Prior bom é Prior... morto?!

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Mas algo aconteceu:

Você lembra que estávamos no chão e, de repente, ele tomou forma e se elevou às alturas? Pois bem, não só ficou de pé, seja lá o que fosse, como começou a andar muito rapidamente.

Tive de me agarrar ao braço de Daymon e, com muito esforço, manter-me perto dele. Tudo começou a tremer como se eu fosse um chaveiro num molho de chaves pendurado na roda de uma bicicleta em queda livre.

Quando a criatura gigante parou de correr e o mundo de girar, pude respirar novamente. Olhei para cima e notei estar de noite, também fazia muito frio e neve cobria quase todo o meu campo de visão.

Já não tinha mais árvores, coliseus, montanhas.

— Bem-vindos.

A coisa falou e sua voz parecia a de uma criança.

Será que se eu falasse que não me sentia muito bem vindo, a coisa ia ficar brava comigo?

Enfim, bem vindos a quê? Pensei e revirei os olhos, já estava ficando puto. Nada de Major, nem de Mel, nem de ninguém. Só Daymon! Espera...

— Vai ficar aí parado?

Vai ficar aí parado, mimimi.

— Só estava olhando uma última vez.

Entrámos na caverna-ombro daquela coisa gigante que agora falava conosco. Seu nome era Oçivres, o grande gigante de pedra das terras distante do planeta esquecido de sei lá quem. Não prestei muita atenção, Daymon também não. Ele estava mais quieto e parecia tocar e olhar para tudo, fazer anotações mentais e voltar a se perder nos próprios pensamentos.

Eu poderia muito bem ajudar. Ele pensa que não vi aquela parede chapiscada? Ou aqueles galhos irregularmente quebrados? Como se tivessem sido usados como arma para bater em algo?.

De repente, a temperatura caiu ainda mais, me peguei rangendo os dentes e esfregando os ombros com frequência. Estávamos descendo, em vez de subir, pois Oçivres nos guiava.

Perguntei se podia ligar o aquecedor e ouvi suas desculpas. Gigante educado. Daymon sem dizer muita coisa se aproximou e me cobriu com sua jaqueta, mas logo recusei. Ele também sentiria frio e não seria nada útil só um de nós vivos. Concordamos então em andarmos próximos ou, em umas partes mais íngremes do caminho, em deixá-lo me carregar nas costas.

*Eu aproveitava e tirava umas lasquinhas. Vez ou outra tocava-o na orelha ou embaixo do nariz.

Mesmo assim, Daymon mantinha-se alerta e quieto. Seus olhos percorriam todo o ambiente mal iluminado, viscoso e cheio de pedras e vinhas.

Cada vez mais baixo, cada vez mais frio e cada vez mais úmido. Certamente havia uma grande concentração de água e Daymon logo implicou que de lá vinha a pouca iluminação.

Acabou que ele tinha razão, chegamos no fundo e ali tinha um enorme lago cujas águas cristalinas emitiam luz tão brilhante quanto.

Escondi o rosto atrás de Daymon.

Oçivres anunciou:

Vocês alcançaram o destino final, beba desta água e tenham um vislumbre daquilo que mais precisa no momento.

Olha, fonte. Eu sei bem do que preciso no momento, que tal uma juventudezinha ou, quem sabe, algumas pistas do futuro?

Bebe logo!

Bebo, né. Tinha um gigante gritando comigo. Daymon já tinha tomado a sua porção e ficou ainda mais na dele.

Eu estava curioso para saber o que ele havia descoberto e porque aquele gato maldito não foi com a minha cara, qual é! Eu sou o Prior!

Primon:  Uma Odisséia no espaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora