[IX] Música de bar

770 89 342
                                    

Boa leitura!

[👿]

Amor.

Os estudos nos dizem que esse sentimento ativa as mesmas partes do cérebro que um vício habitual; constante.

Faz com que nos sentíssemos como se fossemos capazes de fazer qualquer coisa, ser qualquer coisa, alcançar qualquer coisa. E uma vez que experimentamos, nós iremos sempre querer mais.

Tão viciante quanto qualquer droga lícita ou ilícita que você vê por aí.

Exatamente como qualquer droga que você vê por aí.

Eu nunca depositei muita fé no amor ou em milagres.

Mas, sentindo o peso de seu corpo sobre o meu, enquanto me aproveito de seu calor e desfruto do sabor doce de seus lábios carnudos, sou capaz de sentir o mesmo gosto de quem tocou os pés no céu.

Jimin e eu repartíamos — mais uma vez — o calor de nossas peles coladas uma na outra, vez ou outra parávamos para respirar. Seu corpo em meu corpo é como fogo que queima, explodindo em desejo.

Meu interior começou a queimar, enquanto eu ouvi uma voz conhecida ecoar em minha cabeça. Meu lúcifer havia voltado, e ele estava solitário.

Soava como um som de redenção.

Em gestos lentos e delicados, minhas mãos deslizavam por seu corpo sobre meu colo. Seu cabelo colorido grudado em sua testa o dava um ar encantador e dez vezes mais atraente. Aos poucos eu passei a conhecer suas curvas na palma da mão, e o seu gosto na ponta da língua, enquanto suávamos felizes e ofegantes dentro do carro na estrada de terra que leva até a pedreira que adorávamos visitar.

Jimin era um projeto de milagre que eu acreditava ter acontecido.

Minha língua explorava desesperadamente toda a área pálida de seu pescoço enquanto ele puxava os cabelos de minha nuca e soltava suspiros baixos. E então, de repente, ele se remexeu sobre mim, afastando seu corpo do meu e abriu a porta do carro. Com um sorriso sapeca e a respiração falhada, ele saltou para fora do veículo e passou a caminhar de costas para longe de mim.

— O que está fazendo? — comecei a segui-lo. Quando tentei o alcançar, ele apressou as passadas e eu espremi os olhos para si. Jimin adorava brincar com a minha cara. — Vai fazer isso de novo?

— Do que você está falando? — se fez de sonso — Apenas quero nadar — disse simplista ao parar na beira do pico e apontou para baixo.

— Você não sabe nadar.

— Então me ensina, ué. Te vejo lá em baixo — me lançou uma piscadela e em um gesto rápido, saltou pedreira à baixo.

Revirei os olhos e me joguei na mesma direção em que Jimin havia saltado. Meu corpo chocou-se contra a água pouco gelada e eu o agarrei pelos braços, puxando sua cabeça para a superfície.

— Você não tem medo de morrer, não? — passei meus braços por sua cintura ao passo em que ele envolveu suas pernas em meu corpo e passou os braços por meu pescoço.

— Não — sorriu abertamente.

Seu sorriso também era um projeto de milagre.

Ao passar da tarde, o sol colorido adornava nossas peles e nos aquecia enquanto eu tentava, pacientemente, ensiná-lo a nadar. Suas pernas brincavam e brincavam, vinham chegando devagar, vagando em meu rio dentro de um sonho tão acordado que sentiu o frio das águas claras.

Nos divertimos bastante naquela tarde de terça-feira. Quando finalmente nos cansamos, subimos pela rua barrenta até o local onde meu carro estava e, ainda insatisfeitos com o pouco tempo que passamos juntos, permanecemos ali por um longo tempo. Nos sentamos sobre o teto do carro e passei a deleitar-me de sua companhia.

Garoto infernal • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora