Notas da Autora
Olá! Agora eu juro pra vocês, essa aqui é uma das minhas queridinhas, foi muito divertido escrever IDMT, e eu vejo um pouco de graça quando me lembro dela :D
Como eu já tinha mencionado na publicação pioneira - que no caso, se deu no SS - a inspiração pra essa one veio numa madrugada ouvindo Lo-Fi de Swing beats, em especial numa música de nome similar "It don't mean a thing", composição original de Duke Ellington com letras de Irving Mills, na voz de Ella Fitzgerald. Links nas notas finais.
Boa leitura!
I don't mean a thing
Capítulo único - If It Ain't Got That Swing
O som do botequim era ouvido do fim da rua até a próxima esquina do Grant Park [1], e mesmo assim ninguém ali realmente dava a mínima – era sexta a noite, do que poderiam reclamar? – o som dos copos se chocando em brindes, o saxofone e o clarinete assobiavam um blues portentoso. Chicago comia, vivia e respirava jazz.
Seus pés iam de um lado para o outro em um Solo Charleston [2] desgovernado que atraiu a atenção das pessoas ao redor, pouco a pouco todos se reuniam em volta dele – em partes, reconhecendo de relance aqueles cabelos ruivos e jinga ventral inconfundível – para vê-lo ir em todas as direções do semicírculo, mexendo os pés e a cintura ao som do cantarolar de Luna Hugstein, o belo canarinho que assoprava a música naquela noite geladinha de Chicago. Seus braços iam animados até em cima da cabeça, para logo depois se posicionarem atrás de seu corpo, impulsionando-o em um animado giro. Suava comicidade pura, o swing fluía de dentro para fora em seu corpo. Arriscou um tap [3] arteiro quando viu o baixo entrar junto com o tamborilar de seu amigo Li no piano, animado – em uma sinfonia que ninguém saberia dizer bem, mas que encaixava com boniteza com o trompete ao fundo.
No meio daquela loucura, ele – que estava bem escondidinho atrás do balcão tomando sua terceira dose tripla de whisky – veio em um andar comedido (estava demorando até!); surgindo da multidão que gritava a cada passo que dava no meio da roda. Esticando os braços, o recém-chegado o convidava airoso com aquele sorriso sacana. Riu junto, começando a se aproximar lentamente, ao mesmo tempo em que He Tian entrava no círculo – a plateia uivou ansiosa pelo contato de pele – as mulheres pareciam miar gritos, querendo que aquelas mãos se entrelaçassem. Não demorou muito para o moreno puxá-lo pelo cotovelo com a mão esquerda, enlaçando a cintura do ruivo com a direta, os pés começando o movimento conhecido de ziguezague a partir do rock step [4]. He Tian o provocava com aquela dancinha aleatória enquanto ainda estava grudado em seu corpo, fazendo seus torsos se roçarem a cada mínimo movimento. Shan riu alto, enlaçando seus braços ao redor do pescoço dele, imitando seus passinhos pretenciosos.
He Tian aproveitou sua mão naquela cintura e deu uma amostra de seu vigor, rodopiando aquele corpo esguio, segurando sua mão, fazendo ir para frente – para depois puxá-lo, com a mão que ainda o segurava, para o mesmo lugar que estava antes: coladinho ao seu corpo. De Charleston a um animado trabalho de pés com Collegiate Shag [5]. Suavam. Dançavam. Riam. E o povo na roda ia ao delírio com aqueles dois – o puro vareio da farra – que todas as sextas-feiras, depois de um dia intenso no Journal D. City programando a próxima manchete, iam até o Lindy Happy Hop tirar graça daquele vilela charlatona. A rotina comum das sextas que todos esperavam ansiosamente. Eles mais riam do que dançavam, mas conseguiam imergir todo pessoal do salão numa sinergia pura de adrenalina e vontade de mexer o corpo.
Eles flutuavam, juntos e separados, no meio do salão – apesar dos expectadores preferirem vê-los agarradinhos em um Balboa mais sensual ou um Lindy Hop [6] enérgico; quando misturavam todos os estilos em uma dança só, num negócio que não podia ser definido nem de longe, era danado de gostoso.
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I don't mean a thing
Fanfiction{Tianshan} . {UA} O amor estava ali, no hall do salão de jazz lotado. No verão pacífico de uma sexta-feira à noite, em 1934. E Mo Guan Shan jurou de pés juntos naquele instante, que não havia coisa mais gostosa no mundo do que a sensação de estar ap...