"A Tentativa"

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23 de Dezembro, 1978

O tempo passou rápido, mas doloroso. 

Quatro anos desde que fui raptada, torturada diariamente, treinada exaustivamente, deixada com fome e suja, treinando outros agentes e matando. Puxando o gatilho todas as semanas.

A única parte boa era dormir no chão da cela e parar de viver conscientemente. E claro, Bucky.

Bucky.

Não suporto ver ele como Soldado Invernal, ou fora do ar. A HYDRA infelizmente percebeu uma alteração de humor e comportamento, relacionando isso com minha presença.

Desde nossa missão em Florença, quatro anos atrás, eles me colocam acorrentada a alguns metros de Bucky vendo ele gritar e perder a consciência. Não que isso nos impeça de termos momentos de alegria em missões ou treinos. Ele não me escuta, mas pedi para pararmos. Não suporto vê-lo sofrer por minha causa. 

Mas enfim, estou feliz que não tenhamos parado. Somos tudo um para o outro. 

Eu fico indignada que após cada missão ou dia mais intenso nas instalações da HYDRA, me torturam. Não importam o quão perfeita tenho sido, ou ele. Fazem isso com ele com menos frequência devido as décadas desse ciclo vicioso e a probabilidade de exaustão mental.

Após quatro anos, estamos indo pela milésima vez à Bucareste. 

- Alvos? - E lá vem aquele parasita falar comigo. 

- Catarina e Lance Brook. - Evito olhar para o Soldado Invernal. - Imigrantes. Um casal americano donos de um laboratório farmacêutico. 

O carro acelerou e depois brecou. 

Meu dedo encontra o gatilho de uma arma tranquilizante. Nesses últimos anos convenci a HYDRA a usar este tipo de abordagem na maioria das missões, argumentando que temos que ter reféns às vezes para destruir um império de dentro para fora, por isso tenho revólveres adaptados para as cápsulas com o líquido.

- Ah não... - Bucky passa a mão na têmpora e balança a cabeça.

- Olá. - Solto a arma e sorrio. - Como está a cabeça?

- Dolorida... E você? Como está? - Com a dosagem de choques mais alta, sua cabeça reage sempre que sai do transe. E como sempre, morre de medo de ter me machucado. 

- Me sinto ofendida toda vez que você pergunta isso. - Sorrio e passo os dedos por sua têmpora.

Ele me olha assustado. Seu medo de me magoar ou qualquer coisa do gênero é devastador. 

- Não, não de verdade. - Dou uma risada. - É só força de expressão.

Ele abre um sorriso e balança a cabeça. Seus olhos brilham toda vez que eu demonstro felicidade.

- Acho melhor você voltar a dirigir. - Aceno com a cabeça para a estrada vazia. Bucky olha para a situação e, em três semanas seguidas, solta uma de suas risadas sonoras e gostosas. 

- Você tem razão. - Seus dedos pegam um elástico que está preso no câmbio e amarra parte do cabelo em um coque. 

O carro continua normalmente sem trancos ou olhares estranhos.

- Onde vamos ficar? - Bucky apoia uma mão em minha perna, causando arrepios. 

- Pensando em quebrar mais uma parede?

- Não acredito que voltamos lá este ano, quatro anos depois, e ainda não consertaram a parede...

- E nós conseguimos piorar ainda mais...

Cavaleira das Trevas • Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora