Neve Quente (Volume 1)

Capítulo 7 - Encomenda

Mais uma manhã se iniciava na vila. Persin e Hágata estavam bem cansados das altas emoções do dia anterior, e decidiram descansar um pouco mais. Em resumo, ainda estavam dormindo.

Enquanto isso, Cestiali dormia tranquila em sua cama, até que.

-Hm? – A menina ainda não havia aberto seus olhos. Sentia algo em sua barriga, como se algo pequeno estivesse pulando em cima de si.

-Ué... – Era uma coisinha, um ser, estava saltando e escorregando em sua barriga. A cada pulo ele escorregava e caia na cama, segundos depois, a escalava e continuava o processo.

-K-Klen?

-Finalmente acordou. – Respondeu a Florzinha.

-O-o que tá fazendo? – Perguntou a menina, toda descabelada.

-Te acordando, ué. – Disse em seu tom seco.

-Mas é... nossa já é onze da manhã.

-É, e estou com fome.

-Bem, ok, vou lá pegar algo para você.

Cestiali se levanta meio bamba, tentando se fixar no chão. Klen então de repente começa a girar seu chapéu de flor, mesmo sem tocar nele, pouco tempo depois, já estava flutuando.

-Você voa?!

-Sim.

-Por que nunca me disse isso?! – Indagou.

-Você nunca perguntou.

-Realmente. – Pôs a mão em seu queixo e olho para baixo.

Foram ao banheiro fazer a higiene. A primeira coisa que Cestiali fez foi se aproximar do espelho e tentar ver detalhadamente seu rosto. Abria-o e tirava uma remela enorme.

-Que nojo. – Diz Klen, que de repente, fica sobre a pia, e começa a exibir suas perninhas.

-VOCÊ TEM PERNAS? – Exclamou Cestiali, que até o momento, só havia visto uma menininha com vestido e que flutuava.

Eram pernas esquisitas. Não havia pés, eram apenas grandes perninhas finas e num formato de cone, que estavam cobertos por uma meia-calça branca.

-Tenho, você também tem.

-Você é muito surpreendente. – Diz a menina, olhando mais de perto. – São tão fofinhas. Parecem uns guarda-chuvinhas. – E a mesma cutucava as pernoquinhas de Klen, que ficava nitidamente irritada.

-E-EI, PARA COM ISSO!

(...)

-Eu tô com fome. – Cestiali e Klen já haviam feito sua higiene, e foram para a cozinha.

-Ok, vou fazer um café para você.

-Eu não bebo café. – Respondeu.

-Não? Bebe o que então?

-Água.

-S-só? – Indagou confusa, coçando a cabeça.

-Queria que eu bebesse mais o que?

-Verdade, as vezes esqueço que você veio da floresta. – Cestiali ia até o armário, e pegava um saco de arroz. – Deixa só eu adiantar aqui o almoço, que já tá tarde.

-Vai rápido. – Respondeu com sua secura.

-Ai, calma! – Foi com pressa e botou os grãos em uma panela, após isso, encheu de água e esperou alguns segundos. Logo depois, foi os mexendo com uma colher, deixando a água ficar mais esbranquiçada.

Klen começou a olhar a água mudando de cor e se clareando, então ao ver a moça indo despejar a água fora, gritou.

-NÃO JOGA FORA!