachi vem me visitar com mais frequência do que o necessário. Preocupado demais comigo. Não lhe contei sobre Sakura, não ainda.

Hoje faz um mês que estou vivendo assim. Conversando com esse aparelho celular. A única coisa que me mantém são é a esperança de trazê-la de volta, e a pequena alegria de ainda poder falar com ela. É como se ela tivesse mudado para longe e me ligasse. Em pensar que os antigos viviam amores por cartas... Ao menos nisso estou melhor que eles. Posso ouvir a voz de minha amada.

Senhor, Itachi está aqui.

— De novo. Terceira vez nesta semana. Deixe-o entrar.

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