Verifique suas correspondências - O Casamento - Parte 1

217 21 30
                                    


Um ano depois.


— Boa noite, Clyde — Cumprimentei o porteiro de meu prédio enquanto passava pela porta do hall.

— Boa noite senhorita America. Aqui estão suas correspondências — Respondeu ele abaixando a cabeça levemente.

— Obrigada — Falei pegando os papéis que estavam estendidos a mim, e segui para o elevador em busca de chegar ao apartamento o mais rápido possível por três motivos importantes e gritantes: 1) precisava fazer xixi; 2) estava com fome; 3) estava literalmente o "pó da rabiola".

Ajeitando a alça da bolsa em meu ombro, olhei para cima, mais exatamente para a luz do elevador logo sentindo meus olhos incomodados. Eu acho que nunca havia ficado tão cansada em uma semana.

Trabalhar na Community era a experiência mais incrível e desafiadora da minha vida. Era ótimo chegar em casa cansada com a sensação de "Fui produtiva para minha empresa e para meu país" mas ao mesmo tempo... era tudo que eu fazia na vida, sem exageros.

Em Maio, eu completaria um ano de "Bostoniense" , e mesmo assim, sentia que não havia conhecido nem ¼ da cidade ainda. "Mas America, você não trabalha nos finais de semana, só está dando desculpas de não ter ido passear". Talvez você esteja certo mas vamos lá... Ficando a maior parte do tempo no trabalho, minha convivência social se restringia basicamente, ao pessoal do trabalho, e claro, meu porteiro, Clyde. E como posso dizer... o que a Community tinha de profissional e exigente, tinha de soberba e um tanto quanto apática. Ainda mais sendo a garota nova, parecia que eu precisava provar algo para todas as pessoas que me rondavam. Sei que isso tem um pouco de verdade mas ainda sim, era bem desconfortável dizer Bom-dia para as pessoas e elas nem sequer olharem em sua cara.

Eram nesses momentos que eu sentia falta da Dynamics, ainda que fosse bem menor que a Community, era bem mais hospitaleira com quem estava chegando, até mesmo com os estagiários. Na Community, acabei fazendo muitas e muitas asneiras em um tanto de trabalhos que me foram designados ali, e levei inúmeras broncas de Kara. No meio do ano passado, Johansson ainda "me presenteara" com uma estagiária. Nina. Segundo minha chefe, ela me serviria de apoio. Mas a garota era um caos em pessoa, extremamente atrapalhada e insegura.

No começo não sabia o que fazer com ela, quando percebi que Nina estava com muita dificuldade para terminar simples orçamentos de projetos, eu logo vi que teríamos muitos problemas. Lembro que estava quase, quase mesmo, a ponto de ir reclamar com Kara sobre aquela criatura, que na verdade, só estava me causando atrasos na execução dos trabalhos, quando tomei por conta o quão injusta e arrogante estava sendo.

Me lembrei de quantas vezes havia errado com Maxon e Zack, e eles me corrigiram, ensinaram e me ajudaram a evoluir... e era exatamente isso que eu tinha de fazer com Nina (ainda que não soubesse como executar isso).

Aos poucos, fomos conversando e trocando ideias no meio do expediente, e todas as vezes que ela errava, tentava corrigi-la de uma maneira que não a deixasse desconfortável, transparecendo que facilmente ela poderia consertar aquilo de maneira simples.

Por fim, acabei percebendo o quanto Nina tinha jeito para a área de consultoria, e fiz o possível para que ela me ajudasse nas partes do meu setor que agregavam aquilo. Mas não eram muitas. A garota era uma consultora de negócios nata e não havia dúvidas quanto a isso. Fiz então, algo que agradeci muito quando Maxon fizera comigo: tentei encaixar Nina na área dela. Conversei com Kara sobre como a menina era extremamente eficaz em análise de viabilidade e de gestão financeira e; acabou que Nina foi transferida para trabalhar com um administrador chefe, fazendo coisas bem mais simples, mas ainda sim, que ela gostava.

Sr. Maxon SchreaveOnde histórias criam vida. Descubra agora