Capítulo 37

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Escandinávia — Outono, Outubro de 835 d.C.

A viagem durara três meses, Bjorn seguira na direção oeste saqueando a costa do Reino Franco, para então virar na direção norte, chegaram ao final da primavera, a melhor época para navegar explicara o viking.

Ibrahim fora recebido com toda honra por Ragnar Lodbrock, o pai de Bjorn, ao ser informado de que ele fora pupilo de Yusuf, o pai de Brunilde, a Rompe Tormentas, como ela era conhecida na Escandinávia.

Fora alojado em uma casa em Kattegat, com um casal de escravos para servi-lo. O clima no local era frio, a comida era estranha e os hábitos locais ainda mais. Se não fosse pelas longas conversas que tivera com sua amada a qual lhe ensinara sobre seus costumes, ele estaria ainda mais deslocado.

Sentia uma saudade atroz de Brunilde, mas resolveu aproveitar a chance de aprimorar seu conhecimento na língua e cultura nórdica. Maktub, estava escrito que ele tinha que passar por aquela prova.

Por isso logo fizera amizade com o sacerdote e curandeiro local aprendendo sobre suas técnicas, conheceu a tradição oral das sagas heroicas, aprendeu sobre metalurgia e a construção das incríveis galeras vikings.

Cinco meses depois de ter aportado em Kattegat uma esquadra chegou ao local. Para sua surpresa era Haestin, o líder guerreiro que quisera sacrificá-lo e que parara na capital de Ragnar em sua viagem de volta ao lar.

Durante o banquete que Ragnar ofereceu, Haestin o avistou e fechou a fisionomia, claramente se recordando da interferência de Bjorn que o impedira de sacrificá-lo mas ao perceber que o muçulmano sentava-se na mesa de Ragnar nada disse.

Enquanto guerreiros rudes bebiam e comiam Ibrahim ouviu sobre a derrota que Haestin sofrera em uma cidade cristã de nome Santander. Que haviam saqueado o local, mas foram surpreendidos por cavaleiros cristãos.

O viking contou sobre as riquezas da região e que pretendia formar uma grande esquadra para saqueá-la. Ragnar recordou o que ouvira de Varda, a tia de Brunilde, que contara que Al-Andalus, no sul da Hispânia era ainda mais rica.

Tanto ele como seu filho Bjorn se interessaram na excursão proposta por Haestin, em certo momento este, se virou e apontou sua caneca para o jovem.

— Veja este prisioneiro que Bjorn poupou de ser sacrificado, se não fosse por Brunilde ele estaria morto há muito tempo, qualquer garoto nosso pode derrota-lo em combate facilmente – disse com desprezo.

Ibrahim sentiu o rosto arder de raiva e vergonha ouvindo as gargalhadas dos guerreiros.

— Eu posso não ser um guerreiro, mas há muitos outros que são tão bons e corajosos como vocês! – respondeu elevando o tom de voz – Por exemplo, minha própria irmã, ela é uma guerreira de renome, tanto que derrotou Brunilde, a Rompe Tormentas.

Um silêncio pesado desceu no salão, mas foi quebrado por Ragnar que gargalhou.

— Ele pode não ser um guerreiro – disse apontando o dedo lar Ibrahim – Mas foi pupilo de Yusuf, que todos em Kattegat conhecem, além de ter conquistado o amor de Brunilde, ou seja, ele tem seu valor.

Em seguida Ragnar encheu a caneca de Ibrahim com cerveja e ergueu a sua.

— Por isso brindo a você Ibrahim! – gritou e entornou seu copo, esperando que o jovem fizesse o mesmo.

Ibrahim para não ser descortês tocou os lábios em sua caneca, mas sem ingerir a bebida alcoólica.

— Skol! – gritou Ragnar satisfeito.

— Skol! – gritaram todos os guerreiros erguendo suas canecas e entornando-as. 

A GUERREIRA INDOMÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora