"Ela é minha
Fique longe dela, não é a hora dela
Porque, meu bem, eu sou o único
Que assombra os sonhos dela a noite
Até ela estar satisfeita
Me faça uma promessa aqui esta noite
Ame como um maremoto"
Pierce The Veil, A Match Into Water-Okay, você me pegou! Não tem mais como esconder de você...
-Você admite que está escondendo algo de mim?
-Sim, na verdade... É melhor nos sentarmos, é uma história um pouco longa.
San saiu andando esperando que o Kim o seguisse, passou novamente por Seonghwa e Yeosang e o tempo começou a se passar em câmera lenta, olhou para os fios de Seonghwa e reparou em algo naqueles fios que nunca reparou em nenhum outro, além de serem dois em um só portador.
Os fios tinham tons diferentes, o fio que este dividia com Hongjoong era de um vermelho tão forte e escuro, lembrava sangue, já o de Yeosang era de um vermelho escuro também, mas esse lembrava o vinho que seus pais costumavam tomar em noites de festanças sofisticadas, eram cores semelhantes, porém o fio de Yeosang era ligeiramente mais claro.
San nunca reparou nos tons de vermelho dos fios, olhou para seu próprio fio e viu como ele era dotado de um vermelho vivo, como o de camisetas e de lápis de cor, não era escuro como os de Seonghwa, todos os outros fios que já havia visto eram do mesmo tom que o dele, talvez poderiam ser um pouco mais claros ou um pouco mais escuros, de qualquer forma não fugiam do padrão. Mas algo diferente havia naqueles dois fios e ele estava curioso para saber o motivo.San e Hongjoong se sentaram em um banco um pouco distante das pessoas, o garoto ruivo aparentemente queria privacidade. O loiro o encarava com expectativa nos olhos.
-Certo... É uma longa história...
San não estava nas suas melhores faculdades mentais, e eu tive de viver sozinho durante a semana que ele ficou em casa se cuidando, foi desconfortável no começo, sentia as pessoas me observando com olhares de desaprovação e coisas piores, mas no segundo dia após o fatídico dia da overdose de meu melhor amigo Seonghwa veio falar comigo.
Fiquei confuso, não sabia o que ele queria, não sabia se ele iria me bater ou me intimidar, mas eu permaneci parado o encarando vindo em minha direção, sozinho.
-Hongjoong, certo? Eu preciso de sua ajuda, eu não peguei algumas matérias, acho que você poderia me passar elas, não?
Eu estava inquieto e ao mesmo tempo confuso, seu perfume passava exatamente a vibe que ele transmitia com aquela jaqueta de couro preta, o seu olhar era penetrante e um sorriso malicioso se formava em seus lábios grossos, o cheiro de couro se misturava com seu aroma de homem mulherengo adocicado com baunilha.
-Claro, eu posso ajudar... Eu vou para casa do San depois da aula e fico até o meio da tarde mais ou menos, nós podemos...
-Podemos nos encontrar na minha casa assim que você terminar suas obrigações com San. - ele pegou em minha mão e colocou uma pequena tira de papel sobre minha palma e a fechou em seguida - Pode me chamar, eu te passo o endereço. E voltou a caminhar novamente.
O toque dele fez todo meu corpo reagir: minhas mãos começaram a suar, a evidente tremedeira presente nelas, e meu cérebro estava tentando processar o que havia acabado de acontecer.
Abri a mão a chequei o que estava escrito no papel, um número. Peguei meu celular e criei o contato dele ainda tremendo.
Enviei uma mensagem e o observei parar no corredor para olhar o celular, vi-o me encarar de canto de olho e em seus lábios carnudos o sorriso mais perverso do universo surgia. Aquele sorriso me deu um arrepio na espinha e meu corpo tremulou.
Fui para casa de San, como planejado, e sai um pouco mais cedo, ele já tinha me enviado o endereço e eu estava indo a passos rápidos mesmo sem perceber.
Entrei em seu jardim e parei na porta de sua casa, encarei aquela imensa porta de madeira branca numa tentativa de acalmar meu coração que batia tão rápido que eu podia ouvir meus próprios batimentos. Sem que eu tenha apertado a campanhia a porta se abriu, me deparei com um Seonghwa diferente do habitual que via na escola.
-Oi! Você chegou! - ele parecia uma criança, o cabelo estava bagunçado e úmido, vestia uma calça moletom e um belo suéter branco, em seus pés calçava pantufas brancas macias. Eu estava na frente de um verdadeiro anjo.
-O-oi... - olhei para baixo e sentia o olhar dele pesar sobre mim, minhas bochechas coraram e eu senti elas queimarem, era praticamente impossível não gaguejar naquela situação.
-Pode entrar, não precisa ter medo ou vergonha. Ele abriu passagem para que eu pudesse entrar, e eu entrei.
Me deparei com uma sala, um sofá de camurça bege e uma televisão preenchiam o ambiente de cores claras, era um lugar até que aconchegante para um cara como Seonghwa.
-Você prefere aqui na sala ou no meu quarto?
-Por mim tanto faz.
-Quer algo para comer? Minha mãe fez alguns mufins de maçã antes de sair, aceita um?
-Ahn... Claro!
Segui ele até a cozinha de azulejos brancos e piso azulado, ele retirou um pano que escondia uma bandeja com vários bolinhos apetitosos, ele esperava eu pegar um. Peguei o mufin e dei uma mordida, uma onda de sabores invadiu meu ser com o contraste da maçã e da canela, era um doce dos deuses. Ele me encarava com expectativa, podia ver seus olhos brilhando.
-É delicioso! Nunca comi algo assim!
Ele soltou o pano e assentiu satisfeito, sorrindo disfarçadamente.
-Bem, vamos subindo, temos muito para fazer. - mesmo parecendo a personificação de um anjo ele ainda tinha um sorriso malicioso naquele rosto angelical. Do mesmo jeito que os sabores da maçã e da canela se harmonizavam, da mesma forma que o queijo e a goiabada se equilibravam, o seu rosto angelical e seu sorriso malicioso eram quase perfeitos, eram colírio para meus olhos.
Seu quarto era de um tom verde claro e havia vários posters colados nas paredes esverdeadas, uma escrivaninha branca estava no canto abaixo da janela e havia algumas estantes com livros, analisei o que ele lia e não me surpreendi com o que vi.
-Você só lê "Diário de um Banana"?
-Sim... - ele corou.
-Eu posso te indicar alguns livros, se quiser, podemos ir na biblioteca também. - eu tentava não rir da maneira fofa que ele havia me respondido.
-Claro! Eu iria adorar...
-Podemos marcar, qualquer dia.
Desviei o olhar dos livros e percebi que o quarto estava arrumado demais para alguém como Seonghwa.
-Você arrumou seu quarto por minha causa? - eu arrisquei já me sentando na cadeira de sua escrivaninha e deixando minha mochila de lado.
-O que?! Não, eu sempre arrumo meu quarto!
-Você mente muito mal.
Ele corou novamente e abaixou a cabeça, se arrastando a passos lentos em minha direção.
-Podemos fazer isso na minha cama... O espaço aqui é pequeno demais.
-Sim, como quiser.
Me levantei recolhendo meu material e sentei em sua cama confortável e arrumada especialmente para minha visita.
Começamos a estudar e eu fui explicando algumas materias para ele, mas ele não estava realmente atento ao que saia da minha boca, mas sim prendendo sua atenção em minha boca.
-Ei, você está me ouvindo?
Ele me respondeu mordendo o lábio inferior de maneira estranhamente sensual, o equilíbrio dele me assustava por inteiro, ele poderia ter a aura da pessoa mais pura do mundo e mesmo assim ele seria o bad boy de sempre. Ele mordia seu lábio enquanto encarava os meus.
Ele se aproximou de mim.
E quando fui perceber, seus lábios já estavam colados nos meus.
Seu gosto era de morangos frescos, seu beijo era ansioso e quente, estava claro que ele queria muito mais que só um beijo. Eu confesso que ninguém nunca me beijara até aquele momento, e eu também nunca beijara alguém, mas eu retribui o beijo na mesma intensidade, colocando minha mão em sua nuca e o puxando para mais perto de mim, mostrando a ele que eu o desejava tanto quanto ele me desejava.
Sua língua explorou a minha, sua testa quente estava contra a minha e seus quadris se moviam em minha direção, nos separamos quando o ar faltou e continuamos de testas coladas. Sua respiração era ofegante e quente, eu sentia seu hálito a poucos centímetros, eu também estava ofegante e encarava o fundo de seus olhos, o desejo estava estampado neles.
O barulho de um carro estacionando nos fez separar imediatamente.
-Vai para de baixo da cama!
-O que?
-A minha mãe voltou e ela não faz ideia que você está aqui!
-Por que ela não saberia que eu vim aqui para te ajudar nos estudos? - dessa vez foi eu que sorri maliciosamente.
-Você sabe que eu não te trouxe aqui para estudar. - ele me puxou da cama com uma força sútil - Vai, em baixo da cama.
Eu o obedeci segurando o riso, ele era extremamente previsível.
-Mãe?
-Sim, querido? Está tudo bem?
-Sim, está sim...
Eu ouvia passos no andar inferior.
-Ora, você comeu um dos meus mufins? Desde quando você gosta de mufins de maçã?
-E-eu... Eu experimentei um, estava muito bom.
Eu comecei a rir baixo. O ambiente abaixo de nós ficou silencioso, exceto pelos passos da mãe de Seonghwa, ele se abaixou e fez sinal para que eu ficasse quieto.
-Desculpa. - eu disse em um sussurro seguido de várias outras risadas abafadas.
Ele se levantou e abriu a janela, fechou-a e voltou, andava de um lado para o outro sem saber o que fazer.
-Seong? - a voz da mulher ecoou - Eu vou precisar sair de novo, vou sair com algumas amigas e buscar seu pai, umas 20h eu estou de volta.
-Certo, até mais.
Ele suspirou aliviado, ouvimos o barulho do carro saindo e eu me arrastei para fora da escuridão, comecei a rir alto.
-Pare de rir! Não tem graça! Eu fiquei nervoso.
-Certo, aham.
Eu continuei a rir mesmo depois de ter levantado, ele abaixou a cabeça e me encarou de canto.
-O que há? - meus risos foram substituídos por preocupação
-Você...
-Eu?
-Você é a pessoa mais bonita que eu já conheci.
-Ah, obrigado... - minhas bochechas pareciam o próprio inferno.
-Eu posso te pedir algo?
-Ah... Acho que sim.
-Vai parecer estranho...
-Tudo bem, vá em frente.
Ele pegou o celular e uma música conhecida começou a tocar: Lovesick Girls, da Blackpink.
-Você... Bem, pode dançar pra mim?
Eu fiquei pasmo no início, mas o ritmo hipnotizante invadiu meus músculos e involuntariamente eu comecei a dançar, com os olhos fechados apenas sentindo cada batida da música, deixando o meu corpo ser levado por aquela sensação estranha de prazer. Eu não precisava olhar para saber que ele estava curtindo, me olhando e dançando também.
E foi naquele final de tarde, com o sol descendo no horizonte e a lua subindo em sua cruzada pelo céu, que ele me olhou nos olhos, tirou seu suéter e entregou-o para mim, como forma de seu amor. Ali eu percebi que estava apaixonado por Park Seonghwa, o bad boy desejado por todas as garotas que o viam, e talvez pelos garotos também....
Nessa mesma noite, após Hongjoong voltar para sua casa com um sorriso imenso no rosto, Seonghwa pegou seu violão dentro do guarda-roupas e criou uma melodia baseada em alguns acordes: dó com nona, ré, mi menor e sol. Após ter escrito tudo em seu caderno de composições sua mãe o chamou, "Já estou indo", precisava de um nome para aquela melodia, decidiu que seria KHJ.
Naquela noite, Hongjoong subiu correndo as escadas de sua casa ignorando as várias perguntas de sua mãe - "Esse suéter é seu? Aonde você estava? Por que demorou tanto?". Pegou uma folha de papel que estava solta e se sentou na sua escrivaninha, escreveu a letra de uma música e deu a ela o nome de "Dança pra mim".
...
Dedico esse capítulo para a minha melhor amiga Luiza porque sem ela esse capítulo provavelmente não existiria.
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um entrelace incorreto || woosan
Разное"Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se... Independente do tempo, lugar ou circunstância... O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir." Choi San desde sempre foi forçado a acreditar nessa maldita lenda pois via...