Secrets

Capitulo 1- Nova vida

Estava tudo muito confuso, e essa confusão só me deixava com uma certeza.

Flashback ON

- MICAELA- minha irmã grita, chamando minha atenção- Você sempre está no mundo da lua né menina?- eu reviro os olhos- Que tal a gente ver um filme?- ela pergunta se sentando ao meu lado.

- EU TOPO, vai ser de natal – falo antes que ela me interrompe e já me levanto para fazer a pipoca.

Minha irmã odeia filmes de natal, mas ela assiste comigo sempre que eu peço, desde pequena sempre fui apaixonada pelo natal, diferente da minha família que nunca comemorou, as vezes me pego pensando que talvez eu não faça parte disso. NA VERDADE EU NÃO FAÇO PARTE DISSO. Que besteira de pensamento, eles são minha família, mas nunca quero ser como eles, vejo eles se perdendo cada vez mais e isso me tira a paz.

Olho pela cozinha a procura da pipoqueira, o piso frio incomoda meus pés, e sinto um arrepio pelo corpo.

-Micaela minha filha- me assusto com a voz de minha mãe- Calma, o que está fazendo essas horas acordada?- olho para o relógio e já passa da 1 da manhã, me surpreendo em nem ter visto as horas passar ao lado de Amélia, ficamos conversando e se divertindo a tarde inteira.

-Você me assustou, sempre tão quieta- abro o armário em busca dos ingredientes- Vou ver um filme com Amélia, nem tinha notado que já estava tão tarde, mas lhe prometo que já vamos dormir- ela me olha com um olhar duvidoso, e pega um copo de água.

- Tudo bem, divirtam-se- ela vem em minha direção e me da um beijo na testa- Mas sua irmã tem que descansar, o dia vai ser longo para ela- novamente sinto aquele arrepio pelo corpo, e fico pensativa vendo minha mãe saindo da cozinha.

Volto para o quarto, e Amélia está vendo nossas fotos que está na minha parede, com um olhar longe, e me pego olhando para nossas diferenças um tanto quanto evidente.

-Micaela, você já está no mundo da lua de novo- ela ri- Vamos, traz logo a pipoca- vou até ela, e ela agarra o balde de pipoca das minhas mãos- Sério Mimi, sua pipoca é sensacional, mesmo usando um pipoqueiro, não sei explicar, ela parece aquelas de cinema, mas dez milhões de vezes melhor- ela diz enchendo a boca – mas não vai se achando não.

-Não estou me achando, eu sei que ela é sensacional- com um sorriso no rosto arranco o balde de seu colo- mas você tem que dividir comigo- ela me olha com cara feia.

Pego o controle e vou logo procurando um filme de natal.

-Sabe mimi, eu ainda não entendo por que gosta tanto de filmes natalinos, são sempre previsíveis- ela diz pensativa- Mas seria bom né... - ela faz uma pausa, esperando que eu olhe para ela, e assim eu faço- ... Prever sabe? .... o que vai acontecer de nossas vidas.

Flashback off

Meu coração está acelerado, e meu olhos se enchem de lágrimas com essas lembranças, olho para o relógio e vejo que já está quase na hora de amanhecer, e se eu quiser mudar a minha história, eu preciso fazer isso agora, minha única certeza!

Pego minha mochila e olho para meu quarto uma última vez, meus pais estão fora de casa esses dias, então é a hora perfeita para fazer isso, entro no escritório de meu pai, ele confiava muito em mim, e me deixava cuidar da parte financeira de tudo, não era algo de que me orgulhava, mas sempre quis fazer uma faculdade e ter meu próprio negócio, e como não era muito o plano deles para mim, tive que me adaptar. Abro o cofre dele, e pego uma boa quantia, acho que dá para começar a vida com isso, uma mistura de angústia e medo tomam conta de mim.

Fecho os olhos por um instante, e me sento no chão. Eu me sinto cansada, mas preciso me levantar, e seguir em frente, coloco o dinheiro na mochila e me levanto, escuto um barulho de carro e olho de relance para janela, e isso já foi o suficiente para eu ver o carro laranja chamativo de meu pai, eu gelo. Coloco minha mão no bolso, e agarro minha passagem, respiro fundo, e saio correndo sem olhar para trás, saio pelas portas do fundo, não sei se ouvi a voz de meus pais me chamando ou só estava alucinando dentro de tantas emoções, mas não hesitei por nenhum segundo, olho para o relógio  do meu celular uma última vez, antes de destruí-lo,  e percebo que estou atrasada, jogo ele bem longe, com todas as lembras e memórias que ele carrega.

Chego ofegante na estação, todos me olham com um olhar estranho, como se soubessem do meu segredo, procuro algum olhar conhecido no meio da multidão, e não encontro, o que é um alívio, estou perdida, a tantos caminhos, me deparo com um senhor idoso que esta guiando uma criança, corro até ele.

-Com licença, senhor você sabe onde fica o ônibus com destino a Los Angeles?