confissão noturna

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Num mundo aonde cada vampiro tem a escolha entre bolsas de sangue dadas por hospitais ou ter seu próprio humano doador de sangue, Changkyun e Madeleine são parceiros. Ele é vampiro e ela humana. A relação foi selada por contrato e suas regras são:

1° O doador terá de viver na mesma residência que o vampiro;

2° O vampiro não tem autoridade sobre seu parceiro e ele não deve nada além de seu sangue ao sobrenatural;

3° O doador é obrigado a alimentar o vampiro quando o dito cujo quiser. Caso ele negue o sangue, será morto.

Apesar da sua união ser forçada, ambos se dão bem. A família de Madeleine se envolveu em dívidas com a família de Changkyun e único jeito de quitar suas dívidas era oferecendo a própria filha (mesmo sem ela concordar). Ela tinha vinte anos. Passando-se três anos, os dois eram melhores amigos.

Porém, a relação entre doadores e vampiros não era muito boa na maior parte dos casos. Muitos vampiros exerciam sua força e autoridade sobre seus doadores, que não tinham escolha a não ser obedecer. Normalmente, os doadores eram tratados como prostitutas ou faziam seu próprio negócio clandestino com eles. Eram até proibidos de verem seus familiares e amigos. As amigas de Madeleine ficaram surpresas por ela ter um vampiro tão decente e a alertaram porque "nunca se sabe, não é?". Porém, o que elas não sabiam é que Madeleine acabara se apaixonando por Changkyun. Ele era seu melhor amigo e a entendia como ninguém, mas ela tinha noventa e nove porcento de certeza de que não dariam certo.

Changkyun cuidava dos negócios da família, era um dos CEOs, e também tinha muitos casos amorosos rápidos, ou seja, muitas vezes era visto apenas de manhã ou só depois de dois dias. Madeleine era estudante de Jornalismo e trabalhava num banco local. Quando se encontravam, normalmente à noite, conversavam por horas a fio (e também porque ela tinha de alimentá-lo). Porém, com o tempo, Madeleine começou a se afastar dele pensando que ajudaria a diminuir seus sentimentos pelo homem, mas não adiantou de nada. Após um mês nesse clima frio e estranho, Changkyun resolveu descobrir o que estava acontecendo.

Logo após seu banho, Madeleine voltou para seu quarto e encontrou Changkyun deitado em sua cama mexendo no celular. Estranhando, perguntou:

— Sem contatinhos hoje?

— Hoje não. – Ele sorriu fraco. – E você?

— Já estou sem contatinhos há muito tempo. – Ela se deitou ao lado dele.

— Mas e aquele outro lá? Vocês pareciam tão bem.

— Ele me dispensou porque disse que não queria me "dividir" com ninguém, além do mais que ele deu a entender que doadores, principalmente mulheres, são prostitutas que querem dinheiro fácil. – Retrucou se encolhendo humilhada.

— Que cara estúpido! Como ele pode ter falado assim de você?! Estúpido. – Changkyun disse indignado. – Você é incrível demais pra ser tratada assim.

— Acontece, né... já estou acostumada com esse tipo de comentário...

Ele encarou-a triste e, apesar de querer fazer algo por ela, não há como controlar os pensamentos dos outros. Percebendo que ele a observava, ela passou a fitar o teto envergonhada. Assim o silêncio desconfortável se instalou novamente. De repente, Changkyun indagou num tom amuado:

— Por que você está me ignorando?

— Ah... eu não estou te... ignorando, nós quase não nos vimos esse mês. – Madeleine murmurou tentando esconder o constrangimento. – Nós estivemos bem ocupados esses últimos dias.

— Mas isso não impede a gente de conversar por mensagens ou coisa parecida. – Ele parecia inquieto. – Eu fiz alguma coisa? Te machuquei enquanto bebia o sangue? Disse alguma coisa que você não gostou?

— Não! Não... – Ela se virou para ele também agitada. – O problema não é você... bom, uh... você faz parte dele, mas quem está errada sou eu, eu que criei essa confusão toda na minha cabeça e pensei que daria certo, mas eu só piorei as coisas.

— Como assim? Me diz, por favor, eu não aguento mais essa situação.

— É que... eu gosto de você, okay? Muito mais do que um amigo. Mas quando eu via você saindo com aquelas pessoas, eu sabia que não tinha chance nenhuma com você e esse sentimento começou a me machucar tanto que pensei que te ignorando faria esse sentimento diminuir, mas teve o efeito contrário. Eu sinto falta de você todo dia, das nossas conversas, das suas risadas, o seu sorriso e você é o único que não me trata como se eu fosse uma bolsa de sangue ambulante, assim como até muito humanos fazem. – Então os olhos de Madeleine se tornaram brilhantes diamantes ao marejarem naquele quarto mal iluminado.

Apesar de estar surpreso, Changkyun retrucou:

— E você imagina o porquê de eu sair com toda aquela gente? Pra tentar tirar você da minha cabeça. Tudo o que eu quero é você comigo, mas eu achava que você só me via como um amigo, principalmente depois que você saiu com aquele babaca. Eu tentava achar você naquelas pessoas mesmo sabendo que não encontraria. Eu só quero você, Madeleine, só você e mais ninguém.

Madeleine encarou o homem atônita, sua boca abria, mas não conseguia proferir uma palavra sequer. Em seguida, Changkyun abraçou-a forte e sussurrou angustiado em seu ouvido:

— Eu me sinto tão sozinho sem você, nenhuma daquelas pessoas consegue preencher o seu lugar no meu coração porque ele é só seu...

Ela o abraçou de volta e respondeu ternamente:

— Não precisa ter medo, eu não vou a lugar algum sem você.

Quando se soltaram, Changkyun segurou o rosto da garota delicadamente e puxou-lhe para um beijo, e obviamente ela aceitou. O beijo foi lento, calmo e doce como mel. Após o ato, ele se pôs em cima de Madeleine e distribui selinhos por todo seu rosto, fazendo-lhe a sorrir sem jeito, enquanto ela acariciou o rosto dele como se fosse a mais delicada porcelana que já tivesse tocado. Madeleine admirou cada traço do moço e imediatamente puxou-o para lhe dar um selinho, o qual ele retribui com prazer. Ficaram nessa troca de carícias até que ela percebeu que os olhos do rapaz tomaram uma coloração escarlate.

— Você não está com fome? Já um tempo que não bebe. – Madeleine perguntou.

— Minha felicidade é tanta que nem lembrei disso. – Changkyun respondeu e sorriu maliciosamente. — Não preciso ter mais vergonha.

Ela empurrou-o de leve rindo.

— Descarado.

— Agora eu posso fazer uma coisa que sempre quis fazer.

Antes que Madeleine pudesse raciocinar o porquê, ele posicionou a cabeça na curvatura do pescoço dela e imediatamente chupou levemente a região, fazendo-a arrepiar dos pés à cabeça. Se satisfazendo com a reação da garota, continuou o ato devagarinho, alternando ocasionalmente os lugares, enquanto ela suspirava profundamente e amassava a camiseta dele aproveitando o momento. Quando Changkyun se afastou para poder olhar nos olhos de Madeleine, ela disse com as bochechas rosadas:

— Agora eu entendi por que você ficava enrolando tanto pra beber meu sangue.

— Queria aproveitar a oportunidade de estar pertinho de você. – Ele sorriu atrevido levantando de leve a sobrancelha.

— Bom, isso não é mais um problema. – Ela riu descarada.

Ambos acabaram rindo sem motivo, talvez por conta de não cair a ficha ainda de que aquilo era real, porém sabiam que dali para frente as coisas se tornariam muito mais interessantes.

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